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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Lucy e o golpe.



  O golpe do bilhete premiado é um dos mais antigos golpes criados para pegar otários, que se acham espertos demais e intencionam tirar proveito de uma situação.

  Neste tipo de golpe, geralmente caem aquelas pessoas, que estão pretendendo ganhar dinheiro fácil, e acabam sendo vítimas da própria ganancia.

  Pois bem, recentemente tomei conhecimento que este golpe ainda acontece com frequência, e os espertalhões montam um verdadeiro palco teatral cujo objetivo é pegar os incautos e gananciosos otários.

  O fato que buscarei contar, aconteceu em Assis Estado de São Paulo e envolveu uma pessoa muito conhecida minha. Usarei o nome fictício de “Lucy”, para não declinar o seu verdadeiro, quando eu for referir-me a ela.

  Lucy havia chegado de viagem, e estava em frente da casa de uma conhecida sua, quando fora abordada por uma mulher, trajando roupas simples e com sotaque roceiro, cujo propósito evidentemente era mostrar simplicidade e principalmente ingenuidade para suas vítimas.

  A esperta caipira, abordou Lucy, com um endereço marcado em um pedaço de papel, e quando esta respondia a ela, que não conhecia o endereço, apareceu uma segunda pessoa, que logo foi abordada pela caipira, dando início ao golpe arquitetado. Evidentemente que Lucy não esperava que a terceira mulher que entrava em cena era coadjuvante do golpe que ela iria levar. 

  Foi quando a caipira, iniciou uma conversa mostrando as demais que era detentora de um bilhete de loteria premiado, que estava procurando aquele endereço para contatar uma determinada pessoa que, segundo ela, iria ajuda-la e receber o suposto prêmio.

Incentivado pela outra, Lucy viu naquilo uma oportunidade de ganhar uma graninha extra, sem qualquer esforço, e, decerto dentro de sua mente gananciosa com tal possibilidade, foi dando corda a conversa, sem perceber que de fato estava sendo preparada para o abate.

  Lucy ao narrar o fato, dizia que ficara com dó daquela pobre caipira, e receosa que esta fosse passada para trás, com toda aquela grana provinda do falso prêmio da loteria.

  E assim, de olho em parte daquele prêmio lotérico, resolveu associar-se com a outra golpista, para juntas aproveitar daquela ingênua caipira, que dirigindo a palavrar queria “creditar” nelas. Com o linguajar roceiro, a falsa caipira e sua comparsa, fora envolvendo Lucy de forma eficaz, despertando nela o interesse ganancioso do lucro fácil.

  A todo tempo que estivera com as estranhas, (por quatro horas ou mais), a comparsa da caipirinha, demonstrando preocupação com a possibilidade da falsa matuta ser passada para trás, fizeram ela as vezes de benfeitores, evidentemente de olho no prêmio do falso bilhete,

  Segundo Lucy, a caipira exigira que ambas, demonstrassem terem recursos para adquirir o bilhete, repetindo sempre, que queria “creditar” nelas. Foi quando a segunda golpista, afirmou que possuía em sua conta corrente, uma determinada quantia em dinheiro, pedindo que fosse levada até o banco para sacar o numerário e mostrar para a primeira que tinha como garantir em parte o prêmio do bilhete premiado.

  Enquanto Lucy e a caipira esperava no veículo, aquela segunda golpista, entrou no banco e saiu com uma considerável quantia em dinheiro, entrando no veículo abriu a bolsa e exibiu um maço de notas graúdas. Com aquele ato, evidentemente forjado, convenceram Lucy de ir em seu banco e sacar uma determinada quantia em espécie para juntas convencerem a caipira que tinha dinheiro para garantir parcialmente o falso prêmio.

  Em uma altura do engodo, a caipira forjou desistir do acordo e deixou repentinamente o veículo, forçando Lucy a segui-la convencendo a retornar para o interno do carro, deixando a bolsa com o numerário que sacara do banco, juntamente com a segunda golpista, que evidentemente se apossou daquele montante.

