Era meados de setembro de 1986, a
pequena aeronave sobrevoava a exuberante floresta amazônica que cobria quase
toda a região do noroeste matogrossense. Entre o vasto tapete de gigantescas
árvores, de mognos, cerejeiras, castanheiras e outras espécies nativas,
serpenteavam inúmeros pequenos córregos e igarapés afluentes dos grandes rios
que os pilotos costumavam ter como ponto de referência.
Minutos após, já podia avistar a
confluência dos majestosos Rios Juruena e Arinos. Pouco antes Arinos acima
haviam visualizado o Rio do Peixe que também emprestava suas águas, para juntos
seguirem em direção ao norte e abaixo do Salto Augusto formarem o Grande Tapajós
isto já em terras do Estado do Amazonas.
Os passageiros do pequeno Cesna,
eram candidatos a uma vaga na Assembléia Legislativa Estadual pelo PMDB e
estavam em plena campanha eleitoral e iam de Juara em Direção a Aripuanã, para
depois retornarem a Juína onde decerto participariam de um Comício com a
presença do candidato Majoritário ao Governo do Estado Carlos Gomes Bezerra.
Naquele tempo haviam grandes trechos sem pavimentação e era quase impossível se
fazer uma campanha por estradas, que muitas das vezes estavam sem nenhuma
manutenção.
Em certo momento do vôo foram
surpreendidos por um forte cheiro de fio queimado, levando-os a completo
pânico, pois certamente se o avião perdesse altitude e caíssem na floresta não
haveria sobreviventes e certamente demorariam em encontrar até os restos. O vôo
tornou-se tenso e o piloto insistia para que os passageiros mantivessem a calma
que ele iria achar uma pista em uma fazenda qualquer para pousar o avião.
Mas isto não confortava os
passageiros apavorados com o aumento do cheiro de queimado já começavam
desesperar-se porém o piloto mantinha sua calma conduzindo a aeronave em direção
ao seu destino.
Momento seguinte, um dos
passageiros da aeronave, acostumado a voar em aviões com asas em baixo, olhou
pela janela e esquecendo que voava em um Cesna, deu um grande grito de terror –
“A asa!...o avião perdeu a asa!!!...” Causando uma grande gritaria entre os
passageiros, foi quando interviu o piloto e lhes dizendo para que olhassem para
cima que a asa estava onde sempre esteve. Felizmente o Piloto conseguiu voar
até o destino, após constatar não ter havido gravidade no cheiro de queimado.
Toda vez que me lembro desta
passagem, contada por um daqueles
passageiros, fico a imaginar o desespero que passaram e o susto que haviam
levados quando um deles gritou que o avião havia perdido a asa. Se eu estivesse
lá com eles certamente não precisaria comer nozes argentinas (aquelas
distribuídas na borracharia do Telmo para sacanear os amigos) ou tomar laxante pois isto
seria desnecessário frente ao susto que foram submetidos.
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