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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

FIÃO, DON JUAN E GARGANTA.



    Era uma simpática cidadezinha do sertão mato-grossense que ele há muito havia escolhido como sua morada. Fião Cuiabano de “tchapa e cruiz” gostava de tomar suas cachaças no final da tarde pelos  bares, botecos e lanchonetes daquela localidade.

    Era um gabola ao extremo e quando estava alcoolizado, dizia ter-se relacionado com todas as mulheres da redondeza. Muitos sabiam que aquilo era somente prosa pois aquela fama de “Don Juan” da baixada Cuiabana não passava de prosa e alto elogio.

    Fião era um negão alto magro e com uma aparência física que fugia por completo da beleza masculina. Fião mais parecia um pistoleiro ceifador de vidas do que o pegador que se alto intitulava. Em verdade as mulheres fugia dele e de suas investidas inoportunas, quase sempre deselegantes ao extremo.

    Mesmo assim, Fião quando embriagado nas festas e nos bares, via uma mulher e já ia alardeando que a havia comido. Dizia ele:

    _Tá vendo aquela lá?!! – Apontava para a mulher dizendo em seguida:

    _Aquilo é uma biscate!!! Já comi! O marido dela é um corno!  E assim prosseguia Fião com suas infâmias contras aquelas que todos sabiam que ele nunca conseguira ou roubara um beijo se quer.

    Fião morava sozinho em uma casa da periferia daquela pequena cidadezinha, um dia recebendo uns amigos que o estava visitando, os convidou para posar em sua humilde casa, porém já fora logo avisando, com o seu intento gabola, que aquela noite receberia uma visita feminina que dormiria com ele.

    Entre aqueles amigos, havia um que pouco conhecia da sua fama de Don Juan Cuiabano, até mesmo de sua fama de gabola. Este ficou admirado da segurança do “negão” que mais tarde receberia uma mulher em seu quarto para uma noite de amor.

    Prosseguiram até mais tarde tomando uma e outras para depois irem embora para casa do Fião.

    Uma certa hora próximo da meia noite uma de suas visitas, precisamente aquele que a pouco o havia conhecido, escutou um cochicho na porta da frente, como se alguém quisesse alertar uma outra que não estava sozinho.

    Pode reconhecer que a voz que cochichava era a de Fião, foi quando afinara seus tímpanos e entendeu que este dizia:

     _ Psssiu !!!  Entre mas faça silêncio pois estou com visitas.

    Seu amigo ouvindo aquilo pensava consigo mesmo no quarto vizinho:
     _ E não é que o Fião é fera mesmo?!! O Bicho é pegador, não é conversa não!!!

    Passado alguns instantes depois, o amigo visitante levantou-se para ir ao banheiro, e passando frente à porta entreaberta do quarto onde Fião estava resolveu conferir se a moça que ali dormia era bonita.

    Para sua grande surpresa, Fião estava esparramado pela cama só e roncando como um porcão nos braços de Orfeu. Foi assim que seu amigo visitante veio a descobrir o que todos daquela pequena cidadezinha já a muito sabia, que Fião apesar de um artista de categoria de base era um verdadeiro gabola, um Don Juan de araque que não pegava ninguém.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA – 6ª PARTE



              A família, ou o que havia restado dela, vivia agora em uma pequena casa, situada no perímetro urbano da Vila Sapecado. Maria trabalhava como lavadeira, e o filho Tião arrumara um emprego no boteco do Julinho, ajudando na limpeza e no atendimento dos fregueses. Dessa forma mãe e filho buscavam a sobreviver sem a presença do saudoso Zé Chico.

                   Já haviam passados alguns meses, daquele dia fatídico, que a vida de Zé Chico tinha sido ceifada violentamente,  quando um dia lá no boteco, Tião escutara dois peões, que conversava animadamente na mesa do fundo. Ambos já embriagados pela cachaça que tinham freneticamente consumindo.

                   Os desconhecidos peões, falavam de vários assuntos, porém sem conhecer Tião, comentavam justamente, sobre o assassinato do seu pai Zé Chico. Um dos homens, falava para o outro, de quem havia matado o posseiro Zé Chico, tinha sido os pistoleiros  Tião Bigode e Edi Bala, a mando do grileiro e latifundiário Durval José Pereira, que queria a posse de todas aquelas terras.

