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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Memorias de outrora.



     O vento sopra lá fora, amenizando o calor mato-grossense, no céu claro sem nuvens a Lua brilha intensamente.

    No asfalto ouve-se o ruído de folhas secas sendo empurras de um lado para outro, fazendo-me lembrar das noites frias de julho em Assis interior de São Paulo.

    Um Jovem de cabelos negros e encaracolados subindo uma das ruas de sua cidade, as mãos geladas enfiadas no bolso de um singelo casaco em busca de um pouco de calor. Os olhos avermelhados de um sonhador, assobiando uma estrofe de um roque qualquer.

    Cascas de vagens secas de sementes das “sibipirunas” estalam sob seus pés, quebrando o silêncio do seu coração, ao longe se escuta a batida e o toque melancólico do relógio da Catedral, anunciando que está na hora de se recolher.

    O vento frio espantou as pessoas das ruas, todos estão enfurnados em suas casas talvez em baixo de um cobertor. O cargueiro buzina nos trilhos da antiga sorocabana ecoando noite adentro.

    Chega-se a Ferroviária pela Rua Brasil, dobra-se a Bonfim abaixo para chegar naquela casa. Olha em volta tudo está diferente. A casa não é a mesma, seus pais já a muito se foram, a cidade é completamente estranha para aquele momentâneo e saudoso sonhador.

    Há somente fragmentos de memórias que ainda persistem em fazer lembrar que um dia bem distante no passado caminhava à noite retornando para casa.

    Hoje não há cabelos encaracolados, somente uma reluzente calvície e alguns renitentes cabelos brancos.Sulcos começam a brotar em seu rosto marcas de um tempo que insiste em passar.

    Quando jovem era loucamente amado pelas mulheres de todas as cores e tons, pois as amava também como elas queriam serem amadas.

    Restou-se somente memórias fragmentadas em seu eu de outrora. Ainda pode escutar a buzina do cargueiro que agora já soa em um passado a muito distante.





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