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sábado, 28 de abril de 2012

FOI ASSIM QUE ME CONTARAM!!! (IV)


   Era o ano de 1932, entre os meses de julho a outubro, foi quando se desencadeou em São Paulo a  Revolução Constitucionalista, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista. Este foi um importante movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo cujo escopo era a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil. Era a resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891.
   Antes, ao contrário do que é hoje os Estados eram Governados por presidentes, e a Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente (atualmente governador) do estado de São Paulo Júlio Prestes na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís colocando fim à República Velha, invalidando a Constituição de 1891 e instaurando o Governo Provisório, chefiado pelo candidato derrotado das eleições de 1930, Getúlio Vargas. Era então a ditadura do populista Getúlio Vargas. (Fonte: Wikipédia)
   Atualmente, o dia 9 de julho, (feriado estadual) que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante para os Paulistas que eles costumam recordar com muito orgulho.  Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.
   Pois bem, o fato que irei narrar agora acontecera neste período de combate entre brasileiros. De um lado almejando uma Constituição estava São Paulo e de outro a Federação comandada pelo então Presidente e Ditador Getúlio Vargas.
   Os revolucionários constitucionalistas eram formados pelo próprio povo Paulista, que ia desde a Capital até os mais remotos rincões interioranos. Foi no interior que se passou esse fato, que os historiadores oficiais não contam e nem mesmo sabem se realmente acontecera, porém nas noites mal iluminadas dos Sítios e Fazendas do Sertão Paulista de antigamente, era contada orgulhosamente pelos mais velhos.
   Na região de Salto Grande no interior Paulista, dois revolucionários receberam ordens do comando, para guardar a divisa dos Estados de São Paulo com Paraná, onde haveria certa vulnerabilidade, pois o Rio Paranapanema que demarca os dois estados naquela região era muito estreito facilitando assim sua travessia.
   Dois homens foram designados para montar guarda, um era o famoso Zé Borba que posteriormente se transformaria em um conhecidíssimo Pistoleiro e o outro era conhecido por Manezinho. Ambos foram cumprir suas ordens, e em certa ocasião quase no romper da aurora no lusco fusco do amanhecer agravado por uma fina neblina que se emanava do leito do Paranapanema cobrindo quase totalmente suas margens,  perceberam uma movimentação vinda do outro lado do Rio. Zé Borba e Manezinho aquietaram-se e passaram a observar, e logo concluíram que era uma Patrulha avançada Federalista, que faziam o reconhecimento daquela região já com o propósito de invadir o território Paulista. 
   Os Revolucionários então perceberam que canoas foram atiradas na água e um grupo aproximado de dez a vinte Federalistas, iniciaram a silenciosa travessia, mal se podia ouvir o ruído dos remos que impulsionavam as pequenas embarcações em direção aos Constitucionalistas que com suas armas em punho e acobertados pela neblina, já os tinham sobre mira.
   Quando as embarcações já passavam do meio do rio, os Revolucionários abriram fogo com violência contra os Federalistas, que aos poucos se atiravam na água tingindo-a de vermelha.
   Ao abaixar da fumaça dos disparos os Revolucionários  se puseram de pé e viram que um dos soldados da federação rodava rio abaixo ainda vivo, imediatamente embarcaram em uma canoa que haviam escondidos sob a vegetação ciliar, e navegaram de encontro ao ferido.
   Ao aproximar do único até então sobrevivente daquela emboscada, Zé Borba lhe estendera a mão, como se lhe oferecesse ajuda, e quando o federalista ferido a agarrou, Zé Borba o trouxe próximo à embarcação, e desembainhou seu punhal  e o enfiou no vazio do pescoço do moribundo, completando assim sua missão.
   Contam os antigos, que ambos foram condecorados como heróis revolucionários. Se há verdade neste acontecimento não sei, mas foi assim que me contaram.

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