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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Uma caminhada sofrida (foi assim que me contaram).


     Em um domingo deste assisti a um filme, cujo título em Português era  “estrada para liberdade”. O filme tratava da história de alguns presos políticos que cumpriam pena na Sibéria da então URSS Stalinista (comunista).
     Em fuga estes presos sofrendo todas agruras de uma caminhada a pé por florestas congeladas e desertos extensos passando fome e sede andaram até chegarem na índia. Dos muitos que saíram somente quatro deles chegaram, outros sucumbiram pelo caminho.
     Vendo o sofrimento dos fugitivos, lembrei-me de uma passagem contada, pelo saudoso Nércio Arend, de quando ele ainda morava no Estado de Rondônia muito antes de vir para Porto dos Gaúchos.
     Narrava ele, que naquela ocasião, ainda jovem e solteiro, havia adquirido umas terras no Estado de Rondônia, indo para lá para dar início em sua exploração econômica. Nércio me contara que para levar o material necessário a edificar sua casa, havia aberto uma pequena pista de pouso, na foice e no machado, para que o avião pudesse levar os mantimentos e alguns materiais necessários para dar início a sua estadia naquele local. Era um lugar ermo e sem qualquer comunicação com o mundo dito civilizado.
     Contou-me também ele, que quando estava lá, deflagrou um conflito envolvendo aquelas terras, reivindicadas por uma aldeia indígena envolvendo outras partes e inclusive tropas federais.
     Foi quando ele, temendo por sua vida fora obrigado a abandonar aquelas terras, e a pé pela selva andou uma distância aproximada de 80 a 90 quilômetros pela a mata, passando fome e sede quase sucumbindo as dificuldades daquela forçada aventura.
     Prosseguindo com sua narrativa, ele me contará que após alguns dias de caminhada, não tinha mais calçados no pé e nem roupas no corpo, pois os havia perdido pelo caminho de tão dura e espinhosa que era sua jornada.
     Alguns dias mais tarde, chegara ele em um local onde havia uma trilha entre a mata, encontrou-se com dois vaqueiros que a cavalo seguiam em sentido contrário. Nércio completamente nu quase não conseguindo falar de fraqueza, interpelou os vaqueiros, e em um gesto com as mãos clamava por comida.
     Os viajantes, vendo a situação degradante de Nércio, e entendendo que esta estava perdido na selva, lhe informara que nas margens de um córrego um pouco adiante havia edificado uma pequena casa, que a muito servia de ponto de apoio para os viajantes, tropeiros e garimpeiros que usavam aquela trilha, e que lá ainda sob a chapa de um rústico fogão de lenha, havia uma panela onde cozinharam arroz com leite onde ele poderia se fartar.
     Nércio prosseguiu com sua caminhada até o barraco citado pelos viajantes, onde conseguiu sua primeira refeição após muitos dias de caminhada entra a selva.
     Lembro-me ainda que ele concluíra sua narrativa dizendo “que nunca comera um arroz tão gostoso como aquele” de tão faminto que estava.

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