O SEGUNDO E DESASTROSO MANDATO DE JOSÉ
CASTILHO.
Considerado a 9ª gestão
da história de emancipação política de Porto dos Gaúchos, José Castilho, saindo de uma apertada vitória,
deu início o mais um mandato como Prefeito. (1997 a 2000). José Castilho
tomou posse no primeiro dia do mês de Janeiro de 1997, juntamente com o seu Vice
Antonio Leonildo Ortega. Para a Câmara foram eleitos como Vereadores Vilmar
Carletto, Jair Bernardes, Cícero Raimundo Gonçalves (O Cirção), João Marchetti,
Leonardo Buss (Bubi ou Bubão com era conhecido), Nelson Santana ( O Pimenta),
Rui Luiz Taglialenha, José Machado da Silva (O Escadinha) e Revelino Braz
Trevisan.
Neste
período, podemos destacar dois Vereadores que foram eleitos que mais tarde
iriam desempenhar um papel de considerável importância no contexto político
Municipal, José Machado da Silva e Revelino Braz Trevisan, ambos eleitos pelo
PSDB. É importante ressaltar, que o PSDB conseguiu um feito histórico na
política local, em uma estratégia adotada pelo então presidente do partido
(Nilton Flávio Ribeiro), que ao fechar apoio à candidatura do candidato
derrotado Nolar Soares de Almeida, o partido optou em ficar coligado somente na
candidatura majoritária, ou seja, preferindo dar seu apoio em coligação
somente, na candidatura de Prefeito e Vice, concorrendo na proporcional
(vereadores), somente com os candidatos do Partido.
Aí
vale lembrar de uma passagem engraçada, quando os partidos estavam em Convenção
no antigo Prédio em que funcionava a Câmara Municipal, onde hoje é o Ciretram,
frente ao Cartório do Primeiro Ofício, foram visitados por um advogado de Sinop
Dr. Kuns, que sem ser convidado, passou a opinar na realização da Convenção,
criticando a forma adotada pelo PSDB em não fechar coligação na eleição
proporcional, falando de um modo arrogante e pouco educado, que a forma
escolhida o Partido não teria chance de eleger nenhum candidato a Vereador,
causando certo desconforto e desconfiança entre os pretensos candidatos a
Vereador do Partido, preocupados evidentemente com suas candidaturas, colocando
dúvidas na estratégica montada pelo Presidente do partido local.
Mesmo
assim, foi mantido a estratégica e o PSDB lançando cinco bons candidatos,
conseguiu eleger dois deles, sendo que um figurava entre os eleitos dos mais
votados, Revelino Braz Trevisan e José Machado da Silva, que viriam mais tarde
serem portas vozes da oposição de José Castilho na Câmara Municipal.
Esta
segunda gestão de José Castilho foi considerada pelos munícipes uma das mais
desastrosas da história recente de Porto dos Gaúchos. Castilho formou sua
equipe administrativa como elementos desconhecidos do meio
Político-administrativo local e comandando o Paço de forma temerosa e
negligente, aos poucos foi conduzindo sua administração sustentada na
malversação e na prática do nepotismo, alvo constante de críticas dos seus
adversários, somada pelos inúmeros escândalos que lhe valeu inclusive um
processo de “impeachment”.
Quanto
ao mencionado “impeachment”, sua causa foi o surgimento de uma denúncia
formulada por um eleitor, usado pela oposição e alguns membros do legislativo,
que cansados pelos desmandos aloucados de Castilho no comando do Paço
Municipal, acharam que com uma Comissão Parlamentar de Inquérito, podiam
expurgar da Prefeitura o Prefeito e seus asseclas. Evidentemente que cassando o
Prefeito, assumiria o seu Vice Antonio Leonildo Ortega, que já vinha sendo
assediado pela oposição e que também estava descontente com os rumos
administrativos que o Município havia tomado.
A
oposição tomando conhecimento, através de um dentista local, que o Prefeito
Castilho estaria pagando dívidas de campanha, com dinheiro do erário, púbico
cuidou de colher provas para o ingresso da denúncia. O Dentista Armindo Fercho,
fora chamado a fazer uma declaração por instrumento público, dizendo que na
campanha do então Alcaide, havia sido contratado para confeccionar dentaduras
para os eleitores indicados pelo candidato, e que passado as eleições, o
candidato já então Prefeito, o estaria pagando com dinheiro público, vez que
estaria sendo pago com cheques emitidos pela Prefeitura Municipal.
De
posse da aludida declaração, a oposição convidou um eleitor inexpressivo para
assinar a denúncia que seria feito perante a Câmara dos Vereadores, surgindo
daí o processo de cassação do Prefeito. O episódio ficou conhecido como o
“escândalo da dentadura”. O eleitor signatário da denúncia era conhecido pelo
apelido de “Cavalo Véio”.
Instaurado
o processo junto a Câmara, o seu trâmite levou muitos munícipes a frequentar as
sessões, já que o assunto era até então inusitado para os moradores locais. Nas
noites de sessões a Câmara enchia, e na falta de lugar levava os munícipes a se
acomodarem do lado de fora, pendurados nas janelas procurando um melhor local
para assistirem os debates.