                   Escutando isto, Tião imediatamente buscou em sua memória, a conversa que escutara pouco antes da morte do seu pai, ali mesmo no recinto do boteco, quando os dois homens referidos pelos Peões, conversavam com o seu falecido pai. Foi quando entendeu o tom ameaçador daquela conversa. Lembrou também daquela noite, quando pescavam no Arinos, que um barco a motor havia descido o rio, e quando os iluminaram com a lanterna, retornaram rio acima. Tião concluiu que a morte do seu pai, já havia sido encomendada, e que os pistoleiros, só estariam esperando o momento certo para agir.

                   Tião sentiu o seu peito encher de revolta, porém mantendo a calma, aproximou dos peões, oferecendo-lhe uma dose de pinga por sua conta, sentando-se a mesa com os estranhos. Com essa atitude, Tião visava ganhar a confiança dos desconhecidos, conseguindo maiores informações sobre o assassinato do seu pai. Foi o que aconteceu, um dos homens começou a falar tudo que sabia sobre o caso, inclusive onde moravam os pistoleiros autores do horrendo crime.

                   _ Pois é seu menino. – Disse  o homem se dirigindo ao Tião, com a língua amortecida e hálito carregado do forte odor de cachaça.

                   _ Tanto o Tião Bigode, como o Edi Bala, foram contratado lá em Rosário, pelo Durvar, prá mode matá o posseiro Zé Chico. – Complementou  ele referindo aos autores do homicídio, que tinha vitimado o pai do rapaz.

                   Tião, forçando a conversa, perguntou aos peões, se os pistoleiros ainda moravam lá em Rosário do Oeste.

                   _ Oiá ! O Tião Bigode não sai lá da zona, é que lá tem uma puta, que é sua amante. Já o Edi Bala, diz que viró crente da Assembléia de Deus, e vive pregando Jesus prá lá, Jesus prá cá, mode enganá os outros. Aquele não é flor que se cheire, é pior do que uma “Pico de Jaca”, de perigoso. – Dissera  um dos homens a Tião, que ouvia tudo com  grande atenção.

                   Naquela noite, já em sua casa, Tião não conseguia dormir, virava de um lado e de outro na cama, lembrando do que havia escutado daqueles dois bêbados. Quando mais pensava, sentia o seu peito apertar e revolta e ódio, quando lembrava do seu pai, morto na frente da casa. Tião levantou, seu corpo estava suado, fazia muito calor naquela noite, o que contribuía para que não conseguisse dormir. Caminhou até o quintal de sua casa, e olhou para o céu apreciando a lua cheia, que como um botão amarelo deixava a noite clara. Respirou fundo, sentindo o cheiro fresco da noite. Levantou seus olhos para o céu e disse em voz baixa.

                   _ Juro por Deus, que ainda vou vingá a morte do meu pai! - Quando dissera isto, seus olhos encheram-se de lágrimas, lembrando do seu pai, companheiro de pescarias e caçadas. Os galos da redondeza, já começavam a cantar, anunciando que o Sol já estava por surgir.

CONTINUA............


terça-feira, 22 de outubro de 2013

A luta de sempre!!!



