IDEALISTA OU MERCENÁRIO?

   Uma vez em algum tempo passado, assisti um filme intitulado “Queimada”, cujo papel principal era de Marlon Brando. Marlon Brando fazia o papel de um Inglês que fora enviado para uma Ilha no Caribe, governado por Portugal, para organizar a abolição da escravatura.

   A base econômica da Ilha do filme era cana de açúcar e a mão de obra empregada, como já dito, era de escravos negros importados dos países Africanos.

   Em um dos diálogos dos personagens do filme, Marlon Brando interpretando seu papel, dirigia-se a outro personagem, que o indagava se a libertação dos escravos não iria abalar a economia daquela fictícia Colônia. Respondendo o seu interlocutor o personagem lhe responderá, que a libertação dos escravos iria resgatar a economia daquela Colônia, uma vez que sairia da responsabilidade dos Senhores de Engenho, o escravo, onde ele tinha que arcar com altíssimo custo de sua manutenção, pois escravos eram considerados um bem patrimonial.

   Ele respondera o seu interlocutor explicando sua colocação, que era mais proveitoso pagar um  salário mínimo para o escravo liberto do que tê-lo sob suas expensas.

   Outro diálogo entre personagens, que nunca mais esqueci foi quando ele explicara ao seu interlocutor, a diferença entre um revolucionário e os soldados mercenários contratados pelo governo da fictícia ilha para repelir o movimento abolicionista. Ele dizia que o revolucionário lutava por uma ideia, ou seja, por um ideal, e o mercenário lutava por um punhado de moedas, o que tornava o revolucionário mais forte.

   O revolucionário perseguia um ideal, enquanto os mercenários somente lutavam enquanto existissem moedas como recompensa.

   Por que estou lembrando  tudo isso?! Ora muitos tem me indagado o porque não aceitei os serviços de assessoria da Câmara Municipal, na CPI recentemente instalada, para apurar supostas irregularidades cometidas pela administração pública municipal.

   É simples!!! Primeiro por que não existe para mim nenhuma paixão idealista que possa impelir meus interesses a entrar nesta briga, (pelo menos não com este exército) mesmo que seja como simples advogado. Não havendo ideal para buscar, resta-me as moedas como um simples mercenário. E as moedas não foram  nada compensadora para me impelir para esta luta que já considero vencida.

   Muitos irão indagar por que eu acho está luta vencida?! É simples não querendo faltar com o respeito aos membros da edilidade sorteados para compor a Comissão Parlamentar de Inquérito, (três) dois deles são por mim considerados incansáveis escudeiros da base governista da frágil, porém sortuda rainha.

   Então amigos, como sou cético espero estar errado em minhas singelas, porém cínicas colocações. Enquanto isto o meu pedaço pode ser de calabresa com muito azeite de oliva.