INCÊNDIOS & QUEIMADAS.
Todos os anos é a mesma coisa. De repente uma fumaça negra surge no horizonte, e como diz o ditado “onde há fumaça há fogo”!
Alguns dias atrás estava eu na frente da televisão, quando assisti uma reportagem sobre a poluição em São Paulo. O repórter entrevistava um desses ditos especialista no assunto, que então lhe respondera que realmente existia a poluição na Capital Paulista, porém acima desta camada havia uma outra mais densa que estava impedindo que a poluição local se dissipasse. Segundo o dito especialista, está outra camada de poluição era a fumaça vinda do centro oeste das queimadas.
Novamente nós da região centro oeste estamos levando a culpa pela poluição dos outros. São Paulo sempre foi poluído, devido aos gases expelidos pelos milhares de chaminés das indústrias locais e dos milhões de escapamentos dos veículos que lá circulam diariamente. E agora nós que somos culpados?! Só resta agora nos culpar também pelo devastamento da mata atlântica e pela poluição dos Rios Pinheiros e do Tiête?!
Primeiramente é importante esclarecer, que a maioria dos focos de incêndios ocorridos na região centro oeste, precisamente no Mato Grosso tem sua origem nas margens das rodovias, sejam elas de jurisdição do Governo Federal como do Estadual, quando não em alguma reserva ou parque nacional. Por que disto tudo?!
É importante esclarecer que existem margeando as rodovias uma faixa “non aedificandi” ¹, que caberia ao Poder Público sua conservação, já que é de seu domínio. Porém não é isto o que acontece.
Como tudo neste País que está sob o domínio estatal é um desastre, pois o Estado (União, Estado Membro e Municípios) quando se trata de administrar é uma verdadeira lástima, a coisa fica abandonada e basta uma fagulha originada de um escapamento ou uma “bituca”² de cigarro, para que o fogo surja na vegetação ressequida pela seca e levado pelos fortes ventos desta época se alastre pelas propriedades lindeiras causando um verdadeiro transtornos para os seus proprietários. Caberia ao Poder Público a limpeza desta faixa, com o intuito de evitar este tipo de desastre. Mas não faz, estão mais preocupados em impingir multas e arrecadar vultosas quantias para enriquecer ainda mais os Políticos e Administradores corruptos.
Lá vai o proprietário correr com máquinas e pessoal para conter o fogo cuja causa é a desídia do Poder Público. Depois de contido e somado os prejuízos aparece então o Estado nestes casos representado pelo IBAMA, SEMA, Força Nacional e o por último o Ministério Público para, chamar na responsabilidade aqueles que não tinham interesse algum em ver suas pastagens, cercas e outras benfeitorias consumidas pelas chamas.
Também há aqueles proprietários desidiosos que ao limpar suas pastagens sem o devido e necessário cuidado coloca fogo no mundo, porém acho que estes nos dias atuais são raros. Sem contar do “espírito de porco”, aquele vagabundo que passa lá e de posse de um “binga”³ ou um fósforo causa o maior desastre para todos os proprietários que não desejavam o incêndio.
Primeiro vem o órgão de fiscalização, (Sema, Ibama e etc...ostentando grande poder bélico) impingindo ao proprietário, como este fosse responsável, altíssimas multas. Depois o mesmo proprietário tem que se ver respondendo um processo por crime ambiental, sob o comando do Órgão Ministerial. E lá vai ele novamente gastar dinheiro para se defender, por aquilo que não teve nenhuma participação.
Depois de tudo isto ainda somos obrigados a ouvir na mídia, que os incêndios são causados pelos produtores e criadores de gados para limpeza de pastagens. Mal sabem eles como o fogo é danoso para o proprietário.
Chateia ouvir um idiota falar em cadeia nacional, que a bosta do boi está contribuindo com o efeito estufa, e propagando que temos que mudar o nosso hábito alimentar.
O mais revoltante de tudo isto, é que aqueles que se elegem dizendo ser representante do Produtor Rural, bem como os órgãos de classe CNA/Famato permanecerem em seu costumeiro e cômodo silêncio. Somente aparecem para pedir voto em época de eleição e para arrecadar a contribuição anual.
Nilton Flávio Ribeiro. (agosto de 2010).
1. Termo Latim que significa vedado edificar.
2. O mesmo que ponta de cigarro.
3. O mesmo que isqueiro.