     Antes de empreender minha ida, indaguei com os amigos qual seria o melhor trajeto para se atingir a corte do poder mato-grossense. Um deles me dissera que eu haveria de escolher, entre ficar atolado nos desvios da baiana, correr o risco de cair na ponte do arinos existente entre os municípios de Porto e Juara, enfrentar o trajeto por Juara andando sob os buracos e crateras existentes na pavimentação, ou simplesmente ir de avião pegando a aeronave na cidade de Sinop.
    Ah! Isto depois de dar uma considerável volta por Tabaporã, já que havia caído uma ponte e outra havia sido queimada por camioneiros.
    Pois é pessoal, apesar dos avanços dos últimos anos, nós reles mortais habitantes do chamado vale do Arinos, continuamos com grandes dificuldades para atingir a Capital do Estado pelo chão.
    Sexta feira passada deixei Porto dos Gaúchos rumo a Capital do Estado, e o trajeto escolhido foi a MT 338 conhecida velha de guerra como “estrada da baiana”.
    Já no trecho onde existem os desvios da pavimentação asfáltica, encontrei as  primeiras dificuldades. Os desvios estavam alagados devido às chuvas precipitadas nos últimos dias.
    Não tive dificuldades em superar os ditos obstáculos, uma vez que o veículo que eu conduzia possuía tração “nas quatros”. Mas imaginem você se fosse um veículo comum de passeio?!!
     Pois bem, prossegui minha viagem enfrentando as dificuldades de sempre, um buraco ali outro acolá, mas até razoável em vista de tempos de outrora.
    A coisa começou mesmo a ficar feia, já na BR 163, pois um acidente envolvendo três caminhões havia parado a rodovia, logo após Nova Mutum. De ambos os lados havia uma fila de caminhões, carretas e  “bitrens” parados. Calculei ums 20 km de congestionamento.
    Por falar em camioneiros, estes “simpáticos cavalheiros”, são contumazes em agravar a situação. Se não consegue passar bloqueiam as estradas a fim de não permitir que mais ninguém passe. Não interessa se existam crianças, idosos ou doentes. Se eles não passam ninguém mais passa.
    Prova disto, foi o que falei no princípio, quando eles invocam com algo queimam pontes ou atravessam seus veículos na pista com o propósito irracional de interromper o trânsito.
    Quanto ao bloqueio falado anteriormente, próximo à Nova Mutum, visualizei um desvio entre a plantação de soja e assim passei o bloqueio sob o olhar de censura e magoa de alguns camioneiros que já haviam tentado bloquear este desvio também jogando pedras e paus para impedirem os veículos menores de utilizar esta opção.
    Já no retorno, foi mais tranquilo, optei pelo trajeto Posto Gil/São José do Rio Claro/Nova Maringá/Brianorte, passando pela balsa “do treze”. Além de ser mais perto, foge-se do engarrafamento de caminhões e camioneiros inconsequentes, ou seja, afasta-se por completo do perigo de se envolver em um acidente.
    Este trajeto seria uma ótima alternativa para nos Portogauchenses, sem não fosse à cabeça oca de alguns políticos locais. Ainda bem que um grande empresário do outro lado do Rio, por sua própria conta está recuperando o trecho de 25 km que liga a MT até a balsa, pois se dependesse dos políticos (salvo raras exceções)  nos estaríamos  predestinados a nunca ter acesso por esta via.
    A viagem por este trajeto, que segundo alguns vereadores não pode ser arrumado por pertencer a outro município, (basta um simples projeto de lei autorizativo) é menos estressante do que enfrentar congestionamentos e buracos na pavimentação.

domingo, 13 de outubro de 2013

De p... mole, para Presidente.



   Estaremos predestinados a ser governado pelo PT  por mais quatro anos?!!
   Pelo que tenho visto Dillma, a rainha dos mensaleiros continuará a reinar neste país por falta de um nome que aglutine a oposição, Confesso, que entre ela e a Marina, prefiro nem comparecer para o sufrágio.
   O Aécio que me desculpe esta “mineirice” doentia de outrora em permanecer em cima do muro, ou ajudar enfiar a faca na costa dos companheiros (Alkimin e Serra), irá lhe custar muito caro nas eleições vindouras.     O resultado esta aí, nas pesquisas para que todos vejam.
   Aliás, eu confesso ainda, que não voto em Dillma ou Marina, talvez votaria no Aécio por falta de opção, mas não confio nem um pouco em sua postura ideológica ou partidária. Para mim ele sempre será “um Maria” vai com as outras. Eu ainda prefiro José Serra na disputa com Dillma ou Marina.
   Vou aguardar os acontecimentos, para ver se voto ou não nas próximas eleições.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PERSEGUINDO A VINGANÇA - 5ª PARTE