Até
que no dia 18 de agosto de 1998,
a Câmara Municipal, cassou o mandato de José Antonio
Castilho, por uso de verba pública para pagamento de gastos de campanha. Dos
noves Vereadores integrantes da Casa, sete estavam presentes a sessão, tendo
seis deles votado pela cassação do mandato. O único voto contrário, veio da
Vereadora Sirlei Castilho,(então suplente que assumira a vaga do então recente
falecido Leonardo Buss) irmã do Prefeito alvo das denúncias. O processo de
cassação por várias vezes fora truncado por intervenção de manobras políticas,
adotas pelos partidários do Prefeito, quando não havia a tentativa de suspender
seu andamento por intermédio do Poder Judiciário, destacando-se aí, a atuação
distante do nosso Tribunal de Justiça na concessão de liminares que favoreciam
o Prefeito e prejudicava o interesse da grande maioria do povo portogauchense.
Com
a cassação do Prefeito, a Câmara Municipal, convocou o Vice Antonio Ortega,
para em sessão solene lhe dar posse, porém o Prefeito cassado entrincheirou-se
na Prefeitura, cercado pelos seus asseclas, não permitia a entrega do Paço,
recusando-se a entregar o cargo. José Castilho, usando de manobras jurídicas,
conseguiu uma liminar que o manteve no cargo, continuando assim seu repugnante
império de caos administrativo.
Tempos
difíceis eram aqueles, de um lado um Prefeito considerado por todos como louco,
que em sua teimosia assistia inerte o
município afundar em contas, e em descrédito político. O Prefeito Castilho,
acuado pelos seus críticos e opositores vivia escondido do povo na Prefeitura,
preferindo sair somente a noite onde era acobertado pela escuridão.
Adepto
do “espiritismo”, Castilho costumava a frequentar o cemitério local em altas
horas da noite, onde era frequentemente visto naquele local sombrio, em
companhia de sua companheira. Este costume lhe valeu inúmeros apelidos, que frequentemente era repetido por seus opositores, como
“chupa-cabras”, “morcegão”, “lobisomem” e etc...
Devido
a esta prática noturna, o Prefeito somente comparecia na Prefeitura após o
período matutino, pois não conseguia acordar cedo, dando grandes subsídios aos
seus opositores em acusá-lo de “preguiçoso”. Ignorava os problemas do município
como se não fosse sua obrigação.
Em
uma certa ocasião, a cidade mergulhou em um verdadeiro caos com a falta de
energia, prejudicando consideravelmente a indústria e o comércio local, que em consequência
disto amargaram inúmeros prejuízos de ordem financeira, já que estavam
impossibilitados de desenvolver suas atividades empresariais. Foi neste período
que ocorrera um grande movimento social de suma importância para a história do
Município. O Movimento fora organizado pelas mulheres portogauchenses. Estas
corajosas donas de casa, empresárias, funcionárias públicas, operárias, saíram
organizadamente às ruas da cidade gritando palavras de ordem contra a falta de
energia e o descaso administrativo que o Prefeito estava impingindo aos
governados.
Foi
nesta ocasião, que o então Deputado Estadual José Geraldo Riva, uns dos grandes
responsáveis, pelo retorno de Castilho ao Paço Municipal, em passagem pela
cidade na ocasião do protesto, reuniu-se com as protestantes e com os líderes
da oposição na AABB, onde firmou compromisso com os presentes em resolver os
problemas da energia. Tal compromisso fora cumprindo pelo Deputado, que enviou
ao Município, já no outro dia, Técnicos da antiga Cemat, que vindo de avião,
trouxeram as peças faltantes, para que os motores voltassem a funcionar
regularizando assim a falta de energia, que deu azo aos protestos das mulheres.
Com
esta atitude José Geraldo Riva, que no pleito anterior, apoiado por Castilho,
havia conseguido somente minguados trezentos votos, passou a ser admirado pelos
seus antigos opositores, que mais tarde tornaram-se seus maiores e ferrenhos admiradores,
com Destaque para o jovem Vereador eleito pelo PSDB Revelino Braz Trevisam, que
mais tarde seria eleito Prefeito de Porto dos Gaúchos, com o apoio de Riva.
O
período de gestão de José Castilho foi trágico para o desenvolvimento do
Município. Seus desmandos arbitrários e aloucados, levaram o fechamento do
único hospital em funcionamento na cidade. Os salários só eram pagos aos
funcionários que declarassem apoio a sua indigesta gestão. Porém é preciso
destacar que por trás de todas estas inconsequências, Zé Castilho propiciou
para oposição alguns momentos hilariantes. Um desses momentos ocorrera com a reinauguração
do Prédio do Fórum da Comarca, que após ter sofrido uma reforma estava
recebendo os Desembargadores do Tribunal de Justiça para uma solenidade. Nesta
ocasião Castilho compareceu em uma de suas raras aparições em público, trajado
de forma inadequada mais parecendo um “pai de santo”, todo desarrumado fora
motivo de chacota pelos presentes. Teve um, que vendo os cabelos do Prefeito
despenteado e arrepiado como ouriço e seus olhos arregalados como um alucinado,
disse que sua mulher o acordá-lo o havia ligado na tomada, já que o Prefeito
não era acostumado a levantar cedo. A solenidade estava acontecendo no período
matutino hora odiada pelo preguiçoso político.
