Brincadeiras de crianças.(I)
Uns tempos atrás, ainda quando minha filha caçula morava conosco, ela então em férias escolares, e eu ao chegar em casa após um exaustivo dia de trabalho, fiquei a observa-la em frente da televisão.
Vendo ela absorta na programação do canal sintonizado lembrei que hora antes por ocasião do almoço, ela já se encontrava em frente da televisão, e naquele momento em minha cabeça calva encheu de boas recordações. Passei a lembrar dos meus tempos de criança.
Lembrei-me quando não havia aulas devido a um feriado ou férias escolares, nos meninos, levantávamos cedo (para isto não tínhamos preguiça) e sem ninguém chamar, e em seguida saía em busca de diversão pelas redondezas de nossas casas.
Em um campinho improvisado de terra batida ou de gramado ruído pelo pisoteio, sempre nos diversos terrenos baldios, lá estava a garotada, esperando os demais amigos para interar o time e dar início à costumeira pelada.
Era só a bola rolar, que aos gritos e nome feios a molecada divertia-se correndo atrás da pelota, quase sempre com regras próprias e sem árbitros para atrapalhar. Como era bom nosso tempo de infância, sem violência, sem televisão, sem internet, sem as complicações e a concorrência destes tempos modernos. (bom?! Sem Internet, nem tanto né!?!).
Lembrei-me de outras brincadeiras, que fazíamos no entardecer e que ia até noite adentro, tudo em prol do saudável divertimento cotidiano. Pique-salvas, pique-latinha, esconde-esconde e outras brincadeiras a mais.
Voltei-me a minha filha, prostrada em frente aquela tela quadrada, e passei a imaginar quantas outras crianças, desperdiçavam sua infância em frente de uma televisão, não que eu como pai considerado ranzinza e super-protetor, gostasse de ver minha filhinha correndo pelas ruas, mas sim a vendo participar das brincadeiras que as meninas de minha época praticavam em frente de seus lares e quase sempre sob a vigília incansável dos pais.
Fiquei um momento a observá-la, sem cair no erro de querer interromper o seu programa, pois tinha certeza que iria ouvir aquela frase de sempre – ah! Paiê! Agora to assistindo!!!. Receoso resguardei-me de interpelá-la em sua programação, e logo lembrei da internet, pois sabia, que assim ela deixaria a frente da tevê iria assumir a frente do computador, navegando no Orkut, MSN, Youtube e outros “sites” mais.
Foi quando tive uma idéia, em tentar mostrar para ela como era as brincadeiras de outrora, mandando via e-mail, que certamente ela iria ler sem protestos ou retrucos como costumam fazer os adolescentes de hoje. A correspondência era mais ou menos assim:
“Antigamente quando a televisão ainda era um sonho, pelos menos para as classes menos privilegiadas via-se pelas ruas dos bairros, principalmente nas pequenas cidades interioranas, crianças correndo, gritando simplesmente brincando.
Hoje ao andar pelos bairros e jardins, somente encontra-se alguns casais de namorados, e ruas desertas como se não existissem crianças. O único ruído a se ouvir, é o som vindo do interior das casas, emitido por um aparelho de televisão sintonizada na novela das oito. Porém antes disto, estava sintonizada na novela das sete, das seis, das cinco e até mesmo no “vale a pena ver de novo”. Que tédio!.
Nossas crianças crescem antes da hora. Já não brincam mais, não correm pelas ruas, não gritam, não xingam ,(não que xingar seja bonito! rsss...) simplesmente assistem televisão.
Que mundo triste e sombrio sem as brincadeiras de outrora. Na esperança que um dia as crianças voltem a ser crianças como no passado, resolvi a relatar as muitas das brincadeiras que vivi.
Nas noites quentes de verão, correndo descalço pelas ruas de minha cidade, (Assis-SP) eu e mais um punhado de “moleques”, juntávamos em baixo de um poste de luz qualquer para ali, formarem as equipes em seguida dar-mos início ao pique-salvo.
