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quarta-feira, 26 de março de 2014

PERSEGUINDO A VINGANÇA - 26ª PARTE.




                   O jovem Tião passou a ser assíduo frequentador do prostíbulo de Suzete, fazendo amizade com a maioria das mulheres daquele local e principalmente com o seu dono.
                   Sua ida naquele local, não era simplesmente para satisfazer seus instintos carnais, mas sim de ganhar a confiança daquelas pessoas e assim poder cumprir a promessa feita ao lado do corpo do seu pai. Quase todas ocasiões que lá estava, via com frequência o alvo de sua vingança.
                   Certa ocasião em que estava com Julia no quarto, pode ouvir as brigas de Bigode com sua amante, chegando a escutar os estalos dos tapas que este proferia naquela pobre mulher.
                   Segundo Julia falara para ele, ela apanhava sem reclamar, pois tinha medo das consequências se de um modo ou de outro reagisse a aquelas agressões.
                   Em uma noite Tião pode conhecer Maria amante de Bigode. Era uma mulher simples e aparentava ter uns quarenta anos de idade devido sua aparência sofrida. Poucos sabiam que ela era uma mulher beirando os trinta anos.
                   Quando Bigode não se encontrava no prostíbulo ela deixava o quarto para relacionar com as pessoas frequentadoras do bordel e até fazia  programas a escondida do seu amásio.
                  E assim passava as noites na zona de meretrício, onde Tião frequentemente estava com o propósito de estudar o seu alvo.
                   Em uma daquelas noites pode ver a camionete de Bigode estacionada no pátio da casa de tolerância. De longe pode observar que Tião Bigode caminhava a passos largos em direção ao quarto de sua amásia.
                   Era cedo ainda, porém Tião olhou para o céu e o viu entre as nuvens este salpicado de estrelas reluzentes. Não havia lua à noite estava escura.
                   Lembrou do que havia aprendido com seu saudoso pai, de que as noites escuras são propícias para uma boa caçada.
                   Despediu-se do pessoal do prostíbulo já que Julia não estava disponível, dirigiu-se a velha bicicleta costumeiramente emprestada e a pedalou com vigor até o posto.
                   Ao chegar lá viu Pedro que já foi logo indagando:
                   _Ué minino, chego cedo?!!
                   _Cheguei mas já estou vortando?!! – Falou Tião ao seu interlocutor.
                   _Vim só pegar uma coisa e já to indo. – Prosseguiu  Tião respondendo a curiosa indagação de Pedro.
                   _Ocê não esta precisando da magrela?!! – Perguntou-lhe Tião.
                  _Onde eu iria minino, se tenho que trabaia?!! – Respondeu-lhe o sorridente Pedro.
                   _Verdade!!! – Confirmou Tião, caminhando em direção ao seu quarto aos fundos da borracharia.
                   O Jovem, entrou em seu quarto para em seguida levantar o colchão e alcançar o velho revólver estrategicamente escondido, municiou-o com as balas que este por hábito as guardava em um pé de meia velha, colocando na cinta na parte de detrás em sua costa.
                   Pegou a bicicleta e  a pedalou em direção de volta ao prostíbulo, porém desta vez, parou antes do seu destino escondendo-a em um terreno baldio tomado por pés de mamona e capim alto. Pôs a caminhar em direção ao prostíbulo fazendo se acobertar pelo véu escuro da noite.
                   Chegando lá buscou-se esconder entre a vegetação e de lá ficou imóvel fitando o quarto de Maria sabendo que lá estaria Bigode, como se esperasse a caça no poleiro próximo ao pé de tucumam.
                   Não demorou muito para que Tião ouvisse o espetáculo causado por bigode agredindo sua amante. Tião sabia que isto acontecia com frequência quando Bigode estava embriagado.
              Era ter paciência, pois logo Maria deixaria o quarto escorraçada pelas agressões sofrida indo dormir com uma amiga que estivesse desacompanhada.
                   Distante Tião podia ver Suzete gritando com Bigode, e o xingando como  costumeiramente fazia. Não demorou muito para que o silêncio tomasse conta da zona, foi quando Tião viu que a porta do quarto abriu e de lá saiu Maria caminhando para um outro quarto.
                  O Jovem sabia que Bigode estava no quarto, totalmente tomado pelo álcool tornando-se uma presa fácil para que ele cumprisse sua sina.
