A
passagem que irei contar agora se passou com um cliente e amigo meu, cujo nome
permanecerá em sigilo. Vamos chama-lo ficticiamente de “Jaiminho”.
Pois
bem, Jaiminho me contara que no passado quando ainda era motorista de caminhão,
fora vítima de um assalto que contribuiu em muito para que este mudasse de
profissão.
Contou-me
ele, que uma noite, em uma certa cidade localizada no Oeste do Paraná quase na
fronteira entre Brasil e Paraguai, fora acometido por uma súbita vontade de
evacuar, levando a encostar sua carreta, próximo a um trevo de entrada daquela
cidade.
Depois
de ter se aliviado, ao retornar para seu caminhão fora surpreendido por uns
elementos, que encostaram um automóvel atrás do seu caminhão, e anunciaram o
assalto.
Rendido
pelos bandidos, fora amarrado, vendado e teve seus ouvidos tampados por
chumaços de algodão, decerto para que este além de não enxergar também não
escutasse que os assaltantes tramavam. Foi colocado no banco traseiro do
veículo dos bandidos, enquanto um deles assumira o volante da carreta
conduzindo-a rumo por ele ignorado.
Jaiminho
ficara então com os outros dois bandidos,
que se colocaram em movimento por
estradas segundarias entre meios às lavouras, decerto com o propósito de
aguardar que o caminhão roubado deixasse o território nacional passando pela
fronteira rumo ao Paraguai.
Pela
fresta da venda que tampava seus olhos, pode observar a silhueta de um dos meliantes,
que empunhava uma arma e a apontava em sua direção, e que volta e meia olhava
para trás para conferir se a vítima estava bem imobilizada.
Jaiminho
mantinha-se calmo, pois no fundo temia o que poderia lhe ocorrer. Um dos
assaltantes de vez em quando lhe vazia uma pergunta, decerto para ver se
Jaiminho estava ouvindo a suas conversas, porém este fazia como se nada
escutasse com o evidente propósito de salvaguardar sua integridade física. Porém Jaiminho, apesar
dos chumaços de algodão que lhe fora enfiado na orelha, podia ouvir muito bem a
conversa dos bandidos.
Já
próximo do amanhecer os assaltantes pararam o veículo em meio de uma lavoura, e
fizeram Jaiminho descer. Neste momento ele achou que sua vida seria ceifada
pelos bandidos. Porém um deles ordenou que este tirasse a camiseta e a bermuda
que vestia, deixando completamente nu. Em seguida desamarraram seus punhos, montaram
no veículo e seguiram em frente deixando Jaiminho nu e vivo.
Jaiminho
não fazia ideia de onde estava, caminhou alguns metros e encontrou um saco
plástico de adubo, que usou para tentar cobrir sua nudez. Ao continuar
caminhando pela estradinha de terra batida, logo encontrou uma camionete que
levava trabalhadores rurais para o serviço, pedindo socorro aos seus condutores
que prontamente lhe ajudaram arrumando algo que pudesse vestir.
Após isto, Jaiminho e seu sócio foram até a
delegacia de Polícia daquela cidade para formular a queixa pelo roubo sofrido,
e ao ser atendido por um Policial Civil, ficou pasmo, pois aquele que lhe fazia
as perguntas era um dos que o havia
assaltado na noite anterior. Justamente aquele que ele podia ver por uma das extremidades de sua venda. Pode
também reconhecer sua voz.
O
Policial insistia com as perguntas se ele não reconhecia quem o havia assaltado,
Jaiminho ficavam repetindo que não, e repetia que havia sido vendado e tivera
seus ouvidos tapados.
Quando
deixou a Delegacia, fora questionado pelo seu sócio que havia vindo para lhe
dar apoio naquele momento difícil, o porquê de não falar para o policial que
pode ver o rosto de um dos assaltantes?!
Jaiminho respondeu ao seu sócio que um dos assaltantes era aquele
policial.
Após
isto, ambos deixaram logo o local e aquela cidade com receio de serem mortos.
Pois naquele caso específico a quadrilha estava dentro da própria policia. Foi
assim que me contaram.
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