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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Nunca mais esquecerei.



   Naquela tarde,  eu e minha mulher seguíamos em direção ao açude existente em minha Fazenda. Estávamos tentando preencher a lacuna em nossas vidas deixada pela ida das filhas para estudarem em Cuiabá. Agora éramos só nós dois e os dois cachorros denominados Niki e  Jasper.

   Descemos a estrada junto a cerca do piquete dos cabritos e ovinos conversando como sempre fazíamos tentando imaginar como as filhas estariam se virando na Capital do Estado.

   Os cães corriam de um lado para o outro farejando as pastagens. Vez o outra levantavam um calango verde, que com o rabo erguido disparava em busca de sua toca procurando fugir dos cachorros.

   Os cachorros corriam atrás do lagarto, para em seguida perderem o interesse e prosseguir farejando. Vez e outra davam de cara com uma rês ou com um cabrito fujão, e lá se iam em grande “carrerão”[1] e latidos incessantes, até afugenta-los para longe daquele local.

   O jasper um mestiço “hottweiley” cujas presas era de colocar medo em qualquer um. O niki o outro, um autêntico “dachshund”, vulgarmente chamado de “linguiça” ou “Cofap” saltitava junto entre as moitas do “brizantão” em sua inútil tentativa de seguir o maior. Eu e minha esposa nos divertíamos vendo os cães em suas correrias de um lado para outro.

   Ambos não nos perdiam de vista, corriam e retornavam para ficar em nosso redor e assim volta e meia receber um afago que eu lhes fazia com a costa do inseparável facão que costumo carregar quando ando de um lado para outro na fazenda.

  Quando íamos nos aproximando do açude, localizado aproximadamente uns quatrocentos metros da casa da sede, ouvi um rosnado esquisito que mais parecia um som de animal engasgado. Olhei e eis que vi, o Jasper olhando fixamente para baixo onde havia um “lobete”[2] que acabara de cometer o último erro de sua vida em tentar intimidar o meu cão com aquele horrível rosnado.

   O Jasper fixava o “lobete” e volta e meia olhava para eu que caminhava vagarosamente pela estradinha, esperando a ordem de comando. Gritei para o cão: _Pega Jasper!!!

   Momento em seguida cão abocanhou o “lobete” com suas fortes mandíbulas para chacoalhar lhe violentamente. De longe até parecia que este estava com um pano preto na boca e em seguida largando sua presa sem vida no chão.

   Ao fazer isto o fiel cão olhou com orgulho de sua feita e prosseguiu sua ida em direção ás águas do açude onde costumava nadar. Niki vendo aquilo correu em direção ao “lobete” jaz sem vida para também dar suas mordidas como se tivesse participado do feito olhando em seguida para nós talvez em busca de um elogio.

   Tanto o Jasper e o Niki já não existem mais, porém, nunca me esquecerei desta cena, que ficará gravado em minha memória por toda minha existência.




[1] Grande e instantânea corrida..
[2] Pequeno cachorro do mato, habitante das florestas brasileiras.

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