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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA - 3ª PARTE


                    Naquele dia, pai e filho haviam combinado uma pescaria no esplêndido Rio Arinos. Eles haviam cavado minhocas próximo a mina, e com elas, pescados alguns Acarás e Lambaris, para serem utilizados como isca. Zé Chico tinha lá no Rio Arinos, alguns anzóis, que vez e outra iscavam, em busca de pegar algum peixe.
                   _ Tião, vai até lá no Cajueiro, é pegue uns cajus, para nois iscá o espinhéu, vamo vê se hoje nóis pega uma Matrinchã[1]. Disse o pai ao filho.  
                   _ Já to indo pai. Mais o que eu quero pegá é um Lobó[2] e dos grandes. Respondeu o filho contando vantagem de pescador.
                   Maria que amamentava a caçula, sentando frente ao barraco, ria das conversas do pai e do filho, que animadamente preparavam a tralha de pesca.
                   _ Ôceis toma é cuidado com a Sucuri. Disse Maria aos dois animados pescadores.        
                   _ Qui nada muié, se este bicho aparecê, nois vamo servi ele na janta. Disse Zé Chico em bravata e aos risos para sua preocupada esposa.

                   Tralha preparada, anzóis e iscas no borná[3], lá se foram pai e filho em direção à trilha que os levariam a  barranca do Arinos, onde estava a canoa amarada.

                   Encontravam-se “apoitados” perto de um remanso do Rio, quando escutaram o barulho do motor de uma voadeira[4], que às pressas viam rio abaixo. Estava escuro, o que impossibilitavam pai e filho de identificar as pessoas, porém sabia-se que podia ser dois que no barco navegavam. Os passageiros do barco a motor tinham um farol à bateria, que iluminavam de um lado de outro do rio. Quando o barco aproximou dos dois, foram focados pelo forte farol, que por alguns segundos manteve sobre a luz. Depois o barco virou-se e retornou rumo rio acima de onde haviam vindo.
                   _ Deve ser caçador focando Paca. Disse Zé Chico ao filho, que se encontrava sentando na proa do bote.
                   _ É vai vê que é. Respondeu o filho, que de imediato respondia ao beliscar de sua  linhada com um forte puxão.
                   _ Êta pai, perdi mais um! Disse o menino.
                   _ Não se afobe não, se nois não pegá nenhum na linhada, o espinhér e os anzor de galho garante pescaria. Falou Zé Chico ao menino, completando.
                   _ Está disgraça de voadeira, só feiz foi espantá os peixe. Falou Tião ao seu pai que naquele momento descansava a linhada no fundo do barco, enquanto enrolava um cigarro.
                   Os peixes não mais mordiscavam a isca, somente os pernilongos e mariposas, circulavam o barco. A Lua prateada surgia imponente por detrás das árvores, refletindo todo o seu esplendor nas águas escuras do Rio Arinos. Pai e Filho recolheram as linhadas, correram os espinhéis e anzóis de galho, que haviam armado às margens oposta do Rio, recolhendo algumas traíras e  Jurupensem[5] que estavam fisgados e foram para casa.

CONTINUA................................



[1] Espécie de peixe, cujo habitat natural é a bacia amazônica, muito apreciado pelo sabor de sua carne.
[2] Espécie de peixe muito voraz conhecido também por lobo do rio ou simplesmente trairão, alguns chegam a pesar mais de 50 kg.
[3] Sacola de pano utilizada a tiracolo.
[4] Bote ou canoa com motor de popa.
[5] Espécie de peixe de couro muito apreciado pelos ribeirinhos.

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