                  Tião olhou para os lados para ver se havia alguém por perto, comprovando que estava só caminhou com cuidado em direção ao quarto localizado aos fundos do prostíbulo.
                   Quando ia se aproximando sentia seu coração acelerar palpitando com a emoção. Tião lembrou que era a mesma emoção que sentia quando esperava a caça empoleirado na mata quando ouvia o ruído do seu aproximar nas folhas secas do chão da floresta, o coração disparava de emoção.
                   O Jovem subiu o alpendre existente antes do quarto cuidadosamente a fim de não fazer ruído e chamar a atenção de alguém. Já em frente ao quarto, abriu a maçaneta com cuidado para não fazer barulho.
                   Com a porta entreaberta, pode ver Bigode deitado de barriga para cima vestindo somente uma cueca, roncando que nem um porco gordo.
                   Ao abrir ainda mais a porta ela rangeu pela falta de óleo em suas dobradiças foi quando Bigode deu uma engasgada em uma pequena  crise de apneia acordando e olhando para o vulto que adentrava ao quarto sem distingui-lo no escuro do ambiente, e foi logo dizendo:
                   _Quem está aí?!!
                   _Errou de quarto, dê o fora!!! – Prosseguiu bigode tentando alcançar o interruptor da luz pendurado sob a cama.
                   _Não errei não!!! – Respondendo-lhe Tião já com a arma em punho.
                   _Isto é pelo meu pai seu filho da puta!!! – Dissera-lhe Tião, para em seguida apertar o gatilho repentinamente descarregando o revolver contra o seu alvo.
                   Na cabeça do jovem vingador este tinha certeza que aquele animal, havia de ser abatido com vigor, pois era uma enorme cobra peçonhenta que poderia lhe dar um golpe fatal.
                   Bigode rolou da cama gemendo e grunhindo como um porco selvagem alvejado pelos diversos disparos que o acertaram desde o abdômen até a altura do tronco e pescoço para em seguida cair ao chão em um baque seco. Um dos disparos levou o projétil a alojar bem em seu coração.
                   Tião deixou o local e correu em direção a vegetação existente próxima dali para esconder-se, sendo que de lá podia ver o alvoroço das pessoas que corriam assustadas de um lado para outro  despertadas pelos estampidos que ecoaram noite adentro, parcialmente abafados pelas paredes daquele quarto escuro.
                   O Jovem apressou-se acobertado pelo escuro até onde estava a bicicleta, para após deixar aquele local o mais rápido possível.
                   Enquanto pedalava lembrava da cena criminosa que havia perpetrado em sua cabeça. O grunhido de dor e  horror que aquela víbora peçonhenta soltara na hora de sua morte.
                   Novamente havia em seu peito regozijo pelo que acabara de fazer, a sensação do dever cumprido havia apaziguado sua sedenta alma.
                   Pedalou até a ponte do rio Cuiabá e  sob ela encostou a bicicleta para atirar o revolver em suas águas barrentas encoberta pela escuridão da noite.
                   Ficou por alguns instantes parado sobre ela observando o rio que refletia em suas aguas barrentas o reluzir das diversas estrelas que naquela noite habitavam o céu.
                   Havia uma brisa suave e perfumada da noite, que vez ou outra exalava em uma mistura de flor com cheiro de algas. Uma suave bruma começava a ascender do leito do rio, o jovem então pegou a bicicleta e rumou em direção ao posto.
                   Chegando lá, Tião pode ver que seu amigo Pedro cochilava sobre o banco. O jovem aproximou com cuidado para que este não acordasse deixando a bicicleta ao lado e dirigindo-se em direção ao seu quarto.
                   Passou uma água rápida no rosto e nos braços para em seguida deitar-se, alegrava por ter cumprido em parte sua promessa. Havia matado os dois homens que tinha abatido de forma violenta o seu velho pai.
                   Sabia ele que sua vingança não estava completa, pois ainda existia um distante de seu alcance. Havia ainda outro a ser morto, mas deixaria sob a vontade de Deus. Havia ainda o mandante do crime que vitimara seu saudoso pai.  Fechou os olhos e dormiu como a tempo não dormia.

CONTINUA.........

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