Tempos que se foram!
No passado, quando aqui cheguei em Porto dos Gaúchos, lá
pelos idos de 1984, presenciei fatos que vão do hilariante ao dramático.
Naquele tempo quem administrava o Município (e o fez por um período de seis
longos anos), foi nada mais nada menos que o nosso conhecido e sortudo Jair
Duarte, esposo da atual Prefeita Carmem Lima Duarte.
Uma das coisas que recordo-me bem, além das badaladas festas
promovida pelo Alcaide de então, regadas a cerveja e boi no rolete[1] , eram
os constantes racionamentos de energia que a cidadela portogauchense era então
submetida. Faltava luz e isto contribuía também para a falta de água.
Era um grande transtorno para toda comunidade local. Ao
aproximar-se do horário do desligamento, já íamos preparando os liquinhos [2], para
em seguida mergulharmos em uma total e odiosa penumbra. Somente ficavam com luz
alguns pontos ditos estratégicos da cidade, e o resto era mergulhado em trevas.
E quando então havia algum motor em pane!!! (isto era quase
sempre), Somente havia luz no setor de baixo da cidade, naquele tempo chamado
pela oposição local de baixa saxônia, e evidentemente, no setor de cima, onde
morava o então Alcaide mandatário mor desta sofrida urbe.
Justificavam os Políticos, que na baixa saxônia era para não
faltar água, e no setor do Alcaide, era a do setor da Usina onde localizava os
barulhentos e poluidores motores a diesel que tocava os geradores.
Porém a oposição da época, não deixava barato, aproveitava do
caos criado pela falta de energia, e o descaso do gestor da época, para
destilar o veneno crítico peculiar da classe política. A oposição inflamava a
situação, alegando que, nos setores em que havia luz nas noites de racionamento
era para atender o Colonizador (na baixa saxônia) e o Prefeito, (no setor da
usina), pois este não podia ficar sem dar suas festas e receber seus
convidados.
No meio de tudo isto, tinha uma figura muito simpática e
pacienciosa, que equipado somente com uma escada e uma bicicleta ia de setor em
setor, ligando e desligando as chaves, cumprindo suas ordens e promovendo o
racionamento. Muitos até o destratavam, pois ninguém queria ficar sem energia,
porém ele, paciencioso pegava sua bicicleta, até mesmo nos dias de chuva e ia
cumprir com sua obrigação.
Senhor Ademar de Paula
da Silva, o pai do nosso amigo e conhecido “Caçapa”, não tinha preguiça, e
sofria com o descaso da Cemat (na época uma ineficiente estatal), e ainda com
os insultos e até mesmos desrespeitos de alguns dos munícipes inconformados
pelos constantes “blackout”, somados pela revolta contra a inoperância
administrativa municipal da época. Como se ele (Ademar) fosse culpado pela
situação.
Sempre quando vejo o Senhor Ademar (agora aposentado acredito
eu), passando pelas ruas de minha cidade lembro-me daqueles tempos difíceis, que
graças a Deus ficou no passado, quando a Cemat era uma Estatal inoperante
(ainda falam de FHC! ainda bem que foi privatizada) e deficitária, e o
município era gerido por Jair (apesar de hoje continuar a gerir) e o Estado
Governado por Julio Campos.
Fica aqui uma sugestão para a Câmara de Vereadores, que tem
agraciados pessoas completamente inócuas para a história do nosso município,
com títulos de cidadania, (como aquele Cara da AABB, que meia dúzia de
borrachos se uniram depois de uma pelada e resolverão o agraciar com um título
de cidadão, sem que este nunca tivesse tido em nossa cidade. E aquele outro recentemente
agraciado que nem sei o que foi e o que fez por aqui para merecer tão honroso
título) que dêem um título de cidadão ao
senhor Ademar como reconhecimento de um verdadeiro portogauchense, que mesmo
abaixo de intempéries, xingos e desrespeito, cumpria com sua obrigação.
Fica aqui minha pública, porém justa homenagem e admiração a
um verdadeiro cidadão portogauchense.
Nilton Flávio Ribeiro.
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