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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Coisas da política interiorana.



Nós reles mortais afastados dos afagos e mordomias oficiais legados aos detentores de cargos públicos já sabemos como funciona a política em nosso país. Aqui funciona o velho ditame popular do que “é dando que se recebe”.


Como dizia uma velha raposa da história política deste país, “Lei, ora Lei!..” ou para uns há Lei e para os adversários os rigores da Lei e assim por diante.


Vivendo no meio destas víboras por muito tempo aprendi uma coisa, que na política vale tudo, inclusive fritar um “companheiro” aliado para fazer pacto ou conchavo com o adversário. Está é a lição que aprendi vivendo entre os lobos, presidindo partidos e ajudando candidatos em eleições e até assessorando alguns depois de eleitos.


Antes você é indispensável, mas eleitos, sua indispensabilidade deixa de existir frente aos interesses dos adversários que buscam atender com sua complacência democrática. Lindo!.. Romântico!.. Saudável!.. Puro exercício da democracia.


No interior a coisa é mais acentuada, pois vigora o princípio do coronelismo que a muito impera neste país e de uma forma mais acentuada em cidades pequenas como a que eu vivo.


Vou então citar alguns exemplos para fundamentar minha posição. Vejamos então. Para classe menos favorecida economicamente, os políticos costumam destinar as migalhas da farta mesa composta pela arrecadação pública provenientes dos impostos coletados daqueles mais bem favorecidos economicamente e assim por diante. Dão-lhes umas cestinhas básicas periódicas, uma passagem de ônibus de vez em quando, uns remedinhos BO, (bom para otário), um aceno de mão, um tapinha na costa, uma vez e outra uma festinha em praça pública e tudo está bem. Pão e circo como sempre.


Quando o político populista faz seu discurso procura acrescentar que sua luta é em prol aos pobres explorados pelo Rico explorador do trabalho alheio, Tubarão e outros adjetivos pejorativos que costuma atribuir aos mais abastados e conseqüentemente tirar os votos daqueles que acreditam serem por eles explorados.


Quando aparece uma campanha qualquer, aquele político falastrão deixa o convívio dos votos e vai sentar com o rico explorador, evidentemente com o propósito de lhe enfiar a mão na carteira. Naquele momento o rico explorador passa ser caridoso e temeroso a Deus, o único que tornará possível a realização dos objetivos eleitoreiros do falastrão populista.


No começo da administração atual de minha cidade deu-se início a um cadastramento de proprietários rurais que seriam favorecidos pelo programa governamental denominado “Luz para alguns” ops!..digo, “Luz para todos” (contanto que não sejam adversários declarados do reino). Lembro que naquele dia já ventilava que algumas pessoas nem ao menos iriam fazer parte da lista, simplesmente por ser adversários políticos,  pois  a pessoa encarregada pela administração em acompanhar o responsável pelo cadastramento, já havia dito nos bastidores que tal cadastro seria conduzido desta forma. Mesmo assim fica uma esperança que a coisa não seja dessa forma, mas só resta aos prejudicados a aguardarem que isto não aconteça.


Recentemente iniciou-se a campanha para a pavimentação da baiana, e mais uma vez quem foi convocado a enfiar a mão no bolso foi aquele considerado pelos petistas e populistas como “Ricos exploradores”, nada mais nada menos do que os verdadeiros produtores de riquezas deste país, os proprietários de terras agropecuaristas.


O governo mete a mão nos impostos e para isto ele é muito bom, mas na hora do retorno prometido você ainda é obrigado a dar mais dinheiro para que ele faça o que seria de sua obrigação. Daí começa a campanha de comprometimento, um dá um tanto, outro dá um tanto mais e assim por diante, e, até eu que estou fora das margens da estrada, me comprometi em ajudar.


Deu-se então início a campanha de arrecadação, alguns proprietários de terras, recusaram-se em participar do movimento alegando (até mesmo com uma certa razão), que já pagavam seus impostos para isto.


Nesta semana começou circular a lista do programa governamental “luz para todos”, onde entre o rol apresentado pela administração local estão nomes daqueles que recusaram em colaborar com a campanha da pavimentação asfáltica, como dito no parágrafo anterior.


E o tonto, que se ofereceu como voluntário cedendo o nome para participar da associação que irá administrar o consórcio da sonhada pavimentação asfáltica, que assinou o termo de compromisso para contribuição econômica para tal fim, não estava na lista como já era de se esperar, talvez até por ser adversário do reino.


Até aí beleza! Já era de se esperar. O mais duro em tudo isto foi ser alvo de chacotas de dois parlamentares locais e de outro “companheiro” que se divertiram em ver que meu nome não estava naquela lista. Riam e divertiam com aquele fato, e ainda imaginavam como seria gostosa a risada estridente daquele conhecido bruxo ao ver que o nome do maior e talvez o único opositor do reino fora daquela lista, talvez até por influência sua. Ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!....Quá! quá! Quá....É realmente divertido.


Fui para casa e fiquei a pensar, e questionava em meu íntimo o porquê em ajudar financeiramente na pavimentação de uma estrada que seria de obrigação do Poder Público Estadual?! Indaguei o fato de constarem na lista de favorecidos pela ligação de energia pessoas que antes haviam negados em contribuir com recursos para a pavimentação. Lembrei-me das chacotas dos “companheiros parlamentares” e conclui como sou tonto em enfiar a mão no bolso para favorecer terceiros sendo que eu somente por ser oposição sou legado ao esquecimento.


Decidi que irei usar o dinheiro que destinaria para a pavimentação asfáltica para puxar energia para minha propriedade e como todos prefiro a pagar pedágio quando a obra estiver concluída, isto é, se vier a ser iniciada.


Este é meu protesto, espero que os parlamentares e os políticos locais, que até agora nem ao menos se ofereceram para colaborar com a campanha da pavimentação, principalmente aqueles que estavam zoando com a minha cara por não estar na lista dos energizados, que assumam o meu lugar, deixam o frescor do ar condicionado do soberano plenário e vão à luta em busca dos recursos necessários a tão sonhada pavimentação.


Lembrem-se também, haverá outras eleições! Haverá outras impugnações! E eu estarei aqui no conforto do meu esquecimento esperando por vocês.


Coisas da política interiorana.


Nilton Flávio Ribeiro (22/01/2010)






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