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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ZÉ BORBA.


Para mim ainda menino nos idos de 1970, quando ouvia falar do velho pistoleiro, tinha nele uma imagem de um gigante vestido de preto portando duas pistolas em seu coldre ao estilo dos “cowboys” do velho oeste americano. O velho Borba lenda ou realidade era temido por todos naquela região de Assis, como um homem hábil no seu ofício de matar como era divulgada de boca em boca nos botecos e nas conversas de portão muito usual naquele tempo.
Um dos fatos atribuídos a ele e que foram relatados, é que uma noite o velho pistoleiro, decerto vindo de algum “puteiro” qualquer, mal parando em pé dos “gorós” que havia tomado, entrara com seu burro em uma praça de Assis, para dar água ao seu animal em um chafariz edificado bem no centro daquele jardim.
O guarda vendo aquilo, e sem conhecer o velho e temido pistoleiro, veio a ter com ele reinando para que este saísse imediatamente dali, por ser proibida a permanência de um animal. Borba não levou muito em consideração as exigências do guarda praça, e já foi logo retrucando, dizendo que não iria sair e não tinha homem que o fizesse a sair da praça enquanto seu velho burro não saciasse sua sede.
O trôpego pistoleiro, em seguida virou-se do lado frente a um arbusto de planta ornamental existente próximo ao chafariz e pôs-se a urinar como se a conversa  não fosse com ele. O Guarda praça, vendo aquela cena e entendendo que era uma afronta a sua “autoridade”, partiu para cima do velho e lhe deu uma grande sova obrigando que este se retirasse da praça. O Velho e bêbado pistoleiro, deixou a praça e montando em sua animália partiu em direção aos arrabaldes sumindo assim na escuridão da noite.
Na manhã seguinte, o Guarda praça ao relatar o incidente com os seus conhecidos, veio a descobrir que o bêbado que ele forçara a sair da praça era nada mais nada menos que o temível pistoleiro conhecido como “Zé Borba”.
Contam desde então que o guarda praça nunca mais retornou ao seu serviço e partiu em mudança para outra região temendo que o velho pistoleiro ali retornasse para cobrar o corretivo que havia levado naquela noite.
Anos mais tarde, encarregado pelo meu irmão de entregar um cavalo que estava em nossa propriedade localizada próxima a Cardoso de Almeida, localidade existente entre Assis e Paraguaçu Pta., acompanhei dois senhores em uma camionete até lá. Um dos que estavam comigo eu já conhecia, o outro era um senhor franzino com aproximadamente uns sessenta e cinco anos de idade que se sentava ao meio do banco do veículo deixando a porta para mim que iria abrir as porteiras.
Olhando o seu perfil reparei que o velho tinha as orelhas peludas e raramente me encarava quando me dirigia a palavra. Ao chegar ao sítio embarcamos o animal na gaiola da camionete, e quando estávamos retornando conversávamos sobre armas, foi quando aquele simpático velhinho sacou de baixo da camisa um revolver calibre 22 com cano longo e com o ar de deboche me disse que apesar do tamanho da munição era uma arma letal nas mãos de quem entendesse da arte. Foi quando conheci o famoso e temido pistoleiro de outrora, que apesar da idade ainda mantinha sua ferramenta de trabalho bem próximo do seu corpo.
Fiquei sabendo que Zé Borba morreu velho na cidade de Tarumã próxima de Assis levando com ele para o túmulo sua história e os segredos de seus crimes.

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