Em
uma tardes destas, sentei-me em uma lanchonete (se fosse na Europa seria em um
Café), e fiquei apreciando o movimento na rua. Minha cidadezinha pequenina e
tranquila, como sempre com pouco trânsito, quase não tinha muito a observar.
Volta
e meia subia a avenida uma motocicleta com o escapamento aberto fazendo aquele
incômodo ruído, e sobre ela, um “motoqueiro” desengonçado e desarrumado que de
longe mais parecia um espantalho de capacete.
Este
ao passar próximos as mocinhas que transitavam pelas ruas e calçadas subindo e
descendo aquele trecho de avenida esburacadas, fazia questão de acelerar sua
barulhenta moto, com o evidente propósito de chamar a atenção.
Subia
avenida acelerando a moto, para já no primeiro quarteirão efetuar o contorno e
descer em direção as mocinhas, que cochichavam uma para outra talvez
comentários sobre o barulhento motociclista.
Logo
a imaginação tomou conta do meus pensamentos, e fiquei imaginando uma
alvoraçada abelha circundando as flores de um jardim em busca do néctar doce e
perfumado.
Como
é maravilhosa a juventude onde os hormônios brotam interno e aflora na pele
atraindo homens e mulheres para o jogo do flerte que quase sempre acaba em
troca de carícias e no delicioso ato sexual.
Lembrei-me
de um tempo a muito passado, onde cabelos encaracolados soprados pelos ventos
frios de julho e de um sol amarelado e tímido de uma tarde qualquer prenunciava
o anoitecer, e o jogo da sedução, entre um jovem homem e uma jovem mulher,
iniciava-se com troca de tímidos e escondidos olhares. Pensei de como evoluíram
os costumes.
Lembrei-me
também, das quermesses onde os jovens iam em busca do jogo do flerte, naquela
época chamado de “paquera” onde choviam os “correios elegantes”, que iam em
viam por um mensageiro qualquer.
De
logo, meus pensamentos retornaram ao presente, quando vi, duas meninas que se
acariciavam em uma esquina e dois meninos que passeavam de mãos dadas, e,
envergonhado busquei não observá-los e meus olhos encontraram o reflexo de
minha imagem refletida em um automóvel encostado próximo a sarjeta. Foi quando
vi os meus poucos cabelos que ainda me restam grisalhos e rugas marcando minha
face, mostrando para mim que o tempo passava e as coisas não mais era como no
passado.
Eram
outros tempos, eram outros costumes, porém o meu hétero ego não aceitava
aquelas mudanças por mais “modernas e avançadas” que fossem.
Sou
do velho e carcomido tempo, em que eram raro estes “costumes”, que para muitos
são abominações.
Levantei-me
e passei a caminhar em direção a minha morada, já estava escurecendo e as
flores dos jardins das casas exalavam um doce e suave perfume, como fosse dos
longos cabelos de uma formosa mulher, e que somente um velho hétero como eu
saberia como apreciar.
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