Um
Marimbondo zumbindo com um fremir de asas pousa junto a uma delicada Flor, que
timidamente exala um doce perfume.
Rapidamente
ele ingressa para o interno da pétala, passando a se fartar do doce néctar e
banhar-se nos mais límpidos e amarelados grãozinhos de pólen fixados em suas
anteras.
A
flor entra em completo êxtase sabendo que os grãozinhos de pólen que Vespa
carregará retido em seu corpo, em visita a próxima flor, perpetuará sua
espécie, produzindo frutos, sementes, plantas e novas flores, embelezando ainda
mais os campos e as florestas.
E
rapidamente o inseto alça voo daquela pétala, para pousar em seguida em outra
igualmente perfumada, prosseguindo-se com sua matinal rotina.
De
repente para de zumbir e fixa-se em um sútil movimento que se passa na folha ao
lado. É uma Aranha, armada de afinados agulhões a espreita de uma descuidada
vítima.
A
Vespa, mesmo amarelada pelos pólens das flores, ferozmente investe contra o
aracnídeo para em seguida com seu afiado ferrão aplicar-lhe uma dolorosa
ferroada na altura do seu abdômen, imobilizando-a porém sem tirar-lhe a vida.
Agarra-a
pelo dorso e num frenético esforço
carrega-a para um casulo recém construído com a argila extraída do córrego
vizinho. Empurra a aranha para dentro deste casulo de barro, e sobre seu inerte
abdômen anestesiado pelo poderoso veneno, coloca um ovo, lacrando-o por fora
com mais argila baldeada das margens daquele límpido riozinho.
Cumpri
assim, sua função reprodutora, arrumando abrigo e alimento para a sua cria, que
ainda em forma de larva irá se fartar da aranha, que viva, porém imóvel,
aguarda para ser aos poucos devorada.
E
novamente cai a tarde prenunciando a chegada da noite, que trará consigo a
luminosidade prateada da Lua e mais perfumes de flores noturnas, aguçando ainda
mais o frenesi de insetos e morcegos que delas se fartarão de néctar e pólen,
prosseguindo-se assim com o ciclo de vida e perpetuação de espécies.
A
vida ao mesmo tempo que se faz romântica e poética, pelo perfumes de flores,
pode ser moldada com veneno e ferroadas, mas, assim mesmo continua bela e
misteriosa aos olhos de um louco poeta.
Assim
é o amor, ao iniciar-se exala perfume e um doce néctar nos lábios da mulher
amada, porém havendo desavenças, traições e ciúmes pode acabar com uma dolorosa
ferroada impregnada de um tóxico e irremediável veneno, alimento para o
desprezo e consequente ódio.
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