Chegado o domingo tão
desejado pela jovem e crente Rosilda, está aguardava apreensiva pela
chegada da noite, quando o seu amado viria em seu encontro para ambos assim
seguirem em direção ao culto.
A ensolarada tarde, dava ares
de sucumbir pela chegada da noite, pois o sol já escondera por detrás da serra
calcária que delimitava a cidade pelo seu lado oeste. Rosilda de banho tomado
escolhia uma roupa entre o seu singelo e parco vestuário, com o evidente escopo
de embelezar-se para o homem de sua vida. A escolher o vestido azul com
bolinhas brancas o colocara sobre a cama, alcançando uma escova sobre a velha
penteadeira, cujo espelho a muito se encontrava quebrado somente sendo seguro
pela sua moldura de madeira.
A jovem sentou-se na cama ao
lado do vestido e olhando-se no espelho trincado de sua penteadeira, procurando
a parte menos danificada do mesmo, colocou-se a escovar suas negras e longas
madeixas pensando consigo mesma que se o seu amado iria acha-la bonita.
Em cima da mesma penteadeira,
estava seu “Novo Testamento”, que de novo mesmo somente era o nome pois o livro
dito sagrado de tanto manuseio estava com algumas páginas a se soltar e a capa
amarrotada pelo uso excessivo. Rosilda tentou alcança-lo e ele escapando dos
seus delicados dedos caiu aberto no piso do seu quarto, na pagina do sermão da
montanha, onde ela ao alcançá-lo pode ler o versículo que dizia “bem
aventurados os que têm sede de Justiça, pois serão saciados.”
A jovem mulher, leu
com atenção redobrada o versículo e na solidão do seu quarto mergulhou em seus
pensamentos acreditando que o seu Salvador estaria falando com ela naquele
momento.
Foi quando o silêncio
do seu quarto fora quebrado pela voz de sua genitora que com seu jeito simples
e caboclada anunciava a chegada do seu amado.
_ Rosirda, seu
namorado chegô!!! – Disse a velha senhora para sua filha que ainda estava em
seu humilde quarto.
_Tá lá fora do portão
te esperando, sentado no cepo. – Completou a velha.
Rosilda procurou se
apressar em terminar de arrumar-se, pois logo entraria na Igreja de braços dado
com seu amado, como sempre sonhara, havia chegado a hora de mostrar para os
seus amigos e conhecidos fiéis irmãos como ela afirmava, que seu amado logo
estaria entre eles, para os cultos de adoração a Jesus o Salvador. Ela iria
conseguir sua confirmação, sua conversão e até seu batismo pelo Espírito Santo,
e ele que sempre havia estado distante acabaria aceitando Jesus como seu
Salvador.
Com pressa alcançou
sua Bíblia e o hinário que estava sob a penteadeira, e dirigiu-se para fora da
casa em direção a rua, onde avistara seu amado sentado no banquinho de tábuas
fixo em frente de sua casa ao lado do seu portão. Banco este onde trocavam
constantes juras de amor.
O jovem Tião vestia
uma camisa branca e uma calça de brim do tipo “jeans”, porém calçava uma
botina, destas muito usadas no meio rural, porém impecavelmente limpa e
engraxada, e quando viu sua amada apontando no portão toda arrumada e perfumada,
abriu um grande sorriso de alegria e admiração.
_Vamô mué, não vai
querer chegar tarde no curto! – Falou Tião a sua amada, que muito vinha insistindo para que ele a
acompanhasse a Igreja.
Rosilda se aproximou
de Tião colocando seus braços em torno do seu pescoço em seguida desferindo-lhe
um beijo selando assim seu amor e sua gratidão pelo namorado. Ambos deram as
mãos e caminharam em direção a Igreja.
À tarde ensolarada do
belo Estado Matogrossense ia dando lugar a noite que se aproximava. O Sol já
havia escondido por detrás da serra, e começava a aparecer algumas estrelas
naquele azul infinito límpido e sem nuvens que marcava o período das secas.
Os últimos pássaros
já haviam se escondidos entre as grandes mangueiras muitos frequentes nos
quintais. Agora o que via voando no céu ziguezagueando de um lado para outro em
busca de insetos eram os grandes morcegos. Outras espécies voavam em torno das
árvores frutíferas em busca de um suculento fruto. Mariposas começavam a surgir
buscando a luminosidade das luzes dos parcos postes existentes por ali e das
que vinham das casas que ainda estava de portas abertas.
Algumas crianças
ainda corriam pelas ruas sem pavimentação e esburacadas daquele bairro pobre.
Era pega pega, pique salvo, alguns ainda insistiam em correr atrás de uma bola
até quando a enxergassem. Risos e nomes feios se entremeavam em algazarras.
Por outro lado, as
meninas que com suas cantigas de rodas se divertiam nas calçadas longe da
agitação dos meninos. Tudo aquilo era bonito para Tião, que teve uma infância
diferenciada, distantes de amigos e dos piques esconde. Sua diversão consistia
em correr entre as árvores, pescar e nadar no Arinos e nos demais córregos e
sangas de sua região.
Subir em árvores,
caçar de espera nos “puleiros”[1] e
acompanhar seu saudoso pai nas caçadas de catetos e queixadas em companhia da
“guaipeca”[2] Futrica,
sua cachorra de estimação. Ele lembrava do seu pai, quando alguém perguntava a
raça da cachorra, ele respondia com o ar de matreiro e de deboche que era
“guaivira”, cruzamento de “guaipeca” com vira lata.
Assim foi caminhando
o jovem casal de braços dados em direção a Igreja, felizes e apaixonados.
CONTINUA.......
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