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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CAÇANDO PACA. (FOI ASSIM QUE ME CONTARAM.)

De caçador a caçado.


Um conhecido meu, me contou recentemente que em uma certa ocasião, fizera um poleiro(1) próximo a um pé de Tucumã(2), onde estava caindo seus frutos (cocos), e assim freqüentados pelas Pacas que muito aprecia está iguaria.

Montou seu jirau(3) não muito alto e lá acomodando-se a espera de sua almejada caça. Não demorou muito para escutar o ruído do caminhar do roedor saltitando sobre a cobertura de folhas secas que se acomodava no chão da floresta, que aos poucos ia aproximando acobertado pela escuridão da noite, em busca dos suculentos cocos ao pé do Tucumã.

O nosso personagem, ficou imóvel a espera de sua caça, com uma das mãos segurava firmemente sua espingarda cartucheira calibre 32 e com a outra o farolete, pronto para ser aceso em direção do animal que certamente iria se colocar sob sua mira para saborear os cocos maduros caídos naquele local.

Enquanto esperava pacientemente pela caça, ouvindo o ruído de seu caminhar pela mata, o caçador imaginava como iria prepará-la, se a fritaria como de costume ou a assaria. Sua boca inundava de saliva só de pensar naquela saborosa iguaria muito apreciada pelos caboclos e sertanejos de quase toda região deste imenso Brasil.

Quando o ruído do caminhar do bicho cessou, sendo substituído pelo peculiar barulho que o animal faz ao roer o coco, o caçador viu que era o momento ideal de acender seu farolete, focando a caça nos olhos para em seguida disparar sua arma. Poou!!!... O tiro ecoou pela floresta, seguido do cheiro de pólvora e do silêncio profundo da noite.

O caçador conseguira seu intento, e a caça fora abatida. Porém quando ensaiava para descer do poleiro, escuta novo ruído de um caminhar sutil sobre as folhas secas no chão, que também vinham em direção a ele. Pensou o caçador, que aquela noite seria de sorte, pois não somente levaria uma Paca para sua casa, porém duas, e as fritando com muita banha teria mistura para toda aquela semana.

Permaneceu imóvel no poleiro a espera da segunda caça que em sua direção se movia, porém aquele ruído sutil, não parecia ser o feito pelo caminhar do roedor, muito conhecido daqueles que caçam em esperas embrenhados na mata e acobertados pelo manto da noite. Estes aprenderam a conhecer o animal somente pelo ruído de seu caminhar sobre folhas secas acomodadas no chão da floresta.

Sua experiência de velho caçador naquele momento o deixara pouco confuso, e este indagara em pensamento e consigo mesmo: - Seria outra Paca???

Esta caça porém vinha de outro lado donde estava trepado, o que o impedia de focar sem comprometer o seu tiro, pois a pequena árvore onde amarrara o seu poleiro o impedia de ter uma boa mira. Isto o levou a permanecer imóvel, pois momento antes havia substituído o cartucho de sua espingarda por outro carregado. Agora só restava ao caçador escutar até que a caça se colocasse no local adequando para ser abatida.

Aguçando seu ouvido o caçador pode notar que a caça, dirigiu-se em direção de onde estava empoleirado, se posicionando bem abaixo do caçador, o que também lhe impedia em atirar, já que seu poleiro não era muito distante do chão. Pacientemente o caçador aguardava o momento certo para abater sua caça, permanecendo imóvel para não espantá-la.

O frescor da noite trazia um suave perfume de flores, que entrava pelas narinas do caçador acobertado pela escuridão da noite sem luar. Foi quando sentiu que o poleiro onde estava acomodado deu um leve balanço, como se algo nele apoiara, ouvindo o ruído do animal fungando como se farejasse algo.

O caçador se indagou novamente, o que seria aquilo, pois nada lhe parecia, mesmo assim e impelido pela curiosidade permaneceu imóvel. Momento em seguida viu o ruído do caminhar da caça, que saindo de baixo do seu poleiro foi em direção aos cocos, onde já estava abatida a outra Paca, foi quando o caçador acendeu o seu farolete na direção daquilo que até então acreditava ter sido mais outra Paca, e viu o lombo de uma enorme Onça Pintada que havia abocanhando a Paca abatida e já se preparava para sair do foco da lanterna para se embrenhar na selva.

O Caçador não hesitou, apontou sua arma disparando-a em direção a Onça, que largou a presa abatida anteriormente e fugiu em direção a escuridão da noite soltando um grande e intimidador esturro.

Cessando o ruído da fuga do grande felino, o Caçador sentiu seu coração disparar, quando descobriu que a Onça, posicionou bem baixo do poleiro em que estava, e nele apoiando chegou a varejá-lo, pois ele pode até sentir sua respiração.

O velho mateiro quando me contava sua história, me disse que Deus realmente existe e cuida dos seus filhos, pois a feroz e faminta onça o podia muito bem tê-lo agarrado e o puxado do poleiro com suas afiadas unhas, porém sentido o cheiro do sangue da Paca por ele abatida, deixou sua presa humana para em seguida abocanhar a caça anteriormente morta pelo caçador. Tenho certeza que homem naquela noite aprendeu mais uma grande lição em sua vida de que a caça pode salvar o caçador.


Nilton Flávio Ribeiro.
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1 Armação feita com varas de madeira, próximo a um pé de fruta, para espera e caça de animais silvestres, muito comum em regiões de mata.

2 Espécie de palmeira com caule espinhoso muito comum nas matas de nossa região.

3 Outra denominação dada pelos sertanejos para armação descrita no número “um” desta nota. Também chamado de poleiro.





Um comentário:

  1. legal ja passei por isso
    mas foi mais asustador por com migo era uma onça parda
    e alem dela vim em minha direçao ela me atakou
    mas quando eu ouvi o passos do animal correndo em minha direçao eu pulei do puleiro foi quando ela passou por sima de min com um enorme salto
    mas logo em seguida eu asendi o falorete e abati ela com um tiro de um fusil serteiro
    nunca me esqueço do medo

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