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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA – 6ª PARTE



              A família, ou o que havia restado dela, vivia agora em uma pequena casa, situada no perímetro urbano da Vila Sapecado. Maria trabalhava como lavadeira, e o filho Tião arrumara um emprego no boteco do Julinho, ajudando na limpeza e no atendimento dos fregueses. Dessa forma mãe e filho buscavam a sobreviver sem a presença do saudoso Zé Chico.

                   Já haviam passados alguns meses, daquele dia fatídico, que a vida de Zé Chico tinha sido ceifada violentamente,  quando um dia lá no boteco, Tião escutara dois peões, que conversava animadamente na mesa do fundo. Ambos já embriagados pela cachaça que tinham freneticamente consumindo.

                   Os desconhecidos peões, falavam de vários assuntos, porém sem conhecer Tião, comentavam justamente, sobre o assassinato do seu pai Zé Chico. Um dos homens, falava para o outro, de quem havia matado o posseiro Zé Chico, tinha sido os pistoleiros  Tião Bigode e Edi Bala, a mando do grileiro e latifundiário Durval José Pereira, que queria a posse de todas aquelas terras.

                   Escutando isto, Tião imediatamente buscou em sua memória, a conversa que escutara pouco antes da morte do seu pai, ali mesmo no recinto do boteco, quando os dois homens referidos pelos Peões, conversavam com o seu falecido pai. Foi quando entendeu o tom ameaçador daquela conversa. Lembrou também daquela noite, quando pescavam no Arinos, que um barco a motor havia descido o rio, e quando os iluminaram com a lanterna, retornaram rio acima. Tião concluiu que a morte do seu pai, já havia sido encomendada, e que os pistoleiros, só estariam esperando o momento certo para agir.

                   Tião sentiu o seu peito encher de revolta, porém mantendo a calma, aproximou dos peões, oferecendo-lhe uma dose de pinga por sua conta, sentando-se a mesa com os estranhos. Com essa atitude, Tião visava ganhar a confiança dos desconhecidos, conseguindo maiores informações sobre o assassinato do seu pai. Foi o que aconteceu, um dos homens começou a falar tudo que sabia sobre o caso, inclusive onde moravam os pistoleiros autores do horrendo crime.

                   _ Pois é seu menino. – Disse  o homem se dirigindo ao Tião, com a língua amortecida e hálito carregado do forte odor de cachaça.

                   _ Tanto o Tião Bigode, como o Edi Bala, foram contratado lá em Rosário, pelo Durvar, prá mode matá o posseiro Zé Chico. – Complementou  ele referindo aos autores do homicídio, que tinha vitimado o pai do rapaz.

                   Tião, forçando a conversa, perguntou aos peões, se os pistoleiros ainda moravam lá em Rosário do Oeste.

                   _ Oiá ! O Tião Bigode não sai lá da zona, é que lá tem uma puta, que é sua amante. Já o Edi Bala, diz que viró crente da Assembléia de Deus, e vive pregando Jesus prá lá, Jesus prá cá, mode enganá os outros. Aquele não é flor que se cheire, é pior do que uma “Pico de Jaca”, de perigoso. – Dissera  um dos homens a Tião, que ouvia tudo com  grande atenção.

                   Naquela noite, já em sua casa, Tião não conseguia dormir, virava de um lado e de outro na cama, lembrando do que havia escutado daqueles dois bêbados. Quando mais pensava, sentia o seu peito apertar e revolta e ódio, quando lembrava do seu pai, morto na frente da casa. Tião levantou, seu corpo estava suado, fazia muito calor naquela noite, o que contribuía para que não conseguisse dormir. Caminhou até o quintal de sua casa, e olhou para o céu apreciando a lua cheia, que como um botão amarelo deixava a noite clara. Respirou fundo, sentindo o cheiro fresco da noite. Levantou seus olhos para o céu e disse em voz baixa.

                   _ Juro por Deus, que ainda vou vingá a morte do meu pai! - Quando dissera isto, seus olhos encheram-se de lágrimas, lembrando do seu pai, companheiro de pescarias e caçadas. Os galos da redondeza, já começavam a cantar, anunciando que o Sol já estava por surgir.

CONTINUA............


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