Esta brincadeira constituía em dividir em duas equipes a molecada da vizinhança, com o propósito de se divertir. As equipes quase sempre eram formadas de números iguais de moleques prontos a iniciar a feliz e divertida algazarra.
No par ou impar, se escolhia os componentes de cada equipe e também quem começava “pegando”, que consistia em correr e perseguir os moleques da outra equipe, para dominar-lhes e aplicar-lhes três tapas em suas costas. O dominado era encaminhado para o “pique”, um poste de luz, onde ficava com os braços estendidos, esperando que um membro de sua equipe viesse a salva-lo.
O objetivo da equipe perseguidora era dominar os demais moleques, sem deixar que estes conseguissem chegar ao pique, onde estava o dominado com o seu braço estendido. Se um dos moleques da equipe do dominado conseguisse tocar no que estava ali pego, ele estaria salvo, e poderia correr até ser dominado novamente.
Se todos os moleques fossem dominados, sem que outros conseguissem salva-los, a equipe que estava pegando, passava a correr, e os perdedores dominados, iniciavam “o pega” invertendo assim as posições.
Ninguém se preocupava com assaltos, drogas ou outras idiotices mais, e a brincadeira além de divertimento, era uma verdadeira prática de esportes, que certamente contribuía em muito com a saúde daquela feliz garotada. Pena que as crianças de hoje só querem saber de assistir os desenhos e as novelas idiotas, ou ficar em frente do computador e não mais sabem se divertir.
A brincadeira somente acabava tarde da noite quando os pais chamavam as crianças para tomarem banho e dormirem. “
Foi dessa forma que busquei a mostrar para minha filha como seu pai um dia foi criança e como se divertia. Concluí para ela, que aquilo tinha por objetivo que em um dia ela ensinasse seus filhos ou sobrinhos a se divertir como em um dia perdido do nosso passado a criançada se divertia. Saudades.
Nilton Flávio Ribeiro (niltonflavioribeiro.blogspot.com)
Uns tempos atrás, ainda quando minha filha caçula morava conosco, ela então em férias escolares, e eu ao chegar em casa após um exaustivo dia de trabalho, fiquei a observa-la em frente da televisão.
Vendo ela absorta na programação do canal sintonizado lembrei que hora antes por ocasião do almoço, ela já se encontrava em frente da televisão, e naquele momento em minha cabeça calva encheu de boas recordações. Passei a lembrar dos meus tempos de criança.
Lembrei-me quando não havia aulas devido a um feriado ou férias escolares, nos meninos, levantávamos cedo (para isto não tínhamos preguiça) e sem ninguém chamar, e em seguida saía em busca de diversão pelas redondezas de nossas casas.
Em um campinho improvisado de terra batida ou de gramado ruído pelo pisoteio, sempre nos diversos terrenos baldios, lá estava a garotada, esperando os demais amigos para interar o time e dar início à costumeira pelada.
Era só a bola rolar, que aos gritos e nome feios a molecada divertia-se correndo atrás da pelota, quase sempre com regras próprias e sem árbitros para atrapalhar. Como era bom nosso tempo de infância, sem violência, sem televisão, sem internet, sem as complicações e a concorrência destes tempos modernos. (bom?! Sem Internet, nem tanto né!?!).
Lembrei-me de outras brincadeiras, que fazíamos no entardecer e que ia até noite adentro, tudo em prol do saudável divertimento cotidiano. Pique-salvas, pique-latinha, esconde-esconde e outras brincadeiras a mais.
Voltei-me a minha filha, prostrada em frente aquela tela quadrada, e passei a imaginar quantas outras crianças, desperdiçavam sua infância em frente de uma televisão, não que eu como pai considerado ranzinza e super-protetor, gostasse de ver minha filhinha correndo pelas ruas, mas sim a vendo participar das brincadeiras que as meninas de minha época praticavam em frente de seus lares e quase sempre sob a vigília incansável dos pais.
