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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA – 7ª PARTE


                      Naquela manhã quando tomava café na cozinha, dissera Tião a sua mãe.
                   _ Mãe, tô ganhando uma mixaria, lá no boteco do Julinho. Tô pensando e ir embora prá uma cidade maió, prá vê se arrumo serviço mió. Fiquei sabendo que lá em Rosário do Oeste, tem muito serviço. Tô pensando em dar um pulo lá.
                   Maria escutou o que o filho falava para ela, e viu que ele estava virando um homem, pois este agora tinha já dezessete anos de idade. E disse ao rapaz no seu jeito simples de cabocla.
                   _ Ocê é qui sabe meu fio. Se é prá o teu bem vai com a proteção de Deus e do Nosso Senho Jesus Cristo.
                 Tião vendo que a mãe havia concordado, disse para ela buscando confortar a sua aflição e o medo de nunca mais ver o filho.
                   _ Pode ficá tranquila Mãe, eu não vou esquece da Senhora ou da minha irmanzinha. O dinheiro que eu ganhá, mando para oceis ir vivendo, e assim, que der certo mando buscá oceis.
                   A mulher sorriu, e acariciou os cabelos negros do filho.
                   Tião retornando ao Boteco de Julinho falou de sua intenção ao patrão, pedindo que este arrumasse outro para o seu lugar. Julinho lhe dirigindo a palavra disse.
                   _ Vai com Deus garoto, e que ele lhe ajude a arrumar um serviço melhor.
                  Passado algum tempo Tião, em uma tarde seca do mês de agosto dirigiu-se a Porto dos Gaúchos, cidade  próxima do Sapecado, em carona na boleia de um caminhão de toras. Chegando lá foi até a rodoviária comprando uma passagem para Rosário do Oeste. Mais o que ninguém sabia, era que em sua bagagem levava, um revolver calibre 38 que havia comprado de um Policial, e no peito uma insaciável sede de vingança. O jovem queria encontrar os autores do horrendo crime que vitimou seu querido pai.
                   Ele sentado na pequena Rodoviária de Porto dos Gaúchos, aguardava apreensivo que o ônibus chegasse. Enquanto esperava, absorto em seus pensamentos, sentia a brisa fresca que acariciava seus negros cabelos. Misturado ao vento vinha um forte cheiro de poeira que levantava das ruas se pavimentação da pequena cidade Matogrossense. Junto com a poeira vinha um cheiro amargo de serragem, oriundos das serrarias que circundavam a cidadezinha.
                   Próximo das 23:00 horas, já com considerável atraso, o ônibus encostou. Ao parar na pequena plataforma, pessoas desciam de seu interior, correndo em direção ao banheiro ou em direção ao boteco que funcionava no interior da rodoviária.
                   Tião dirigiu-se até o motorista do veículo, apresentado sua passagem ingressando imediatamente  no seu interior. Pairava no ar, um desagradável cheiro de cigarro, misturado com  um  forte odor de suor que dava ao ônibus uma aparência de sujeira e abandono.
                   Sentou-se em sua poltrona que com sorte havia conseguido próximo à janela, observando o movimento aos arredores da Rodoviária. Quando a Luz da cidade se apagou. Os motores que geravam energia para a urbe, tinha hora certa para seu funcionamento, e após seu desligamento, deixava a pequena cidade com ares de sede de Fazenda. O motorista tomou seu assento funcionando o veículo, enquanto os passageiros pressentindo a sua partida corriam para tomar seus lugares.
                   O ônibus deixou o pequeno terminal rodoviária, contornando os persistente buracos da rua, herança das últimas chuvas e que ainda não havia sido arrumados tomando seu destino final, ou seja, a Capital do Estado.
                   Enquanto o veículo balançava de um lado para outro, devido à má conservação da estrada,  Tião observando pela janela, via a claridade da Lua refletida sobre as gigantescas árvores. Vendo isto, vinha em sua cabeça as boas recordações da época em que morava com sua família na posse da beira do Rio Arinos.
                   Porém, as boas recordações, em seguida eram afogadas pelas lembranças do dia em que seu pai havia sido cruelmente assassinado, e o seu coração novamente enchia de dor, revolta e ódio.      
               Com o balanço do velho ônibus o jovem Tião adormeceu, enquanto o veículo seguia noite adentro.    
                   Depois da cansativa  viajem sacolejando dentro daquele desconfortável ônibus, o jovem caboclo, pode ver surgindo entre os morros, seu destino final. Era a pequena cidade de Rosário do Oeste, outrora Nossa Senhora do Rio Acima. Cidade antiga, fundada por Bandeirantes e garimpeiros às margens do Rio Cuiabá e do que é hoje é a rodovia Cuiabá /Santarém.
                   Já era noite do outro dia de sua partida, quando o veículo encostou na pequena rodoviária. O jovem não tendo para onde ir, permaneceu no recinto sentado em um banco, onde de vez em quando tirava um cochilo esperando o dia amanhecer.

CONTINUA.........


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