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quarta-feira, 2 de abril de 2014

PERSEGUINDO A VINGANÇA - EPÍLOGO.



                   No raiar do dia seguinte ao de ter abatido o objeto de sua vingança, Tião acorda em um sobressalto com um barulho de metal batido. Era o borracheiro que havia madrugado para consertar um pneu de caminhão e o ruído estridente era em consequências das marretadas que dava no aro para solta-lo.
                   O jovem levantou apreensivo, pois queria estar cedo nas bombas para ver os comentários sobre assassinato de bigode. Lavou-se como de costume e foi de encontro do velho Pedro que já ajeitava a pequena matula no guidão da bicicleta.
                   Pedro ao ver Tião se aproximando, já foi logo falando:
                   _Bom dia minino!!! Nem vi ôce chegar onte!
                   Pedro estava um pouco sem graça por que sabia que havia dormido no serviço e em consequência da soneca não vira quando Tião chegara.
                   ­_Bom dia véio, quais são as novas?!! – Respondeu-lhe Tião com uma pergunta.
                   Tião não queria deixar o seu amigo constrangido, sendo assim nem tocara no fato de quando chegou o velho dormia no banco de madeira existente na frente do posto.
                   Pedro então, prosseguindo com sua prosa matinal, já foi logo dizendo:
                   _É parece que a noite lá pro lado da zona, foi um poco agitado!!! Vi us pulicia indo e vortando pelas ruas, como se procurassem alguém.
                   _Mas até agora não sei o que aconteceu?!! – Prosseguiu o velho.
                   Tião esboçou um leve sorriso de satisfação e caminhou em direção à lanchonete. Tinha que comer alguma coisa antes de se entregar aos seus afazeres cotidiano. E assim o fez.
                   Seus colegas de trabalho já se agrupavam próximo às bombas de combustíveis comentando os últimos acontecimentos. Tião aproximou deles demonstrando ar de curiosidade como se não soubesse, que Bigode o temido pistoleiro jaz estava com o Demônio queimando no fogo eterno do inferno.
                   ­_Aconteceu argo Zé Antonio?!! – Tião indagou ao seu colega de serviço, pois sabia que o frentista era conhecido de Bigode.
                   ­­_Pois é Tião, não é que mataro o Bigode lá na zona noite passada!!!
                   _Vixe!!! Como assim mataro?!! – Perguntou-lhe Tião.
                   _Mataro com um montão de tiro!!! Tão falando que devia ser uns três ou quatro pistoleiro que o mataro. – Prosseguiu Zé Antonio relatando os acontecimentos para seu interlocutor, sem se quer desconfiar, que o verdadeiro autor dos disparos estava ali bem na sua frente.
                   _Nossa, que coisa?!! – Respondeu-lhe Tião procurando demonstrar-se surpreendido pela notícia.
                   _Já sabe quem foi os cabras?!! – Prosseguiu Tião com suas indagações.
                   _Vai sabe?!!! O povo lá só escutou os pipoco e não viro mais nada. – Prosseguiu Zé Antonio com suas narrativas.
                   Neste momento Pedro aproximava do grupo para escutar a conversa e saber mais detalhes, já que ainda não estava a par dos acontecidos.
                   Então mataro o homê?!! – Perguntou Pedro aos frentistas.
                   _Pois é véio, foi lá na zona. – Respondeu-lhe Tião.
                   _Enchero ele de bala!!! – Prosseguiu o jovem vingador ainda querendo mostrar surpresa.
                   _Mais um urutu foi pro saco!!! – Afirmou Pedro para os frentistas que ali se encontravam.
                   O dia todo o assunto da cidade foi à morte do temido pistoleiro Tião Bigode.
                   Tião guardava para ele aquela sensação do dever cumprido, pelo menos dois dos que participaram diretamente do assassinato de seu pai estavam mortos.
                   Terminando seus afazeres no posto, Tião correu para o seu alojamento banhou e trocou-se, para ir ao encontro de Rosilda. Tinha que dizer para ela os seus sentimentos e pedi-la em casamento. E assim o fez.
                   Ambos trocaram juras, se abraçaram e se beijaram e depois caminharam felizes pelas ruas da cidade.
                   Tião dissera para a namorada que em todo este tempo havia economizado um dinheirinho com o propósito de comprar uma casa.
                   Dissera para Rosilda que no domingo iria ver uma pequena casa localizada do outro lado da BR e se tudo desce certo iria buscar sua mãe e sua irmã para morar com ele e em seguida casar com aquela que ele havia escolhido para ser sua para o resto da vida.
                    E assim o fez Tião, somente voltando para Porto dos Gaúchos para buscar sua mãe e irmã. Em seu retorno para Porto dos Gaúchos, ficou sabendo pelo Julinho do boteco no sapecado, que Durval José Pereira, o fazendeiro suposto mandante da morte de seu pai havia falecido por uma doença grave. Havia morrido em um hospital de São Paulo com câncer no fígado.
                   Tião ouvindo aquilo pensou que aquela vingança ficou a critério de Deus. Aquele homem fora o responsável por sua ira e a busca por vingança.
                   A sede de vingança já não mais existia dentro do peito daquele homem que tinha sido forjado no ódio e em uma promessa feita ao lado de um corpo sem vida.
                   Agora Tião só pensava em retornar a Rosário para casar-se com Rosilda, naquela Igrejinha evangélica onde avistara Edi sua primeira vítima início de sua vingança. E assim fez Tião.
                   Tempos mais tarde, parado no quintal de sua casa ao entardecer de um domingo, observou sua mãe conversando com sua esposa Rosilda, sob a sombra de um cajueiro, ambas estavam felizes e isto era o que mais lhe importava. Sua irmãzinha brincava ao lado com um filhote de vira lata que este havia arrumado.
                   Olhou para longe e avistou a Serra, coberta da vegetação do serrado. Uma suave brisa soprou sua face sorridente trazendo consigo um leve perfume de flores.
                   Mirou o céu e o viu aos poucos sendo pintados por inúmeras estrelas. Respirou fundo e sorriu com satisfação, pois agora somente havia paz em seu peito.

FIM.
                  
                  

                  
                  



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