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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

FOI ASSIM QUE ME CONTARAM (II)

Há muito tempo atrás, no tempo de minha adolescência, uma vez conversando com um amigo de meu irmão, chamado Gerson, este me contou um fato ocorrido em São Paulo. Gersão como então o chamávamos devido seu tamanho avantajado e gordo, falou em um conflito de terras acontecido na região conhecida como “baixada amarela”, localidade existente próximo onde hoje é Cruzália e Maracaí, estavam em armas dois grandes fazendeiros daquela região, na disputa de uma considerável área de terras.
Um dos litigantes, fazendeiro renomado e endinheirado, grande criador de gado, impaciente com a morosidade do aparelho judicial, contratou dois bons “pistoleiros”, para eliminar o seu desafeto.
O encomendado morava na capital do Estado, e era pessoa difícil de se localizar, descendentes de libanês, era conhecido como “turco”, aliás, nome dado a todo imigrante árabe, seja ele, Libanês, Sírio, Egípcio ou outra nacionalidade vinda do oriente médio. Para nós brasileiros, todos são “turcos” e até hoje eu não entendi o por que.
Turco morava em um prédio de apartamentos em uma região de grande movimentação de pessoas, bairro misto com prédios residenciais e pequenos comércios, o que dificultava a ação dos contratados para cumprir sua empreitada.
Os pistoleiros então começaram a estudar os hábitos de sua vítima, espreitando a hora de sua saída e de sua chegada em sua morada, com o evidente propósito de assassiná-lo já que este era o objetivo de suas empreitadas. Os pistoleiros deveriam indagar entre ambos de como seria feito o serviços, já que a movimentação daquele bairro era intensa e com muitas crianças brincando nas ruas.
Era o mês de junho e os dias em São Paulo, ficavam frios e sombrios no cair da noite, só que a morada da vítima era inacessível aos estranhos que pretendiam por término em sua vida.
Os dois pistoleiros então resolveram que a melhor hora de cumprir o seu contrato seria na luz do dia, quando Turco chegasse em seu prédio para almoçar, e nisto ele era pontual. Mas como fazer com toda aquela gente transitando pra lá e pra cá, os disparos iriam chamar atenção de alguém que então poderia alertar a polícia.
Um dos algozes então teve uma idéia ao observar o considerável número de crianças que brincavam pela redondeza, e como era mês de junho, dirigiu-se em uma das casas de fogos e artifícios da redondeza e comprou uma grande quantidade de bombinhas. Então de posse destas bombinhas passou a distribuí-las entre os infantes da redondeza, dizendo que era amostra grátis de uma nova marca de fogos e artifícios.
As criançadas de posse destas bombinhas iniciaram um tremendo tiroteio, havia estouro por toda a circunscrição da morada do turco, e dessa forma foi acostumando as pessoas que ali moravam ou que passavam com os constantes estouros. Os pistoleiros se colocaram em prontidão, aguardando sua vítima, pois já era hora do almoço e Turco costumava ser pontual.
Não passou muito tempo, para que turco chegasse para o almoço. Encostou seu veículo no lugar de costume e desapercebidamente desembarcou iniciando caminhada em direção ao seu prédio, onde havia dois estranhos em sua frente que conversava animadamente. Ambos seguravam um pacote que parecia ser de compras, E turco nem suspeitava que com eles estivesse traçado sua sina.
Quando chegou perto dos estranhos estes sacaram de revolveres que estava dentro do pacote e o dispararam contra a vítima, que caiu ao solo ferido de morte. Os pistoleiros calmamente se retiraram do local do crime misturando na multidão de transeuntes deixando para trás o corpo do Turco sem vida estirada na calçada frente ao prédio, cumprindo assim sua fatal empreitada.
Os pistoleiros cumpriram com sua missão, usando de esperteza e criatividade, ao distribuir as bombinhas para as criançadas, acostumou os moradores com as explosões, e ao fazerem os disparos de suas armas de fogo, não levantaram quaisquer suspeita. Os moradores decerto ao ouvirem aqueles disparos, imaginaram ser as bombinhas estouradas incansavelmente pela criançada, ignorando-as, como os algozes planejaram.
Nilton Flávio Ribeiro.

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