Era próximo das quatro horas da
manhã quando cheguei à sede de minha fazenda nesta segunda feira (25/10/10). Havia
acordado bem mais cedo que isto, quando para lá me dirigi.
Encostei o veículo próximo à
porteira da entrada do pátio da minha casa e caminhei alguns metros em direção
a estrada, onde, longe dos frondosos “angelim saia”[1]
que plantei alguns anos atrás, para poder observar o céu. Havia nele algumas
nuvens negras e entre elas estava ela, que vez e outra aparecia esplendorosa com
sua total luminosidade para clarear ainda mais aquele resto de escuro preste a
sucumbir pelo romper da aurora.
As noites de Lua clara realmente
são bonitas, os poetas têm razão quando cantam para ela. O suave reflexo de sua
luz, sobre as folhas verdes das plantas, dão a noite uma luminescência prateada
que somente os olhos sensíveis e ávidos pela paz de espírito conseguem enxergar,
ainda mais neste mundo atual de conturbada e desenfreada busca pelo vil metal.
Ao longe ouvia-se uma solitária ave
noturna que ainda emitia seu canto triste lá pelas bandas do córrego. Vez o
outra o mugido do gado, talvez de alguma vaca a procura da sua cria entre a
macegas das pastagens.
Fiquei ali por alguns minutos
perdidos em pensamentos, enquanto olhava o céu e sentia a frescor úmido da
manhã e o orvalho acomodado nas gramíneas rasteiras que insistia em molhar a
barra de minha calça.
Enquanto pensava olhando para céu
via-se entre as nuvens as raras Estrelas que insistiam em desafiar
luminosidade da Lua. Pude observar também um meteorito que ao adentrar na
atmosfera terrestre acedeu como um vagalume alado e por alguns instantes cortou
o céu escuro para em seguida desaparecer.
Olhei em volta, e lembrei-me de
como era tudo ali alguns anos atrás, quando comecei a derrubar a mata para
formar as pastagens. Era uma imensa Selva onde reinava absoluta
centenárias árvores que com seus galhos e folhas impediam até de se ver o céu.
Lembro que procurei alguns
madeireiros para a venda da madeira que ali existia, mas devido à fartura da
época em encontrar a matéria prima ignoraram minha oferta. Quanta madeira foi
desperdiçada e consumida pelo fogo por não ter procura. Não tendo procura conseqüentemente
também não havia oferta.
Mas a necessidade me levara a derrubá-las,
queimá-las para em seguida semear o brizantão[2],
que depois de formado serviria de alimentação para o gado. Era desta forma que
se formavam fazendas naquele tempo. Moto serra e fogo.
Atualmente vejo os poucos madeireiros
que ainda restam, ou que sobreviveram das operações cinematográficas dos
órgãos governamentais do meio ambiente e polícia federal, a andar muito longe
em busca da escassa matéria prima, outrora abundante porém sem o devido valor.
Muitos madeireiros após se endividarem fecharam suas indústrias ou simplesmente
abandonaram-nas, por não ter matéria prima ou projeto exigido pelos órgãos
públicos.
O que começara errado tinha que
terminar do mesmo jeito, não haviam estudos, não haviam aproveitamento. A madeira
era serrada e enviada aos grandes centros de consumo, o resto se amontoava nos
pátios das serrarias que como lixo aos poucos iam queimando-as como intuito de desocupar
espaço.
Foi assim também onde houve o
garimpo de minérios. Onde a atividade econômica predominante era o extrativismo,
só restou o atraso e a falta de perspectiva de desenvolvimento.
No horizonte via-se um clarão
avermelhado, que despontava por detrás das árvores denunciando que agora era a
vez dele. Não demorou muito para o dia surgisse trazendo consigo sua peculiar sinfonia
matinal formada pelo cantar de incontáveis aves.
Repentinamente veio em meus
pensamentos a eleição deste final de semana. O País de novo estará dividido
entre aqueles que buscam a prosperidade e aqueles outros que vivem dos esforços
deles. Daqueles que sonham em permanecer livres e daqueles que sequer sabem o
que é liberdade. Daqueles que lutaram e sempre lutarão para ser livres e
daqueles que pouco importam ser livres.
O País sonhador e próspero contra
o país do ignóbil sindicalismo. O País da iniciativa privada, contra o País da
servidão e da conveniência do cargo público. O País da verdade contra o País do
engodo. Da democracia e da liberdade contra a ditadura esquerdista. O País dos que votam no Serra e daqueles que
votaram no Lulla e agora votam na Dillma. Só nos resta esperar!!!
Nilton Flávio Ribeiro
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