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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Para refletir.


A histórica e desnecessária disputa hegemônica(1) entre Porto dos Gaúchos e Juara tem trazido grande transtorno principalmente ao núcleo portogauchense. Desde há muito tempo, tenho notado que existe por parte dos cidadãos (nem todos) destes dois municípios um acentuado bairrismo cuja origem está fincada nos erros acontecidos lá no passado.
Este bairrismo vem disfarçado nas relações cotidianas entre os dois povos, porém vez o outra aflora de uma forma incômoda e irritante. Eu mesmo já presenciei alguns comentários preconceituosos quanto a existência da Comarca em nosso Município, Em uma ocasião vi alguns advogados insinuar a necessidade de extinguir-se a Comarca de Porto dos Gaúchos abrindo-se mais uma Vara na Comarca de Juara para absorver os processos oriundos da Comarca extinta. Só estou mencionando tal ocorrido para justificar o bairrismo imperante de alguns seguimentos de ambos municípios.
Em uma outra ocasião, um cidadão local me falara, que estando em Juara resolveu comprar uns materiais em uma papelaria  local, e quando sacou do talão de cheques para o pagamento de sua compra, a dona da loja já foi logo dizendo, que se fosse cheque da praça de Porto dos Gaúchos, não aceitaria, pedindo que ele deixasse a compra ali que não havia interesse na venda. Talvez a comerciante agira daquela forma por ter recebido algum cheque sem fundos de algum morador desta urbe, porém não haveria motivos para generalizar incluindo em seu rol de repúdio toda uma população.
Acredito, como dito no princípio desta colocação, que esta manifestação preconceituosa tenha surgido no princípio da colonização de ambos Municípios. Alguns moradores de Juara, quiçá sofrendo algum tipo de discriminação aqui, criaram um preconceito muito grande pelo local a ponto de desencadear uma incessante contra propaganda pela cidade portenha. Também pude comprovar isso quando cheguei nesta região, e narro esta situação um ensaio histórico que pretendo deixar registrado para as gerações vindouras.
Porém acho que esta manifestação bairrista, não generalizada é mais acentuada pelo lado juarense do que portogauchense, e eu já irei explicar porque cheguei a esta conclusão.
Vejam bem, os portogauchenses são grandes consumidores do comércio Juarense, nem sempre pelo preço, mas somente pelo status de se comprar em um centro maior. E isto não é somente pelos gêneros de consumo geral como também de serviços em todos os sentidos.
Com a pavimentação asfáltica entre ambos municípios, esta incessante corrida de consumidores portogauchenses para Juara ficou mais freqüente, trazendo de uma forma ou de outra uma grande evasão de riquezas que de uma forma direta prejudica o já combalido comércio do município ribeirinho.
Um antigo Prefeito de Porto dos Gaúchos me dissera, que por ocasião de sua gestão, esteve em contato com alguns empresários juarenses para tentar convencê-los a instalar em Porto dos Gaúchos uma filial de seus estabelecimentos. A resposta destes empresários foram de não haver porque ter novas despesas de instalação em Porto dos Gaúchos, já que o povo potogauchense sempre comprou e continuaria vindo e comprando em Juara. Olhando por este aspecto ele não deixa de ter razão.
Ontem quando conversava com uns amigos meus, comerciantes locais, eles enumeraram alguns profissionais, que recebem dos cofres públicos municipais, mas optaram por residir na vizinha cidade de Juara. São vários profissionais que vivem do erário público municipal, porém ao receber os seus salários correm investir e consumir na vizinha e progressiva urbe juarense. Em fim são cidadãos de Juara que mesmo ganhando seu dinheiro aqui em Porto dos Gaúchos não trocam o seu status de juarense, e isto é admirável no povo daquela cidade, ao contrário dos portogauchense que nunca valorizam sua terrinha, e continuam acreditando que santo de casa não faz milagre (eu é quem diga!).
Um dia no passado, um importante empresário Juarense, me falara o que precisava acontecer em Porto dos Gaúchos para a cidade desenvolver, era que as terras aqui localizadas trocassem de mão. Na ocasião cheguei até dar razão para o empresário, concordando que se as terras trocassem de proprietários o desenvolvimento tão almejado viria com os novos donos.
Hoje já não penso mais assim, pois ao analisar as diversas propriedades rurais, chega-se a conclusão que grande parte de seus proprietários residem em outras cidades da região, como Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e principalmente Juara. E todas as áreas de terras recentemente negociadas, foram vendidas para proprietários ou empresas que não tem intenção nenhuma de investir na sede do município cujos proprietários mantém suas residências na cidade de origem.
Para nós portogauchenses só resta uma alternativa, ou seja, mudar nosso comportamento cultural e se esforçar para consumir no comércio local, prestigiar os serviços aqui instalados, que geram empregos e investimentos local, por mais singelos que estes sejam. Os comerciantes e empresários também precisam fazer sua parte, conversando com os clientes, pesquisando o mercado a fim de sempre melhorar ao atendimento, receber bem o turista e etc... pois o mundo capitalista é concorrido e disputado e quem parar no tempo perde o carro da história.
Somos um só povo, portogauchenses e juarenses e temos que aprender que juntos podemos melhorar ainda mais o Vale do Arinos, isto é, se esquecermos nossas diferenças e as cicatrizes das feridas do passado. Somente assim poderemos desfrutar de uma constante prosperidade, pois caso contrário estaremos predestinados a viver recôndito em um lugar de acentuada insignificância, perdidos em preconceitos e em eterna mediocridade. A exemplo disso é a pavimentação asfáltica da MT 338 (Baiana), se cada um ignorar a necessidade de outro, tenho certeza que esta ficará com os buracos e a poeira de sempre.
 1. Relativo a hegemonia,  que signfica prepoderância política; superioridade; domínio.

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