  Sei que Lucy se quer soube explicar o que havia acontecido, de como ocorreu o desfecho do golpe, somente dizendo que ficou sem o dinheiro, e dos presentes que trouxera de viagem para presentear suas amigas, que se encontravam no porta malas.

  Em resumo, há de se concluir, que Lucy fora vítima de sua própria ganancia, talvez por achar que ela e a comparsa da golpista, iriam passar a humilde caipirinha roceira, portadora de um robusto prêmio de loteria. Vale o velho adágio popular, “quem tudo quer, nada tem”.

  O mais hilariante de tudo isto, é que toda ocasião que Lucy conta sua versão do golpe, é interrompida com um peculiar adjetivo: “Buuurraaaaa!!!!....”

  É importante esclarecer, como dito inicialmente, o golpe do bilhete premiado vem sendo aplicado a muito tempo, desde os primórdios da criação das loterias em nosso país, como vem narrado no blogue denominado “MONITOR DAS FRAUDES”   (www.fraudes.org.com), do qual tomo a liberdade de transcrever na íntegra.
“Este é sem dúvida um dos golpes mais tradicionais e antigos do Brasil. Segundo algumas fontes os primeiros casos remontam até os anos quarenta.
Recebi literalmente dezenas de denúncias de vítimas deste tipo de fraudes. O roteiro clássico é o seguinte: O golpista, com jeito de caipira pouco esperto ou de pessoa humilde, pede informações sobre o endereço de uma agência da Caixa Econômica Federal dizendo que é para receber um prêmio de loteria ou outro sorteio.
As vítimas típicas são pessoas idosas, às quais é mostrado o bilhete premiado (forjado ou falso), juntamente com um documento da Caixa Econômica Federal (também falso ou forjado) constando o número do bilhete premiado e o valor do prêmio.
Se for concurso tipo "mega sena" será mostrado um comprovante dos números sorteados (verdadeiro ou falso) e um falso bilhete com aposta nos mesmos números.
Às vezes eles apresentam um verdadeiro bilhete com aposta nos números ganhadores de um concurso anterior (veja exemplo abaixo), e um comprovante dos números sorteados naquele concurso, contando com a falta de atenção da vítima quanto ao número do concurso.
Em alguns casos o bilhete é forjado com o número de um bilhete que realmente ganhou, assim o documento para comprovar o sorteio não precisa ser falsificado (pode ser um jornal).

A caminho da Caixa Econômica, e depois de muita conversa, o golpista propõe à vítima de lhe vender o bilhete premiado por uma fração do seu valor.
Em alternativa poderá apresentar a proposta como um pedido de ajuda para resolver problemas. Ajuda na qual a vítima supostamente sairia ganhando. Para justificar a generosa oferta dirá que tem pressa porque o ônibus para sua cidade parte em 15 minutos, que esqueceu ou perdeu os documentos (e não pode retirar o prêmio), que está desorientado com a burocracia ou com a "cidade grande", que é analfabeto, que tem alguém esperando ele, que a mãe dele está no hospital etc...

Se a vítima cair nesta conversa sacará o dinheiro da própria conta bancária e o entregará ao golpista em troca de um bilhete que não vale nada. Existem casos onde o golpista, em vez de dinheiro (que pode não estar disponível na conta da vítima), aceita valores como jóias etc...

Existem variantes onde, para pressionar ou incentivar a vítima a ir sacar seu dinheiro no banco, no meio da conversa com o golpista que oferece o bilhete, aparece um comparsa se dizendo pronto a comprar o bilhete (aí a vítima pode achar que está perdendo um bom negócio), ou se oferecendo como sócio da vítima na compra do bilhete e mostrando parte do dinheiro necessário, ou ainda, prestativo, ajuda, ligando com o seu celular, a verificar que o bilhete é mesmo "premiado" !! (sic).”
  Lucy não foi a primeira e nem será a última a cair neste antigo golpe, então, fica aí um alerta, cuidado com os golpistas, e lembrem-se, do velho adágio popular, “quem tudo quer nada tem”.