E
assim os dias iam passando, levando Tião tomar coragem e ir ter com Sebastião
pai de Rosilda, para reportar suas sinceras intenções com a Jovem e crente
mulher. Obtendo do genitor da jovem pretendida sua indispensável anuência, já
que a filha como evangélica o respeitava muito.
Daquele momento em diante,
Tião e Rosilda começaram a sair juntos nos dias de folgas, domingos e feriados,
quando passeavam de mãos dadas pelas ruelas da pequena e antiga Rosário do
Oeste.
Algumas dessas ocasiões,
Tião chegara a acompanhar Rosilda até a sua Igreja, juntamente com seus
familiares porém nunca entrara em seu recinto para participar dos cultos.
Já havia passado alguns meses do início do namoro
entre Tião e Rosilda. Em uma noite qualquer esta insistiu que ele a acompanhasse a
culto do final de semana, pois haveria visitando a Igreja um pastor vindo do
Grande Templo localizado na Capital do Estado a belíssima Cuiabá.
Tião relutava muito em frequentar qualquer culto, bem porque seu objetivo ainda era a tão almejada
vingança. Vingança esta que desde que saíra de Porto dos Gaúchos vinha
alimentando dentro do seu coração. Seu coração agora estava dividido entre o ódio e a sede de
vingança que ainda trazia em seu peito pelo amor de uma jovem mulher.
O jovem rapaz, agora próximo
de sua maioridade, não queria perder o amor de Rosilda, seu desejo era de
tê-la como mulher e mãe de seus filhos, e isto estaria em seus planos futuros,
após cumprir o seu juramento feito na memória do seu assassinado pai.
Então disse Tião a insistente
Rosilda:
_Tá bem Rosilda, vou pensá e
até o finar de semana decido se vô ou não na Igreja. – Acariciando os negros e
longos cabelo da Jovem mulher que o fitava com os seus esperançosos olhinhos.
Naquela noite tendo perdido o
seu sono, Tião sentara em frente do Posto onde trabalhava, e, conversando com
seu amigo Pedro, achou um disfarçado jeito de lhe fazer uma pergunta.
_Veio, ocê por um acaso
conhece ou já ouviu falá de uns home chamado Tião Bigode e Edi Bala?! Diz que
moram aqui nesta região de Rosário?
Pedro olhou para Tião com o
olhar interrogativo e sem seguida perguntou:
_O que ocê qué com estas duas
cobras!?! Ocê conhece eles minino? Indagou o Velho a Tião.
_Não Véio. Só de ouvi fala.
Ah bom! Exclamou o Velho
dirigindo-se a Tião.
_Minino bom como ocê não
carece ter amizade ou anda com aquela gente. Aqueles não vale nada, já matou
muito pai de famia a troco de dinheiro. Disse o Velho alertando seu amigo.
Tião com o propósito de
disfarçar as intenções de sua indagação, foi logo falando para o Velho Pedro:
_É que quando vim para cá
ouvi fala da fama deles dentro do ônibus e fiquei curioso, é só isso.
Pedro então vendo a
curiosidade de Tião, foi logo contando do paradeiro de ambos elementos, muito
conhecidos naquelas paragens por suas atrocidades, confirmando também o que
lhes contara os dois bêbados lá no boteco do Julinho ainda na Vila do Sapecado
onde trabalhara após o assassinato do seu pai Zé Chico. Disse Pedro ao seu
interlocutor:
_O tar Edi Bala, virou
crente, e vive por aí com a rapadura em baixo do braço, gritando Glória a Jesus...aleluia
para os tontos ouvi. Eu que não confio naquele urutu! – Completou Pedro com sua desconfiança da conversão de Edi
e sua busca desenfreada pelo Salvador.
_E tem mais minino, o bicho é
veaco, só virô crente prá mode não morre matado e escondê o seu sujo passado. –
Continuou o Velho a falar respondendo as
indagações de Tião, que atentamente lhe ouvia.
_Já o Bigode! Aquele não
carece de esconde nada, faiz questão de mostrá que continua ruim, e sempre
disposto a ganhá um dinheiro pra mode matá algum pobre infeliz... Vive na zona!
Cercado de Puta! É que nem garimpeiro, gasta tudo o que ganha no puteiro! Falou
o velho referindo-se ao outro personagem que lhe indagara Tião no início de sua
prosa.
_Verdade!?! – Perguntou-lhe
Tião com o semblante disfarçado de surpresa, como ainda não soubesse dessa
informação.
_Mais aonde é esta zona Véio,
que todo mundo fala e eu ainda não sei onde fica. – Foi perguntando Tião ao seu
informante, que em seguida a com ar de galhofa fora lhe respondendo:
_Ué minino Tião! Tá muito
interessado donde fica a Zona. Tá a fim de afogá o ganso, tirá o caboja e
trocá o óio!?!
_Que nada Véio! Bem que eu
queria ter dinheiro prá uma putiada de vêz em quando! – Disse lhe Tião,
querendo maquiar com sátira sua verdadeira intenção.
O velho rindo da resposta
obtida de Tião, foi logo indicando aonde era o bordel que Tião Bigode,
costumava frequentar.
_O puteiro fica lá pra outra
banda da cidade, indo em direção do Cuiabazão, bem no finar da rua. Disse o
velho referindo-se ao Rio Cuiabá que também fica próximo à cidade de Rosário do
Oeste.
_A casa é parte de madeira e
outra de tijolo, antiga e sem tinta e com luz colorida. – Continuou relatando o Velho a
Tião, que o ouvia atentamente.
A conversa ia animada, quando
Tião bocejou de sono provocando o bocejo de seu amigo, que naquele momento
alcançara uma velha garrafa térmica de café, abrindo-a e servindo café em sua
tampa, e antes de beber ofereceu a Tião, que recusando disse em seguida:
_Não Véio, brigadu mais já é
tarde e eu vou indo dormi. Se tomar café agora eu vou perde o sono. Boa Noite
Véio! Disse Tião ao seu amigo, que em seguida respondeu:
_Boa noite não minino, já
passa das duas, daqui a pouco já é bom dia!
_É o tempo passou e nóis nem
vimo. – Disse lhe Tião enquanto caminhava em direção ao seu cômodo, existente ao
fundo da borracharia.
As noites matogrossense
costumavam ser quentes, porém naquela época de junho a agosto, era fria e
seca, e o vento trazia um forte cheiro de fumaça das diversas queimadas muito frequentes naquela época do ano.
Porém aquele noite somente
havia um doce perfume oriundo das flores existente nos jardins das casas da
vizinhança, que vez ou outra o vento trazia como uma dádiva da noite. Os galos
começavam a querer ensaiar seus cantos em uma afinada e matutina melodia.
Tião então adentrou em seu pequeno
quarto, sentando-se em sua cama, levantou parte do seu colchão de espuma
enfiando sua mão entre ele e a tábua da cama alcançando o velho revólver trinta
e oito que trouxera contigo em sua bagagem.
Empunhou a arma desmuniciada,
olhando-a fixamente apontou-a em direção a parede em um alvo imaginário
apertando repetidamente o gatilho e fazendo com a boca o som dos também
imaginários disparos.
_Tau!..Tau!..Tau!...
Em seguida guardou o revolver
no local que anteriormente estava deitando-se para dormir.
CONTINUA.....
muitos amigos estão reclamando que não consegue fazer comentários no blog. Então estou fazendo um texte.
ResponderExcluir