Páginas

Pesquisar este blog

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA - 12ª PARTE.




                   Ouvi-se um ruído estridente de metal, o que acordou o rapaz com um grande sobressalto, fazendo seu coração palpitar pelo excesso de adrenalina que seu organismo acabara de produzir. Levantou-se imediatamente da sua cama e vira que o ruído havia vindo da borracharia em frente onde o borracheiro Vitor já estava a trabalhar, desmontando um pneu de caminhão. O ruído era proveniente das marretadas que dava no metal com o propósito de endireitar o aro da roda amassado em consequência de uma pedra ou um buraco talvez encontrado em seu trajeto.

                   Tião olhara no seu velho relógio automático, que herdara de seu pai após a sua morte, e vira que estava atrasado para o serviço. Chacoalhou o relógio continuamente com o propósito de lhe dar cordas, correndo em seguida ao pequeno banheiro anexo aos seus aposentos, onde existia uma pia lavatório fixada do lado de fora de sua parede. Passou uma água no rosto escovando os dentes em seguida, para correr em direção as bombas do posto onde iniciaria seu labor.

                   Ao chegar, fora logo se desculpando com os amigos de trabalho principalmente com o Marcão, gerente do posto que o vendo chegar atrasado olhava para o relógio com o ar de reprimenda.  Tião com o fim de justificar seu raro atraso já dirigiu-se ao gerente:

                   _Descurpa Marcão, é que fiquei de prosa com o Véio Pedro até tarde e perdi a hora.

                    _Tá bem, procura não se atrasar mais. Agora corre toma o café lá na cantina e volta logo para o serviço. – Disse lhe Marcão aceitando a justificativa do empregado.

                   Marcão sabia que Tião, desde que iniciará como empregado do Posto gozava da simpatia do Patrão, que gostara do jeito simples do Jovem sempre prestativo e disposto a ficar algumas horas a mais ajudando no movimento do estabelecimento sem nada exigir em troca. Alguns minutos de atraso, portanto, não traria nenhum prejuízo ao Posto.

                   Tião olhara ao redor do estabelecimento e notara que Pedro, seu amigo já havia ido para casa. Caminhou em direção à lanchonete para tomar seu rápido cafezinho retornando de imediato para seus afazeres como frentista do Posto de Gasolina.

                   Quando varria o chão pavimentado do pátio do posto, próximo às bombas de combustíveis escutou uma voz que o chamava:

                   _Escuta aqui o piralho, não vem me atende não?!

                   Tião olhou para trás e vira que havia encostado em uma das bombas de combustível, uma camionete com carroceria de madeira. O condutor do veículo estava em pé ao lado do mesmo e de forma grosseira e asquerosa falava alto querendo chamar a atenção dos demais frentista do posto.

                   _Esta moçada de hoje, são tudo uma cambada de bosta preguiçoso e vagabundo. Não quer saber de nada.

                   Tião ouvindo aquilo correu em atender o homem que esbravejava ao lado da bomba querendo o imediato atendimento e que naquele momento lhe dera as costas e seguia em direção da lanchonete e mais de que presa foi perguntando-lhe:

                   _ Ei moço! É prá completa!?!

                _ Encha o taque guri entojado e para de embromar! – Disse o mal e educado homem enquanto caminhava em direção da lanchonete.

                   Tião não dera muita atenção às deselegâncias daquele sujeito, pois volta e meia aparecia naquelas paragens um motorista ignorante exigindo tratamento diferenciado e tratando mau os frentistas empregados. Porém a política da empresa era que o cliente sempre tinha razão e ele iria cumprir seu compromisso para com o seu patrão.

                   O jovem frentista abasteceu o veículo completando o tanque, anotando em seguida a quantidade de litros no bloquete de controle do posto, e de posse de uma mangueira de água, passou a lavar o para-brisa que encontrava empoeirado e sujo por restos de insetos esmagados contra o vidro.

            Não demorou muito e o condutor do veículo já estava retornando da lanchonete e chegando próximo a Tião já foi logo perguntando daquele seu jeito rude e mau educado.

                   _E daí o pentelho, quanto deu a facada!?! – Querendo saber do preço que teria que pagar por aquele abastecimento.

                   Naquele momento Tião levantou os seus olhos negros, e fitou o seu interlocutor que até então não tinha reparado, e o que vira fez seu sangue ferver seu coração disparar ao encher-se de ódio e sede de vingança. Aquele homem estúpido e mau educado que chegara ali, era nada menos que o homicida que havia participado do assassinato de seu saudoso pai. Aquele homem que estava ali era nada mais nada menos que Tião Bigode. Não havia dúvida alguma em seu pescoço havia ainda aquele horroroso crucifixo acompanhado de igual figa, que ele havia acrescentado por uma medalha de Senhora Aparecida  dita padroeira deste grande país.

                      Seu semblante agora era de terror, não somente pelo medo que naquele momento estava sentido. Este medo não era por covardia, porém pelo simples receio de que aquele homem o reconhecesse e viesse estragar os seus planos de vingança que a muito vinha alimentando seus dias e suas noites.

                   O jovem se controlou ao máximo para não sair correndo dali em direção ao seu aposento e lá de posse de seu velho revolver retornar e descarrega-lo na cabeça daquele sórdido homem.

             Tião respirou profundamente virou-se alcançou-lhe o controle de abastecimento e educadamente pediu-lhe para que ele dirigi-se ao caixa onde estava o gerente Marcão para efetuar o necessário pagamento. Naquele momento não mais fitara e devagar afastou-se dali furtando-se de ser reconhecido.

                    Bigode montando em sua arrogância, nem notou o desconforto que havia causado naquele jovem frentista, pois não era de seu feitio a observar aqueles que em sua índole maligna seriam pessoas insignificantes. Dirigiu-se ao caixa do posto pagando pelo combustível para em seguida entrar em seguida no seu veículo e partir em direção a Nobres.

                   Tião então caminhou até a lanchonete do posto pedindo a Dona Nena que lhe servisse um café. Nena vendo a aparência transtornada do jovem foi logo falando:

                   _Credo Tião! Parece que viu sombração?!! – Disse a mulher a Tião.

                   _Tá branco que nem defunto menino!!! – Prosseguiu Nena para o jovem que tomava o café em silêncio que ela lhe havia servido.

                   _E vi mesmo dona Nena, mais não foi sombração. – Disse Tião, respondendo as indagações daquela Senhora.

                   _Vi o caramunhão[1] em forma de home! - Exclamou-lhe Tião, porém não entrando em detalhes com o intuito de não levantar suspeitas quanto a sua futura intenção.

                   _Espera aí que vou preparar uma água com açúcar para você minino. – Insistiu  Nena preocupada com o jovem que ali se encontrava com ar transtornado.

                   _Dexa prá lá Dona Nena, já tô mió. – Disse Tião agradecendo o café e se retirando do recinto caminhando em direção as bombas e retornar com seus os afazeres cotidiano.



CONTINUA......


[1] Demônio, diabo no linguajar popular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua participação. Seu comentário está aguardando moderação para depois ser publicado.