Estava eu a conversar com um amigo meu dissidente desse nosso
insignificante modo de vida portenho, e ele me falara que ao procurar o
caminhão baú de um morador local para o transporte dos seus apetrechos
descobrira que as mudanças são tantas que precisou agendar a sua.
Não é a toa que nossa cidadezinha de administração cor de
rosa e de câmara omissa está sendo chamada de “Porto do Adeus”. Exagero?!! Bem
que eu gostaria que fosse exagero, mas a situação de nossa cidadezinha é séria
e não vislumbro uma solução a curto, médio ou longo prazo.
O êxodo de portogauchenses desiludidos com os rumos
administrativos e econômicos da nossa terrinha continua “de vento em popa”. É
assustador a falta de perspectiva daqueles que ficam, e o maior obstáculo é o
silêncio irritante da classe política local, que insiste em achar que o
problema não é com eles.
Vocês irão dizer, lá vem ele de novo culpar os políticos!!!
Ora, a quem devo então culpar pelo marasmo de nossa economia!!! Quem levará a
culpa pela omissão administrativa frente ao eminente caos?!! Deus?!?...
Por falar em Deus, aquele ditame popular que afirma ser “a
voz do povo a voz de Deus” é completamente errôneo e absurdo. Porque?!! Certamente o
Eterno, Verdadeiro e Único Senhor, não permitira que elegêssemos políticos tão insignificantes
para nos governarem, isto em todos os níveis deste país.
Quando você escuta as chamadas fofocas, intrigas e maledicências
propaladas pela língua das pessoas, você acredita que seja a voz de Deus?!!!
Definitivamente Deus não tem nada a ver com isso.
Recentemente me contaram um fato, que acontecera em um
passado distante da história não contada deste nosso município portogauchense,
que não sei se realmente aconteceu, porém pode ser vestígios do preconceito e
da mágoa daqueles que um dia aqui passaram.
Contaram-me que uma pessoa, hoje um bem sucedido empresário
Juarense, quando aqui chegou nos primórdios do nosso tempo, precisando retornar
para seu Estado de origem, pegou carona
em uma chalana um dos poucos meios de transporte daquela época rio acima.
Segundo narrado, esta pessoa sofrera toda sorte de
discriminação por parte dos tripulantes daquela embarcação, que devido ele não
ser do clã dos habitantes locais (gaúcho e alemão), fora impedido de ser
alimentado, passando inúmeras privações. Verdade ou mentira??? Vamos supor que
seja verdade, pois a pessoa que sofreu tais discriminações, não é pessoa de
contar mentiras ou falar maledicências, não pelo menos em meu conceito que a
conheço desde quando desembarquei do ônibus na cidade de Juara, lá nos
princípios de março de 1984.
Então supondo ser verdadeira esta passagem, que idéia esta
pessoa fez de nossa cidade?!! Aí pode estar uma das origens da aversão que
muitos têm quanto a nossa sofrida terra portogauchense. Os erros do passado
certamente nos acompanharão por muito tempo de nossa existência. Somando os
erros do passado com os erros administrativos do presente, desenha-se um futuro
nada promissor.
Onde quero chegar com isso?! Temos que mudar definitivamente
o nosso modo de ser e de receber aqueles que aqui aportam, ou continuaremos a
ver lenços brancos nos acenando do convés das imaginárias embarcações.
Temos que repensar nossos valores na hora de eleger os
políticos, votando em pessoas que pelo menos se esforçam em mostrar que estão
preocupadas com os problemas municipais. Não precisamos de Prefeitos(as) e
Vereadores que somente estão preocupados em receberem seus subsídios e auxílios
indenizatórios no final do mês.
Repudiemos a omissão administrativa, critiquem a falta de
iniciativa do setor público, exijam providências dos políticos eleitos, mesmo
que eles não tenham conhecimento ou cultura para tentar resolver os nossos
locais. Lembrem que eles foram eleitos por que em palanque se compromissaram
com os eleitores em resolver os problemas municipais. Caso contrário acenem com
seus lenços brancos do convés para aqueles que ficam.