Fiquei um momento a observá-la, sem cair no erro de querer interromper o seu programa, pois tinha certeza que iria ouvir aquela frase de sempre – ah! Paiê! Agora to assistindo!!!. Receoso resguardei-me de interpelá-la em sua programação, e logo lembrei da internet, pois sabia, que assim ela deixaria a frente da tevê iria assumir a frente do computador, navegando no Orkut, MSN, Youtube e outros “sites” mais.
Foi quando tive uma idéia, em tentar mostrar para ela como era as brincadeiras de outrora, mandando via e-mail, que certamente ela iria ler sem protestos ou retrucos como costumam fazer os adolescentes de hoje. A correspondência era mais ou menos assim:
“Antigamente quando a televisão ainda era um sonho, pelos menos para as classes menos privilegiadas via-se pelas ruas dos bairros, principalmente nas pequenas cidades interioranas, crianças correndo, gritando simplesmente brincando.
Hoje ao andar pelos bairros e jardins, somente encontra-se alguns casais de namorados, e ruas desertas como se não existissem crianças. O único ruído a se ouvir, é o som vindo do interior das casas, emitido por um aparelho de televisão sintonizada na novela das oito. Porém antes disto, estava sintonizada na novela das sete, das seis, das cinco e até mesmo no “vale a pena ver de novo”. Que tédio!.
Nossas crianças crescem antes da hora. Já não brincam mais, não correm pelas ruas, não gritam, não xingam ,(não que xingar seja bonito! rsss...) simplesmente assistem televisão.
Que mundo triste e sombrio sem as brincadeiras de outrora. Na esperança que um dia as crianças voltem a ser crianças como no passado, resolvi a relatar as muitas das brincadeiras que vivi.
Nas noites quentes de verão, correndo descalço pelas ruas de minha cidade, (Assis-SP) eu e mais um punhado de “moleques”, juntávamos em baixo de um poste de luz qualquer para ali, formarem as equipes em seguida dar-mos início ao pique-salvo.
Esta brincadeira constituía em dividir em duas equipes a molecada da vizinhança, com o propósito de se divertir. As equipes quase sempre eram formadas de números iguais de moleques prontos a iniciar a feliz e divertida algazarra.
No par ou impar, se escolhia os componentes de cada equipe e também quem começava “pegando”, que consistia em correr e perseguir os moleques da outra equipe, para dominar-lhes e aplicar-lhes três tapas em suas costas. O dominado era encaminhado para o “pique”, um poste de luz, onde ficava com os braços estendidos, esperando que um membro de sua equipe viesse a salva-lo.
O objetivo da equipe perseguidora era dominar os demais moleques, sem deixar que estes conseguissem chegar ao pique, onde estava o dominado com o seu braço estendido. Se um dos moleques da equipe do dominado conseguisse tocar no que estava ali pego, ele estaria salvo, e poderia correr até ser dominado novamente.
Se todos os moleques fossem dominados, sem que outros conseguissem salva-los, a equipe que estava pegando, passava a correr, e os perdedores dominados, iniciavam “o pega” invertendo assim as posições.
Ninguém se preocupava com assaltos, drogas ou outras idiotices mais, e a brincadeira além de divertimento, era uma verdadeira prática de esportes, que certamente contribuía em muito com a saúde daquela feliz garotada. Pena que as crianças de hoje só querem saber de assistir os desenhos e as novelas idiotas, ou ficar em frente do computador e não mais sabem se divertir.
A brincadeira somente acabava tarde da noite quando os pais chamavam as crianças para tomarem banho e dormirem. “
Foi dessa forma que busquei a mostrar para minha filha como seu pai um dia foi criança e como se divertia. Concluí para ela, que aquilo tinha por objetivo que em um dia ela ensinasse seus filhos ou sobrinhos a se divertir como em um dia perdido do nosso passado a criançada se divertia. Saudades.
Nilton Flávio Ribeiro (niltonflavioribeiro.blogspot.com)
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