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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA - 5ª PARTE



                 A Lua já se fazia alta. O silêncio profundo da mata, vez e outra era quebrado pelo cantar dos Curiangos. Grilos e as Pererecas faziam seu concerto lá para as margens estreita do igarapé ou sanga como os Gaúchos outrora chamavam os córregos naquela região. O ar estava parado, não havia sequer uma leve brisa movendo as folhas. De repente a cadela Futrica latiu, correndo em disparada em direção ao mandiocal.
                   Latiu por diversas vezes, até que seus latidos foram   sufocados por um grunhido de dor. Depois somente o silencio. Zé Chico estranhou, o silencio da Cadela, que não era acostumada a se render. Inicialmente Zé Chico pensará ser um Cachorro do Mato, depois, diante do silencio da Cadela, pensou tratar de uma Onça, que estava atrás de suas galinhas.
                   Levantou, calçou o chinelo que estava ao lado da cama, em seguida alcançou a lanterna e a espingarda cartucheira que mantinha pendurada próximo a sua cama, dizendo para a mulher:
                   _ Muié, vou lá fora dá uma oiada, vê se não é uma Pintada, que pego a Futrica e agora qué cumê nossas galinhas e já vórto. Dirigindo-se para fora da casa.
                   A noite estava clara, porém mesmo assim Zé Chico, ligou a lanterna focando-a em direção ao pé de limão rosa onde as galinhas costumavam empoleirar.
                   De repente o silencio da noite foi quebrado por um alto estampido, causado por um disparo de uma espingarda calibre 12, que acertou Zé Chico, no tórax na altura do coração, jogando-o com o impacto  contra a casa, acordando sua mulher e filhos.
                   Tião e Maria levantaram imediatamente, para ver o que estava acontecendo, e quando saíram de dentro da casa, encontraram  Zé Chico, sob uma poça de sangue agonizando para em seguida morrer.
                   Mãe e filho entraram em pânico, gritavam e choravam desesperadamente, olhando em todas as direções vendo se viam alguém ou alguma coisa. Porém escutaram somente um barco a motor, que acelerava o Arinos acima.    Os olhos negros do menino, agora estavam em lágrimas. Não havia mais risos ou alegria somente medo, tristeza e revolta.
                   Ambos estavam aturdidos pelo acontecido, não adiantava gritar, ou clamar por ajuda, já que o clamor e os gritos somente seriam ouvidos pelos bichos da floresta.
                   Mais adiante próximo do mandiocal, encontraram morta a cadela Futrica, que mais tarde vieram a saber, que os pistoleiros haviam matado, com o intuito de silenciar os seus  latidos de alerta.
                   Já estava no romper do dia, quando a família, ou que havia restado dela, preparavam para partir. Antes porém cuidaram, de sepultar em uma cova rasa, próximo ao limoeiro o corpo de Zé Chico, a fim de não deixá-lo exposto aos carniceiros da Floresta.
                   Maria carregando a filha menor em um braço, e uma matula de roupas em outro. O filho Tião,  empunhava outras duas trouxas. Partiram em direção a barranca do Arinos, onde encontrava-se atracado o pequeno barco que sempre serviu de transporte para a família. Mãe e filhos caminhavam em silêncio sem ainda entender o que havia acontecido, deixando para trás tudo que juntos haviam construído. O local agora, tinha também vestígio de um sepulcro, onde se via uma pequena cruz feita com restos de madeira.
                   O menino Tião,  enquanto remava o barco rio acima, imaginava o seu pai e a cadela Futrica, caçando na Floresta do Céu. Porém voltava a dura realizada, ao escutar o soluço de sua mãe. Remou o dia inteiro até chegar no ponto em que havia a estrada que os levariam a Vila do Sapecado. Já haviam caminhado alguns minutos, quando conseguiram uma carona em um caminhão toureiro. Ao chegar ao Sapecado, mãe e filho dirigiram-se a casa de Mariquinha, velha conhecida da família onde se hospedaram.
                   No dia seguinte, a família ainda atordoada pelo acontecido, dirigiram-se ao Destacamento Policial, informando a tragédia. Feito os procedimentos policiais, chegou-se a óbvia conclusão, homicídio de autoria desconhecida.
                   Porém mais tarde, quando Tião retornara ao local do acontecido, acompanhando o agente policial, pode constatar que sua casa havia sido incendiada. Tião em sua simplicidade  matuta, agora homem forjado no calor da injustiça, concluiu que quem havia matado o seu pai, havia ali retornado para concluir o sujo serviço.
 continua........

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