Pavimentação Asfáltica – Lembranças e expectativas.
Desde há muito quando aqui cheguei ao Vale do Arinos, tenho visto a luta incessante do nosso sofrido povo pelo tão sonhado asfalto, pintando de negro nossa esburacada MT 338, ou simplesmente “Baiana”.
Nos idos de 1984, esta região pulsava com esta expectativa, veículos e máquinas da Andrade Gutierrez circulavam nas estradas empoeiradas da nossa região. Grandes clareiras eram abertas nas margens destas estradas onde de um dia para outro se edificavam os acampamentos dos operários da construtora. Casas para locar, principalmente em Porto dos Gaúchos, era uma loteria, quando não objeto de disputa entre os diversos interessados que aqui aportavam inflacionado o quase insignificante mercado locatício de então. Não havia moradias suficientes para abrigar as pessoas que estavam chegando trazidas pela construtora ou simplesmente outras em busca de trabalho ou de um futuro até então promissor.
O Banco do Brasil há mais tempo em Porto dos Gaúchos, vendo a deficiência em arrumar moradas para seus funcionários, saiu na frente, construindo duas ótimas e grandes casas para seus gerentes e uma série de pequenas mais também boas para os demais funcionários, e assim ia resolvendo-se o déficit habitacional de então.
Na nossa velha e conhecida “baiana”, as pontes já haviam sido edificadas em alvenaria, o leito carroçável da estrada levantado e devidamente cascalhado como exigia o projeto de engenharia da época. O Estado era Governado por Julio Campos, carinhosamente chamado por seus simpatizantes de “Julinho”. O Município de Porto era comandado por Jair Duarte e sua estridente gargalhada, esposo da atual Prefeita Carmem Lima Duarte, Novo Horizonte era simplesmente Distrito e Juara administrado por José Geraldo Riva.
A estrada da baiana vinha cortando a exuberante selva existente para encontrar-se com a MT 220 vindo de Sinop, juntos iam a Porto dos Gaúchos ligando Novo Horizonte do Norte e Juara. Nas proximidades de Porto dos Gaúchos onde hoje existe a ponte sobre o Rio Arinos, edificada em madeira, havia uma balsa que e levava de um lado para o outro do Rio os veículos da construtora e dos diversos transeuntes que por ali circulavam. Posteriormente mudaram-se o trajeto para como é hoje e quem perdeu foi o município Portenho.
Esta ligação era a continuidade da MT 220 que ligaria Porto dos Gaúchos a Juína, do outro lado do Rio, antigo Município de São José do Rio Claro, atualmente pertencente à Juara, as obras prosseguiam cortando a selva. Havia também acampamentos dos operários da Empreiteira Andrade Gutierrez, e tudo indicava que a estrada seria rasgada até encontrar o Município de Juína, porém repentinamente tudo parou. Houve um silêncio entristecedor, os acampamentos foram abandonados, veículos, máquinas e equipamentos da Construtora foram levados para outras regiões, e o Vale do Arinos, via sua esperança esvanecer na poeira do chamado período “da seca”, e no “das águas” lamas e atoleiros.
Passados estes 25 (vinte cinco) anos, muita coisa mudou. A pavimentação asfáltica vindo em sentido contrário e aos pedaços chegou a Porto dos Gaúchos. Juara em breve inaugura o trecho do seu acesso Ligando Juína e a capital do Estado. Já falam em pavimentar-se a MT 220 ligando o Vale do Arinos a Sinop, enquanto a nossa velha baiana (MT 338) vai sendo esquecida por todos.
Para nós moradores da região de Porto dos Gaúchos o acesso mais perto para capital do Estado seria por enquanto a MT 338. Custo a entender por que insistem tanto em pavimentar-se primeiramente a MT 220 (não que esta seja menos importante) e não a baiana. Teria outro acesso ainda muito mais perto não somente para nós portogauchenses como para todos habitantes do Vale Arinos, ligando-nos a Cuiabá, indo pela região do Postinho ou Catuaí, passando por Brianorte, Nova Maringá, São José do Rio Claro (desta cidade em diante já há pavimentação), Diamantino encontrando a BR 163 na região conhecida por “Posto Gil” para finalmente passando por dentro da cidade de Rosário do Oeste encontrar a estrada da Guia recém pavimentada e sem tráficos de veículos pesados e assim chegar-se a Cuiabá. Bem mais perto para se ir, só que ainda tem um considerável trecho de estradas não pavimentadas, apesar de atualmente estarem bem conservadas.
Hoje o cenário político da região é um pouco diferente do passado antes narrado. Blairo Maggi há oito anos passados era desconhecido do povo mato-grossense atualmente é Governador por dois mandatos, Julinho é Conselheiro do Tribunal de Contas, José Geraldo Riva é o nosso Deputado, Novo Horizonte do Norte é Município, Jair Duarte (a risada é a mesma) é esposo da Prefeita Carmem, e a Baiana está lá esperando para ser pintada de preto.
As eleições Presidenciais, Governadores, Deputados Estaduais e Federais e Senadores acontecem no ano vindouro (2010), vamos ficar espertos nos acertos de bastidores e nos compromissos que os candidatos terão com o nosso povo principalmente no que concerne a pavimentação da velha e conhecida “Estrada da Baiana”. Queremos andar pouco, com segurança e em menos tempo em direção a região Sul do País, onde se encontra o maior mercado consumidor Brasileiro.
Por quanto somente queremos o tão sonhado Asfalto, quiçá futuramente os trilhos de uma ferrovia. Sim por que não !?! Citando Barack Obama, “we cam”, ou seja, nós podemos.
Nilton Flávio Ribeiro (niltonflavioribeiro.blogspot.com)