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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ferrovias, um sonho que pode virar realidade.

Conforme matéria veiculada no Jornal A Gazeta, “os gastos com óleo diesel representam cerca de 60% do custo total para o transporte de cargas em Mato Grosso, o que vai refletir no aumento do frete este ano. O estado tem o quarto preço mais elevado do país neste combustível, atingindo R$ 2,22 o litro, de acordo com o levantamento mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O produto é o mais consumido no território estadual, com 66,2% de representatividade, totalizando 1,743 bilhão de litros, nos primeiros 11 meses de 2009.”

 
O mais preocupante de tudo isto, que em um Estado como o nosso, com imensa extensão territorial e ainda carente de infra estrutura, ou melhor, explicando de estradas pavimentadas, existe uma ferrovia que foi abandonada pelo governo petista. Quem ainda sem lembra da Ferronorte, sabe que ela chegou ao Mato Grosso no município de Alto Taguarí (ainda no governo de FHC) e de lá para cá simplesmente fora esquecida.

Ferronorte, ou Ferrovia Norte Brasil, foi uma empresa ferroviária criada pelo empresário Olacyr Francisco de Moraes, com o propósito de ligar Porto Velho (RO) e Santarém (PA), passando por Cuiabá (MT), e interligando-se a FEPASA em Santa Fé do Sul (SP) e a partir desta atingindo o porto de Santos. A ferrovia é uma concessão federal, por 90 anos, inicialmente concedida para a empresa privada Ferronorte S.A.

Não existem dúvidas quanto à necessidade de se prosseguir com as obras de expansão dos trilhos da Ferronorte, Ligando o Município de Rondonópolis, Cuiabá e quem sabe no futuro um ramal para o norte matogrossense.

O simples fato de amenizar o trânsito de veículos pesados na já deteriorada malha rodoviária estadual, nela incluindo evidentemente as rodovias federais, acrescentaria consideráveis lucros para o produtor matogrossense.

Não se pode negar que o transporte ferroviário é a melhor forma de evacuar a expressiva produção de grãos deste Estado, além de ser um meio de transporte seguro e barato, frente ao preço do frete no transporte rodoviário.

Segundo a planilha da “Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso (ATC-MT), o consumo de óleo diesel representa R$ 0,90 a cada R$ 2,32 gastos por quilometro rodado no transporte de cargas feito no Estado, considerando o uso de um bitrem graneleiro com 45% vazio e 55% carregado. Entre os itens que compõem a tabela, os gastos com manutenção (R$ 0,31), com motoristas (R$ 0,29) e com impostos (R$ 0,24), representam cerca de 36% do custo total estimado pela ATC. Além disso, se contar com a depreciação do veículo, que adiciona R$ 0,15 ao custo, o valor do transporte chega a R$ 2,47 por km rodado em Mato Grosso”.

Quem já tentou produzir grãos neste nortão sabe quanto custa à tonelada de adubo ou de calcário, quando se acrescenta no cálculo final o frete. O produto final torna-se muito caro e desproporcional frente aqueles demais produtores que estão localizados próximos aos grandes centros consumidores e aos portos de exportações. Não há como concorrer.

Segundo a história a idéia da construção de uma ferrovia interligando o Centro-Oeste ao Sudeste do País foi proposta por Euclides da Cunha em 1901. O país chegou a possuir 34.207 km, porém crises econômicas e a falta de investimentos em modernização, tanto por parte da iniciativa privada como do poder público, aliados ao crescimento do transporte rodoviário fizeram com que parte da rede fosse erradicada.

A implantação das primeiras ferrovias no país foi estimulada por capitais privados nacionais e estrangeiros (principalmente inglês) que almejavam um sistema de transporte capaz de levar (de maneira segura e econômica) aos crescentes centros urbanos e portos do país toda a produção agrícola e de minério produzida principalmente no interior brasileiro.

O governo brasileiro também participou da expansão ferroviária, ora iniciando empreendimentos visando à integração do território nacional através desse meio de transporte ora encampando companhias privadas falidas para impedir o colapso econômico de regiões dependentes desse meio de transporte.

Em 1975, Vicente Vuolo, deputado federal pelo Mato Grosso, apresentou Projeto de Lei para inclusão no Plano Nacional de Viação de ligação entre o estado de São Paulo e Cuiabá. O traçado da nova ferrovia partiria de Rubinéia (SP), passando por Aparecida do Taboado (MT), Rondonópolis (MT) e atingiria Cuiabá (MT), conforme a Lei 6.346 de 6 de julho de 1976.

Está na hora de voltar a discutir novamente o transporte ferroviário em nosso Mato Grosso, como sonhou no passado Euclides da Cunha e o Deputado Vuolo. Sem contar o fato de como deverá ser gostoso em ouvir o apito das locomotivas ecoando ao longe na vastidão deste imenso solo matogrossense.

Podem ter certeza que se o programa ferroviário vier a ser resgatado em Mato Grosso, iremos liderar a produção agrícola de grãos por muito tempo, fora o fato de tornar nossas estradas mais seguras com um fluxo menor de caminhões e bitrens que quase sempre estão envolvidos em acidentes devido aos longos trechos de percursos que os motoristas são submetidos.

Nilton Flávio Ribeiro (niltonflavioribeiro.blogspot.com) 08/02/2010.



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