Naquela tarde, eu e minha mulher seguíamos em direção ao açude
existente em minha Fazenda. Estávamos tentando preencher a lacuna em nossas
vidas deixada pela ida das filhas para estudarem em Cuiabá. Agora éramos só nós
dois e os dois cachorros denominados Niki e Jasper.
Descemos a estrada junto a cerca do piquete dos
cabritos e ovinos conversando como sempre fazíamos tentando imaginar como as
filhas estariam se virando na Capital do Estado.
Os cães corriam de um lado para o outro farejando as
pastagens. Vez o outra levantavam um calango verde, que com o rabo erguido
disparava em busca de sua toca procurando fugir dos cachorros.
Os cachorros corriam atrás do lagarto, para em
seguida perderem o interesse e prosseguir farejando. Vez e outra davam de cara
com uma rês ou com um cabrito fujão, e lá se iam em grande “carrerão”[1] e
latidos incessantes, até afugenta-los para longe daquele local.
O jasper um mestiço “hottweiley” cujas presas era de
colocar medo em qualquer um. O niki o outro, um autêntico “dachshund”,
vulgarmente chamado de “linguiça” ou “Cofap” saltitava junto entre as moitas do
“brizantão” em sua inútil tentativa de seguir o maior. Eu e minha esposa nos
divertíamos vendo os cães em suas correrias de um lado para outro.
Ambos não nos perdiam de vista, corriam e retornavam
para ficar em nosso redor e assim volta e meia receber um afago que eu lhes
fazia com a costa do inseparável facão que costumo carregar quando ando de um lado
para outro na fazenda.
Quando íamos nos aproximando do açude, localizado aproximadamente
uns quatrocentos metros da casa da sede, ouvi um rosnado esquisito que mais
parecia um som de animal engasgado. Olhei e eis que vi, o Jasper olhando
fixamente para baixo onde havia um “lobete”[2]
que acabara de cometer o último erro de sua vida em tentar intimidar o meu cão
com aquele horrível rosnado.
O Jasper fixava o “lobete” e volta e meia olhava
para eu que caminhava vagarosamente pela estradinha, esperando a ordem de
comando. Gritei para o cão: _Pega Jasper!!!
Momento em seguida cão abocanhou o “lobete” com suas
fortes mandíbulas para chacoalhar lhe violentamente. De longe até parecia que
este estava com um pano preto na boca e em seguida largando sua presa sem vida
no chão.
Ao fazer isto o fiel cão olhou com orgulho de sua
feita e prosseguiu sua ida em direção ás águas do açude onde costumava nadar.
Niki vendo aquilo correu em direção ao “lobete” jaz sem vida para também dar
suas mordidas como se tivesse participado do feito olhando em seguida para nós
talvez em busca de um elogio.
Tanto o Jasper e o Niki já não existem mais, porém, nunca
me esquecerei desta cena, que ficará gravado em minha memória por toda minha
existência.
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