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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Doze, o número que impõe respeito.


E o Luizão!!  Tempos passados, quando o Ginásio de Esporte ainda era no pátio da Igreja Católica, vez e outra ali acontecia algum baile, e, em um desses “rala bucho”1, estava lá o nosso amigo Luizão na entrada do salão, e quem sabe da história, diz que ele estava prá lá de “barrakech”.Tinha bebido todas e estava na fase do Leão. 
Fase do Leão?! Para quem não sabe que eu irei explicar! Segundo um ensinamento ou lenda Árabe, a ingestão da bebida alcoólica por algumas pessoas cria para ela, quando embriagada três fases, simbolizada por três animais: O macaco, o leão e o porco. Vejamos então: Na primeira, o indivíduo se torna irrequieto, saltitante, buliçoso, esta seria a fase do maçado; Na segunda, torna-se violento, brigão, agressivo (fase que atribui ao meu amigo Luizão) seria fase do Leão; Na terceira, sujo emporcalhado, roncando jogado no chão, seria a fase do porco.
Não se sabe qual o motivo começou uma briga entre aqueles que estavam fora do baile na frente do ginásio, e no meio do “barraco” nada mais nada menos do que o nosso amigo Luizão. Luizão valente como um Leão envolto em um tonel de aguardente mal parando em pé, tinha na cinta um revolver calibre trinta e dois, todo enferrujado e ainda com o cano completamente torto, municiado com apenas uma cápsula que talvez nem mais detonasse de tão velha e enferrujada. Porém estava ele com ela na cinta, e no meio do “empurra, empurra”, a empunhou ameaçando os seus desafetos, todo metido e valente como ele nunca fora.
Momento em seguida chega o Delegado de Policia Eduardo com o seu único e inseparável agente de Policia que atendia pelo nome de Palentino, e vendo toda aquela quizila, foi intervindo para colocar ordem no pedaço, eis que ele vê no meio dos brigões o Luizão com a arma em punho. E foi logo falando com seu vozeirão: “- Palentino, pega a doze o homê tá armado esta valente e é perigoso!!! “
Luizão escutando aquilo e junto palavra mágica, “doze”,  não pensou muito, saiu em disparada em direção a sua casa, vencendo os quarteirões e lotes baldios tomados pelo colonião indo esconder-se em um deles, onde hoje esta edificado a Igreja Nacional  sarando de imediato do porre e da valentia que antes o dominava.
Nos momentos de descontração, sempre que ele é lembrado desta passagem, ele repete que bastou escutar a palavra “doze” dita pelo Doutor Eduardo ao agente Policial Palentino para disparar seu extinto de sobrevivência, ou melhor, “cagaço” mesmo, indo dormir mais cedo para nunca mais andar armado. Rssss... 
1 Rala bucho, termo usado pelo caboclo em referência a festa com dança. O mesmo que baile.

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