Com
as proximidades das eleições Municipais, o desgaste político de Castilho ia se acentuando
enquanto a oposição crescia ainda mais com suas atitudes, e aproveitando a
situação desencadeou-se uma verdadeira cruzada contra o Prefeito Castilho. De
forma organizada a oposição, lançou uma campanha denominada como “Reaja Porto”,
distribuindo adesivos para que fossem colocados nos veículos. Na entrada da
cidade fora colocado uma placa com os mesmos dizeres, e dessa forma a oposição
foi combatendo o já combalido e inepto Prefeito.
Na
Câmara Municipal, a oposição era comandada pelos Vereadores Revelino Braz
Trevisan, José Machado da Silva e pelo Vereador Nelson Santana, popular
Pimenta, eleito pela Vila de Novo Paraná.
É
importante relembrar que Pimenta havia sido eleito pelo grupo de Castilho,
vindo a decepcionar com o Prefeito já no início do seu mandato. Pimenta havia
sido eleito Vereador pela Vila Novo Paraná.
Houve
uma ocasião em que a Vila sofria, com a falta de energia consequentemente
faltava água e o Prefeito não buscava resolver os problemas daquela localidade
como não resolvia das demais localidades municipais, como já anteriormente
relatados. A oposição, conseguirá com o Governo Estadual de Dante de Oliveira,
com o apoio do Deputado Riva um motor
gerador para a comunidade, que Castilho recusava a mandar instalar, pois a
energia em Novo Paraná era Municipal.
Novamente
a oposição se organizou e conseguiu que o Governo enviasse para lá Técnicos
para providenciaram a instalação do equipamento. Como haviam boatos de que o
Prefeito iria impedir a instalação dos motores, membros da oposição
improvisaram uma manifestação no centro da Vila, usando como palanque uma pedra que ali existia, Naquela noite estavam
presentes ao ato político, os Vereadores Revelino, Escadinha, Pimenta, além do
Presidente do PSDB Nilton, Nolar e Maricone, todos usando da palavra em um
enfrentamento público aos desmandos do Prefeito Castilho. A população local
compareceu em massa para tão importante ato, que iria trazer Pimenta
definitivamente a integrar a bancada oposicionista na Câmara.
Como
já escrito nestes ensaios históricos, as reuniões da Câmara dos Vereadores,
naquela época, era muito disputada pelos Munícipes que compareciam em massa a
Casa Leis, para assistirem as tumultuadas sessões, cujo centro das atenções e
dos debates nada mais era do que a desastrosa gestão de José Castilho.
Os
Vereadores da oposição tinham seus trabalhos facilitados pela péssima
administração municipal, sendo que em todas a sessões do Legislativo, vinham
munidos de denúncias, e com discursos inflamados, colocavam os Vereadores que
davam sustentação ao Prefeito em grande constrangimento. A Casa, no final do
mandato de Castilho, era Presidida pelo Vereador Jair Bernardes, que havia
sucedido Vilmar Carletto, ambos naquela ocasião, Vereadores situacionistas.
Foi
neste conturbado período que a Eleitores inconformados com os rumos da
administração pública e com o apoio da grande maioria dos Vereadores a José
Castilho, que a cidade acordara com uma placa pendurada em uma das paredes do
prédio da Câmara, onde estava escrito “aqui topa tudo por dinheiro”, fazendo
uma alusão ao programa dominical de Sílvio Santos, que tinha uma quadro em que
o apresentador distribuía cédulas aos expectadores, ligando isto ao fato dos
Vereadores Governistas, então comandada por Jair Bernardes manter apoio integral e irrestrito ao Prefeito
José Castilho.
Foi
neste período também que o Presidente da Casa o Vereador Jair Bernardes, teve
seu veículo uma “perua Kombi”, pichada por munícipes irresignados pela sua
postura, escrevendo em uma de suas laterais o termo “baú da felicidade”,
ligando-o diretamente aos protestos feitos com a colocação da placa no prédio
da Câmara.
É
preciso recordar ainda, que Vilmar Carletto, havia se consagrado Presidente nos
dois primeiros anos de Castilho, com o apoio da oposição, tendo posteriormente
mudado de postura, elegeu como seu sucessor o Vereador Jair Bernardes, que como
já visto, tinha o apoio do Paço Municipal. Foi na Presidência de Jair Bernardes
que fora dado início nas obras do novo Plenário da Câmara. Tem aí, um
importante fato a ser considerado, que até hoje se encontra inexplicável, é a
construção de uma obra pública sobre uma área pertencente particular. Até os
dias atuais (estamos no ano de 2011), o terreno onde fora edificado a Câmara
Municipal está em nome de terceiros, e não da Municipalidade ou mesmo da
própria Câmara.