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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Todo Reino tem sua Rainha, seu Bruxo e seu Herói.


A lenda do Rei Arthur, aquele da távola Redonda, tinha por detrás do seu trono a figura mística do Mago Merlin, e junto com ele os cavaleiros nobres que ali se sentavam. Os Cavaleiros da Távola Redonda, segundo a lenda, foram os homens premiados com a mais alta ordem da Cavalaria, na corte do Rei Artur, no Ciclo Arturiano. A Távola Redonda, ao redor da qual eles se reuniam, foi criada com este formato para que não tivesse cabeceira representando a igualdade de todos os seus membros. Entre estes bravos cavaleiros existia um que segundo a lenda era grande defensor de Artur. Seu nome era Lancelot.
O Mago Merlin conhecia mistérios do céu e da terra, da vida e da morte, dos homens e dos deuses. Alguns o chamavam de feiticeiro, outros achavam que ele era um santo. Todos, porém, o reconheciam como um dos homens mais sábios desde tempos imemoriais. O papel do Merlim na trama a partir daí não era o de fazer magia e feitiços, mas sim de mostrar ao seu povo que ele continuava junto ao rei e com isso assegurar a paz entre o reino e os povos antigos, os tornando aliados incontestáveis.
Saído do Romance de Miguel de Cervantes, existe um outro personagem, um cavaleiro solitário que empunhando uma lança investia contra os antigos moinhos de ventos confundindo-os como monstros. O protagonista da obra é Dom Quixote de La Mancha, um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria e pretendendo imitar seus heróis preferidos. O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo, companheiro e escudeiro, que tem uma visão mais realista. A ação gira em torno das três incursões da dupla por terras de La Mancha, de Aragão e de Catalunha. (quem quizer conferir a biblioteca pública de nossa cidade – se ainda existe e funciona – tem a obra e foi doada por mim).(1)
Também saído dos contos de fadas e lendas antigas a outros personagens dignos de referência que se eu fosse citar daria um comprido texto e que certamente as pessoas a quem busco atingir não iriam se dar ao luxo de ler por inteiro.
No reino encantado de Marmem, a fraca Rainha, além do temeroso Bruxo Javengar, que orbita em seu torno, existem também os defensores do seu frágil trono. Não que se comparem ao Lancelot do Reino de Artur, talvez se aproximem de Sancho Pança da clássica obra literaria de Cervantes, mas existem. Embuidos na defesa do Reino  estes pseudos heróis que protagonizam cenas que quase sempre fogem das raias da razão.
Em nosso reino encantado, existe o parlatório dos comuns que quase nunca saem em defesa dos súditos, e tremem quando ouvem a gargalhada estridente do Bruxo, que com sua renovada carruagem negra trafega pelas ruélas escuras e esburacadas do vilarejo.
Entre os comuns do parlatório, alguns de seus membros, frente a fragilidade dos demais, ditam as regras do jogo, conduzindo de forma competente a defesa da frágil Rainha. Alguns são como Sancho Pança, outros simplesmentes Arlequins[2] e assim vão conduzindo os interesses e os propósitos da Côrte em detrimento dos súditos aldeões.
A fragilidade de um reino, seja ele encantando ou amaldiçoado, nas “estorinhas” infantis quase sempre e com raras exceções os vitimados são os súditos, atônitos com o pagamento de tarifas e tributos e com o incerto futuro.
Será que um dia se terá um final feliz, como em todo conto de fadas, onde os vilões são derrotados e os destinos são reunidos em um “viveram felizes para sempre”?! Enquanto isto não acontece ficam-se a ouvir os estalos da chibata e o arrancar da carruagem do bruxo seguido pela sua horrenda e temerosa gargalhada, e o silêncio mórbido de incertezas futuras.
Voltando a dura realidade, sem “estorinhas” de reino encantado, fiquei sabendo por ouvir dizer, que semana passada, em uma reunião onde estavam presentes a Chefe do Executivo, alguns Vereadores e também líderes políticos da atual e rara oposição para discutir a formação de um conselho ou comissão dos acampados da Mandaguari, houve troca de acusações entre oposicionistas e situacionistas. Em defesa da Prefeita, em meio ao clamor da  discusão, eis que surgi um “herói” que brandindo seu punho gritou freneticamente acusando o prefeito anterior de ser o causador do clima de desânimo que vem assolando Porto dos Gaúchos. (rssss... bem feito para ele, que tem preferido o silêncio...)
Quando me relataram o fato, lembrei logo do Lulla e do seu carcomido discurso da herança maldita. Quando o problema aparece o mais fácil é atribuir a responsabilidade aos outros, mesmo que em palanque outrora você tenha se comprometido com o eleitor em resolvê-los, pois afinal de contas, é para isto que são eleitos os políticos.
O problema taí, e esconder-se dele, fugir do debate ou torná-lo campo de uma disputa pessoal, somente irá contribuir para que as mudanças prossigam. Não as mudanças administrativas, mas sim as mudanças de famílias e empresas indo para outras regiões mais prósperas. A coisa tá feia!!!








(1) Fonte de pesquisa: Wikipédia.
[2] Personagem que, na comédia italiana, usava roupa feita de retalhos triangulares de várias cores. 2 Bufão, farsante, palhaço, bobo da corte.









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