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segunda-feira, 28 de junho de 2010

NIKI.

Niki



Lembro –me como se fosse hoje, foi no princípio de Janeiro de 1999 estávamos em Assis visitando os parentes quando minha filha Ana Sarah me pediu um cachorrinho. Pensei qual seria a raça ideal para se adaptar ao clima quente de Mato Grosso, foi quando decidi em comprar-lhe um Daschshund ou popularmente conhecido como “Cofap” (A raça ganhou este apelido por ter participado de um comercial de amortecedor).



Quando entrei no “pet shop” havia uma ninhada entre eles tinham também alguns pinscher. Os cãezinhos ficavam puxando uns aos outros pelos rabinhos foi quando o escolhi entre todos o que achei mais espertinho levando-o para minha filha.



Foi uma grande alegria para todas elas, pois apesar de uma delas ter me pedido ele passou a ser o cãozinho de todas, trazendo para todos nós grandes momentos de alegria e divertimento. Era o amiguinho ideal para minhas crianças que lhe chamaram de Niki.



Em casa era aquela festa, eu o segurava e pedia para que as crianças escondessem e quando elas se encontravam escondidas eu o soltava e gritava “cura Niki!” era o comando para que o esperto animalzinho desembestassem por dentro de casa em busca de encontrar as meninas, farejando incessantemente pelos cantos da parede e pelo piso da casa até encontrá-las e quando isto ocorria era aquela algazarra. Risos e gritos misturados com o latido ensurdecedor do cachorrinho, fazendo festa por ter encontrado-as.



Na fazenda era a companhia de todos nós quando íamos caminhar pela estrada que dava acesso a sede. As crianças iam correndo pela estrada e o Niki atrás latindo vez o outra descobria um “quero quero” ou uma “coruja buraqueira” e lá partia ele atrás correndo e latindo acompanhado dos gritos das criançadas. Às vezes me matava uma galinha e eu era obrigado a repreendê-lo para que não fizesse novamente dando-lhe uma sova com uma varinha mostrando-lhe a ave morta. Como se isto adiantasse!



Teve uma ocasião, que as meninas haviam saído para brincar na estrada próximo a sede, quando deram de cara com uma matilha de “lobetes”¹ , foi quando o Niki disparou em direção aos seus parentes selvagens, sob os gritos da meninada que tentava o impedir. No meio do brizantão alto, somente se escutou um grunhido de dor, daqueles que os cachorros soltam quando levam uma pisa de outro. Não se sabe se foi o Niki ou alguns dos “lobetes”, sabe-se que em seguida surgiu ele correndo de dentro do pasto para a estrada todo metido e abanando o rabinho.



E o tempo foi passando as meninas cresceram mudaram-se para Cuiabá em busca de estudos e eu acabei herdando o Niki cabia a mim agora a tarefa de cuidar dele dar-lhe banho tirar os carrapatos e os bichos de pé. Agora tinha também o Jasper um “Rottweiler” que passou a ser sua companhia de bagunça e estripulia.



Teve uma ocasião, que eu e minha mulher caminhávamos na Fazenda e íamos em direção ao açude, e ambos os cães nos acompanhavam correndo de um lado e de outro como de costume, quando novamente deram com alguns “lobetes”, e o Jasper vigoroso, grande e forte, rapidamente abateu um deles, mordendo-o nas costa e chacoalhando como se tivesse um pedaço de pano preto na boca, enquanto os demais correram de volta para a mata.



Após o lobete ter sido abatido pelo Jasper, o Niki apareceu, todo eriçado, talvez lembrando da surra que outrora havia levado dos lobetes, e vendo o morto, aproveitou para dar suas mordidas, como se fosse ele o autor da façanha.



Vez e outra o via revirando os montes de lenha que puxava com os dentes para alcançar os camundongos que ali se escondiam. Em outra ocasião, ele e o Jasper deram de cara com um tatu, que o fizeram a dispararem em seu encalço. O Tatu foi se esconder em um antigo buraco debaixo dos pés de bananeiras que então existiam no fundo do pomar da Fazenda. Os dois cachorros cavaram a noite inteira tentando pegar o Tatu, sem conseguirem o seu intento. Lembro que na manhã seguinte fui obrigado a dar banho no Niki, pois de tanto cavar estava com os olhos cheios de terras que mal podia abrir. Tudo isto era para nós motivo de alegria e divertimento.



Sábado dia 26/06/2010, o enterrei no fundo do quintal. Niki morreu velho e tomado pelo câncer. Agora só resta o Jasper e o seu grosso latido, acho que ele está triste sentido falta do seu velho amiguinho de estripulias.

¹ Espécie de pequeno cachorro selvagem muito comum nas matas brasileiras.

Nilton Flávio Ribeiro.

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