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sábado, 17 de julho de 2010

TEMPOS QUE SE FORAM!


Tempos que se foram!
No passado, quando aqui cheguei em Porto dos Gaúchos, lá pelos idos de 1984, presenciei fatos que vão do hilariante ao dramático. Naquele tempo quem administrava o Município (e o fez por um período de seis longos anos), foi nada mais nada menos que o nosso conhecido e sortudo Jair Duarte, esposo da atual Prefeita Carmem Lima Duarte.
Uma das coisas que recordo-me bem, além das badaladas festas promovida pelo Alcaide de então, regadas a cerveja e boi no rolete[1] , eram os constantes racionamentos de energia que a cidadela portogauchense era então submetida. Faltava luz e isto contribuía também para a falta de água.
Era um grande transtorno para toda comunidade local. Ao aproximar-se do horário do desligamento, já íamos preparando os liquinhos [2], para em seguida mergulharmos em uma total e odiosa penumbra. Somente ficavam com luz alguns pontos ditos estratégicos da cidade, e o resto era mergulhado em trevas.
E quando então havia algum motor em pane!!! (isto era quase sempre), Somente havia luz no setor de baixo da cidade, naquele tempo chamado pela oposição local de baixa saxônia, e evidentemente, no setor de cima, onde morava o então Alcaide mandatário mor desta sofrida urbe.
Justificavam os Políticos, que na baixa saxônia era para não faltar água, e no setor do Alcaide, era a do setor da Usina onde localizava os barulhentos e poluidores motores a diesel que tocava os geradores.
Porém a oposição da época, não deixava barato, aproveitava do caos criado pela falta de energia, e o descaso do gestor da época, para destilar o veneno crítico peculiar da classe política. A oposição inflamava a situação, alegando que, nos setores em que havia luz nas noites de racionamento era para atender o Colonizador (na baixa saxônia) e o Prefeito, (no setor da usina), pois este não podia ficar sem dar suas festas e receber seus convidados.
No meio de tudo isto, tinha uma figura muito simpática e pacienciosa, que equipado somente com uma escada e uma bicicleta ia de setor em setor, ligando e desligando as chaves, cumprindo suas ordens e promovendo o racionamento. Muitos até o destratavam, pois ninguém queria ficar sem energia, porém ele, paciencioso pegava sua bicicleta, até mesmo nos dias de chuva e ia cumprir com sua obrigação.
 Senhor Ademar de Paula da Silva, o pai do nosso amigo e conhecido “Caçapa”, não tinha preguiça, e sofria com o descaso da Cemat (na época uma ineficiente estatal), e ainda com os insultos e até mesmos desrespeitos de alguns dos munícipes inconformados pelos constantes “blackout”, somados pela revolta contra a inoperância administrativa municipal da época. Como se ele (Ademar) fosse culpado pela situação.
Sempre quando vejo o Senhor Ademar (agora aposentado acredito eu), passando pelas ruas de minha cidade lembro-me daqueles tempos difíceis, que graças a Deus ficou no passado, quando a Cemat era uma Estatal inoperante (ainda falam de FHC! ainda bem que foi privatizada) e deficitária, e o município era gerido por Jair (apesar de hoje continuar a gerir) e o Estado Governado por Julio Campos.
Fica aqui uma sugestão para a Câmara de Vereadores, que tem agraciados pessoas completamente inócuas para a história do nosso município, com títulos de cidadania, (como aquele Cara da AABB, que meia dúzia de borrachos se uniram depois de uma pelada e resolverão o agraciar com um título de cidadão, sem que este nunca tivesse tido em nossa cidade. E aquele outro recentemente agraciado que nem sei o que foi e o que fez por aqui para merecer tão honroso título) que dêem um título de cidadão  ao senhor Ademar como reconhecimento de um verdadeiro portogauchense, que mesmo abaixo de intempéries, xingos e desrespeito, cumpria com sua obrigação.
Fica aqui minha pública, porém justa homenagem e admiração a um verdadeiro cidadão portogauchense.
Nilton Flávio Ribeiro.





[1]  Arte de se assar um boi inteiro em um espeto especial feito para aquela finalidade.
[2] Denominação dada a pequeno lampião a gás.

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