O
tempo insiste em passar, é complicado para o velho praticante de esporte, que
vê esvair em suas forças a vontade de continuar competindo. Para o pai que vê
os filhos crescendo, casando e lhe dando netos, porém agora como avô não tem forças para continuar
lutando.
Os
cabelos, quando ainda existem, ficam prateados. Há aqueles que buscam meios
artificiais para continuar ridiculamente jovem, porém lá dentro, no mundo
recôndito do peito, o relógio da vida repetindo que o tempo está passando e todo
produto tem validade.
Junto
com tudo isto surge abruptamente o saudosismo, de como era bom àqueles tempos
pretéritos. Para quem envelhece, parece que no passado tudo era melhor. A
música, a arte, a escola a poesia, a jovem namorada que hoje não é mais jovem,
o velho cavalo que a cobra picou, aquela bicicleta vermelha com lanterninhas na
“garupeira”, manga verde com sal trepado no pé, enfim, qualquer motivo que seja para revivermos, nem que seja por
alguns minutos aquele tempo que a muito passou.
De
tempos em tempos ela retorna e quando retorna acampa no peito alojando-se como
uma invasora. Não adiante fugir, de nada resulta esconder-se, pois certamente
irá ser encontrado.
Correr!?!
Para onde?!! Todos os esconderijos ela conhece! Alguém algum dia escreveu que
ela “quando não cabe no peito transborda nos olhos”. Só nos resta então a
lembrança dos momentos passados, que a invasora saudade insiste a nos recordar.
Olha
no espelho, nele refletido a face dos dias e do tempo, marcada pelas rugas que
vão da alegria ao sofrimento. Tic! Tac! Tic! Tac!...Lá fora pelos arrabaldes da
vizinhança, o galo timidamente canta, prenunciando o alvorecer.
Mais
um dia inicia-se com o cantar barulhento dos pássaros, para logo, no passar
das horas sucumbir-se na escuridão da noite. É o tempo passando novamente em
forma de dia e noite.
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