                 A Lua já se fazia alta. O silêncio profundo da mata, vez e outra era quebrado pelo cantar dos Curiangos. Grilos e as Pererecas faziam seu concerto lá para as margens estreita do igarapé ou sanga como os Gaúchos outrora chamavam os córregos naquela região. O ar estava parado, não havia sequer uma leve brisa movendo as folhas. De repente a cadela Futrica latiu, correndo em disparada em direção ao mandiocal.
                   Latiu por diversas vezes, até que seus latidos foram   sufocados por um grunhido de dor. Depois somente o silencio. Zé Chico estranhou, o silencio da Cadela, que não era acostumada a se render. Inicialmente Zé Chico pensará ser um Cachorro do Mato, depois, diante do silencio da Cadela, pensou tratar de uma Onça, que estava atrás de suas galinhas.
                   Levantou, calçou o chinelo que estava ao lado da cama, em seguida alcançou a lanterna e a espingarda cartucheira que mantinha pendurada próximo a sua cama, dizendo para a mulher:
                   _ Muié, vou lá fora dá uma oiada, vê se não é uma Pintada, que pego a Futrica e agora qué cumê nossas galinhas e já vórto. Dirigindo-se para fora da casa.
                   A noite estava clara, porém mesmo assim Zé Chico, ligou a lanterna focando-a em direção ao pé de limão rosa onde as galinhas costumavam empoleirar.
                   De repente o silencio da noite foi quebrado por um alto estampido, causado por um disparo de uma espingarda calibre 12, que acertou Zé Chico, no tórax na altura do coração, jogando-o com o impacto  contra a casa, acordando sua mulher e filhos.
                   Tião e Maria levantaram imediatamente, para ver o que estava acontecendo, e quando saíram de dentro da casa, encontraram  Zé Chico, sob uma poça de sangue agonizando para em seguida morrer.
                   Mãe e filho entraram em pânico, gritavam e choravam desesperadamente, olhando em todas as direções vendo se viam alguém ou alguma coisa. Porém escutaram somente um barco a motor, que acelerava o Arinos acima.    Os olhos negros do menino, agora estavam em lágrimas. Não havia mais risos ou alegria somente medo, tristeza e revolta.
                   Ambos estavam aturdidos pelo acontecido, não adiantava gritar, ou clamar por ajuda, já que o clamor e os gritos somente seriam ouvidos pelos bichos da floresta.
                   Mais adiante próximo do mandiocal, encontraram morta a cadela Futrica, que mais tarde vieram a saber, que os pistoleiros haviam matado, com o intuito de silenciar os seus  latidos de alerta.
                   Já estava no romper do dia, quando a família, ou que havia restado dela, preparavam para partir. Antes porém cuidaram, de sepultar em uma cova rasa, próximo ao limoeiro o corpo de Zé Chico, a fim de não deixá-lo exposto aos carniceiros da Floresta.
                   Maria carregando a filha menor em um braço, e uma matula de roupas em outro. O filho Tião,  empunhava outras duas trouxas. Partiram em direção a barranca do Arinos, onde encontrava-se atracado o pequeno barco que sempre serviu de transporte para a família. Mãe e filhos caminhavam em silêncio sem ainda entender o que havia acontecido, deixando para trás tudo que juntos haviam construído. O local agora, tinha também vestígio de um sepulcro, onde se via uma pequena cruz feita com restos de madeira.
                   O menino Tião,  enquanto remava o barco rio acima, imaginava o seu pai e a cadela Futrica, caçando na Floresta do Céu. Porém voltava a dura realizada, ao escutar o soluço de sua mãe. Remou o dia inteiro até chegar no ponto em que havia a estrada que os levariam a Vila do Sapecado. Já haviam caminhado alguns minutos, quando conseguiram uma carona em um caminhão toureiro. Ao chegar ao Sapecado, mãe e filho dirigiram-se a casa de Mariquinha, velha conhecida da família onde se hospedaram.
                   No dia seguinte, a família ainda atordoada pelo acontecido, dirigiram-se ao Destacamento Policial, informando a tragédia. Feito os procedimentos policiais, chegou-se a óbvia conclusão, homicídio de autoria desconhecida.
                   Porém mais tarde, quando Tião retornara ao local do acontecido, acompanhando o agente policial, pode constatar que sua casa havia sido incendiada. Tião em sua simplicidade  matuta, agora homem forjado no calor da injustiça, concluiu que quem havia matado o seu pai, havia ali retornado para concluir o sujo serviço.
 continua........