Alguns dias passados, noticiei a morte do meu cachorrinho Niki,
que enterrei lá no fundo do quintal, mencionei a tristeza do meu outro cachorro
um “rottweiler” chamado Jasper.
O Jasper não era um cachorro velho, ganhei-o de um amigo
ainda filhote, que logo em seguida contraiu uma doença que o levou a ficar
internado com um veterinário que o tratou recuperando desta zoonose conhecida
por parvo virose.
Eu o levava freqüentemente para a fazenda, onde quando na chegada,
parava para abrir a porteira, e cão já se jogava de cima da carroceria e partia
correr estrada abaixo ora pelos pastos latindo para o gado até alcançar a sede.
Era divertido segui-lo com a camionete enquanto este corria disparado pela
estrada, como se tivesse apostando uma corrida conosco.
Um dia quando ia para fazenda ele caiu de cima da carroceria
quebrando uma das pernas, lá fui eu em direção a Juara para socorrer o animal,
que ficou tempo arrastando uma das pernas com uma tala amarrada. Vezes outra
alguém ligava para minha casa ou escritório para me falar que o Jasper estava
na rua arrastando sua tala e lá ia eu para recolhe-lo novamente no quintal de
onde fugira.
Teve uma vez que ele fugira já recuperado da fratura, e sumiu
por uns tempos. Logo imaginei alguém me furtara o cachorro, pois ele era um
animal muito bonito.
Passei quase uma semana procurando-o pela pequena cidade onde
moro, indagando de vila em vila se alguém tinha o visto, foi quando um
conhecido me informara que em uma madrugada havia acordado com um barulho na
rua levantando para verificar, vira um grupo de pessoas da noite (uns bêbados)
indo embora para casa e junto com eles havia um cachorro que respondia a
descrição como sendo o meu. Pronto descobri que o Jasper também era um boêmio.
Prossegui como minha busca e com as informações me dada
cheguei até a uma casinha simples localizada nos arredores da cidade. Bati
palmas onde uma mulher abriu a porta e quando ia indagar do cachorro este
rapidamente colocou a cabeça pela fresta aberta e quando me viu pulou para fora
e saltou para cima da carroceria do meu veículo. Ele estava preso por isso não
havia retornado para casa.
Em suas diversas fugas, freqüentemente era visto acompanhado
de cadelas no cio, o que nos levou a acreditar que o jasper também seria responsável
pelo aumento da população canina. Além de boêmio o cão era um amante
insaciável, pois pulava o muro com dois metros de altura para estar entre a
cachorrada.
Muito antes de tudo isto, ainda novo, matou o Loro nosso
papagaio de estimação, foi aquela choradeira por parte da Ana Flávia minha
filha caçula que brigando com o cachorro gritou muito com ele. Alguns dias
depois o cachorro vendo a indiferença da menina para com ele, deitou aos seus
pés e com a pata dianteira tocava-lhe em um dos pés como se quisesse pedir
desculpas, chamando assim sua atenção, com isto quebrando a frieza e o
ressentimento que a menina tinha com ele pela morte do papagaio.
Era assim o Jasper um cachorro que pelo seu tamanho
avantajado e pela fama de sua raça colocava medo nas pessoas que o não
conhecia. Fugindo com freqüência do meu quintal nunca atacara ninguém e a
criançada da vizinhança até brincava com ele e pelo buraco das grandes ainda
lhe dava alguns afagos.
Pois é, sexta feira (15/10), também o enterrei no fundo do
quintal. Após a morte do Niki o cachorro entristecido começou a isolar-se não
se alimentando direito, até que debilitado por uma doença desconhecida veio a
morrer sendo enterrado próximo do seu inseparável amigo que dias atrás também
havia sucumbido.
Por mais que os tratamos como cachorros, estes são nossos
amigos e nos deixam saudades quando morrem.
Nilton Flávio Ribeiro
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