Com o cair da noite, e depois
de encerrado suas atividades no posto de Gasolina o jovem Tião, tomou um banho
rápido e em seguida foi procurar sua namorada Rosilda, e lá chegando aguardou-a
no portão como de costume após avisar que já a estava esperando.
De lá de fora, o jovem pode
ver a sua amada surgir por detrás da cortina de fitas, que separava a sala da
cozinha e caminhando apressada veio em seu encontro, para lhe deferir um
apaixonado beijo e igual abraço.
Por um momento o jovem pode
sentir seu perfume de rosa, que exalava daquele longo e preto cabelo, que
roçava seu rosto, enquanto seu lábio colado ao dela fazia o coração palpitar de
grande paixão. Em poucos momentos quase fez
que o jovem esquecesse-se de sua promessa, feita há algum tempo atrás perante o corpo sem
vida de seu velho pai.
O jovem delicadamente afastou
sua namorada do seu corpo para em seguida pedir-lhe que sentasse no banco de tábua
existente ao lado do portão. Logo depois deu início a conversa cujo assunto a
muito estava lhe afligindo.
Tião sentou-se ao lado de Rosilda
e foi logo falando com aquele seu jeitão
acaboclado:
−Rosirda meu bem,
tenho argo muito sério prá fala pro ocê!..
_Então fala meu amor! – Disse-lhe
Rosilda, fitando seu namorado que naquele momento encontrava-se de olhar baixo,
procurando furtar-se e encará-la.
_Tô com uns probrema, coisa
minha pessoar, nada com ôce, mué, mais vou ter que dá um tempo em nosso namoro.
– Falou Tião sem encarar a sua namorada que em silêncio buscava olhar dentro dos
seus olhos.
_Do que ocê tá falando home
de Deus!.. – Já foi perguntando-lhe a assustada Rosilda para seu namorado que
continuava sem encará-la, com olhar baixo sem um rumo qualquer.
_Se nois se ama, temo que
dividir também os probremas. – Disse-lhe Rosilda buscando nele uma resposta
mais clara a aquela desconfortante e entontecedora conversa.
Tião então olhou para sua
namorada e foi logo dizendo:
_Se ôce me ama como tá
dizendo então não faiz pergunta.
_Só to pedindo um tempo em
nosso namoro, prá eu resorver uns probremas particular mué! É só!.. – Disse
Tião buscando encurtar a conversa, pois na verdade tinha receio que aquela
mulher que ele nutria verdadeira adoração conseguisse fazê-lo desistir de sua
sina.
_Purquê? Só me diga purque!?!
– Insistia Rosilda sem nada entender, ao mesmo tempo em que se alto indagava se
teria feito algo de errado para que seu namorado agisse como estava agindo.
_Já falei mué! Não é nada com
ôce, é comigo memo! – Falou-lhe Tião, buscando confortar sua namorada.
_Então é assim, tamo
terminando com nosso namoro? – Questionou Rosilda para Tião, que com um
movimento repetitivo e negativo com sua cabeça, buscava palavras em sua
simplicidade para dizer para ela que não era término do seu namoro mais sim um
momentâneo afastamento para que pudesse fazer o que a muito pretendia.
_Não mué, já falei pro ocê
que não é isso! Só quero um tempo longe de ôce para resorvê uns probremas, é
só. – Disse Tião a Rosilda buscando evitar que sua amada caísse em pranto, pois
seus olhos já marejando lágrimas dava o sinal do inevitável choro.
Tião vendo aquilo buscou
amenizar a situação, falando para sua namorada como ela era importante para
ele, e que após resolver os seus problemas particulares viria ao seu encontro,
para levá-la ao altar com as bênçãos de Deus torná-la assim sua esposa para
todo o sempre.
Mesmo assim Rosilda não
entendia o porque de ficar longe do seu amado, já que este não era o desejo
dele e muito menos dela que naquele momento já estava a soluçar com os olhos
cheios d’água.
As insistências de Rosilda em
buscar entender aquela situação acabavam em nada, frente ao silêncio de Tião,
em não responder suas indagações.
Tião então virou-se e saiu
caminhando de frente da casa de sua amada, procurando não olhar para trás, para
não cair na tentação de correr de volta atirando-se aos pés daquela jovem
mulher que ainda iria desposar. Tião queria mesmo, cobri-la de beijos para em
seguida possuí-la loucamente como um homem deve possuir uma mulher.
Mas prosseguiu em seu
intento, pois ali estava o desejo de vingança firmado com uma promessa ao lado
do sepulcro do seu velho e amado pai. Ele
tinha que cumprir o prometido, sem o qual não poderia dormir em paz e acabar
definitivamente com aqueles terríveis pesadelos.
Enquanto retornava para o
posto, sentia a brisa fresca da noite, que trazia consigo um suave perfume de
flores, enquanto vencia os quarteirões daquela antiga cidade, pensava uma forma
de fazer o prometido sem que levantasse suspeitas trazendo-lhe problemas com a
Polícia e com a Justiça, apesar de saber que o desaparelhamento da policia
local certamente não lhe traria perigo nenhum. Ele somente queria era cumprir
sua promessa, e retornar para sua amada.
CONTINUA........
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